Compreendendo Valores Tonais e a importância do Contraste – Ctrl+Alt+N

Contraste é um termo que se aplica a vários aspectos do Cinema: relações de contraste com a iluminação, ajustes de contraste no software de correção de cores, contraste em cores, contraste em formas de composição – a lista continua -, mas, principalmente, o contraste se refere ao tom.

O que é o contraste?

Você já configurou uma cena, mas achou que faltava alguma coisa da própria imagem? Ou voltou de um dia de filmagem e percebeu que as cenas não ficaram boas? Parece tedioso, mesmo que tenha filmado com uma ótima câmera; parece simples e se este for o caso, é mais do que provável que sua cena não tenha contraste.

Quando os cineastas falam sobre contraste, se referem à variedade tonal da imagem. O contraste é simplesmente diferença, e em filmes, o contraste geralmente é aludido ao tom; e o tom denota o brilho dos objetos. Abaixo está uma escala de cinza muito básica, e com ela podemos medir o tom.

Se você subir ou descer a escala de cinza e comparar dois tons de cinza vizinhos um do outro, eles têm muito pouco contraste.

No entanto, se você comparar os tons mais sombrios e mais claros, percebe-se um forte contraste.

Podemos perceber o contraste quando tons de valores opostos estão próximos uns dos outros. Por outro lado, se tons de valor semelhante estão próximos uns dos outros, vemos afinidade (similaridade). Se houver uma grande diferença entre o valor tonal, o contraste é alto. Se houver uma pequena diferença, é baixo.

Como Bruce Block afirma emThe Visual Story: Creating the Visual Structure of Film, TV and Digital Media:

“O Princípio do Contraste e Afinidade indica o seguinte: quanto maior o contraste em um componente visual, mais a intensidade visual ou dinâmica aumenta. Quanto maior a afinidade em um componente visual, mais a intensidade visual ou dinâmica diminui.

Contraste = Maior intensidade visual.
Afinidade = Intensidade visual menor.”


Em um mundo ideal, é preferível ter um alto contraste em cenas para tornar as imagens mais vívidas. Vejamos isso na prática com duas séries de TV recentes.

Nessa cena de Hannibal, percebe-se um alto contraste. O tom mais escuro é completamente preto e o tom mais leve é cinza claro. Ambos os tons estão distantes na escala de cinza e, como resultado, temos uma imagem com alto contraste.

No entanto, nessa cena de The Killing, há pouca variação tonal. O tom mais escuro é um preto leitoso, e o tom mais leve é um cinza turvo.

Se compararmos as duas cenas já coloridas, vemos qual chama mais a atenção.

É importante notar, no entanto, que há momentos em que o baixo contraste serve para a história e produção. The Killing, por exemplo, é uma série muito sombria que lida com temas densos – e nesse caso, o baixo contraste aumenta a impressão de “mundo sombrio” que os cineastas estão criando. Hannibal, por outro lado, é uma produção muito estilizada, e o alto contraste serve como direção artística.

Notemos que, para medir o tom, converti as duas imagens em degradê de cinza. Se você deseja avaliar sua escala tonal com mais precisão, tire uma foto em preto e branco ou mude o LCD para monocromático. Ao fazê-lo, poderá avaliar melhor seu contraste.


Considerações finais

Vivemos em um mundo de perfis LOG e processamento RAW, por isso é fácil assumir que o contraste perfeito é adquirido em pós-produção. Mas, na realidade, é preciso considerar como trabalhar com valores tonais antes que a câmera tenha começado a rodar (isto é, onde o contraste entra em jogo com a iluminação ). O contraste ajudará com a separação tonal, que é uma das maneiras pelas quais o público percebe a profundidade. Objetos mais claros aparecerão mais próximos, e objetos mais escuros parecerão mais distantes.

A falta de contraste é um dos motivos de imagens parecerem “lavadas” e rasas. Pode não haver nada inerentemente errado nelas, mas provavelmente não têm diferença tonal.


Fonte – The Beat – Traduzido do original “Understanding Tonal Values and the Importance of Contrast”, por Lewis McGregor

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