Tenho uma paixão por coisas experimentais; músicas, filmes, séries, quadrinhos, desenhos, pinturas e etc. Tudo que é experimental me enche os olhos por saber que é algo genuíno de quem produziu, um risco que se permitiu correr e uma certa rebeldia de ir contra o mainstream.
Quando damos de cara com alguma obra muito diferentona, a primeira sensação que temos é de confusão e isso pode acabar afastando algumas pessoas, mas as vezes tudo o que a gente precisa é justamente sair da zona de conforto e explorar o desconhecido. Estar nesse movimento de sempre procurar coisas que saem do padrão pode te ajudar a encontrar soluções mais criativas praquele seu projeto estagnado, por exemplo. Além de ser um grande diferencial na indústria.
Porém, sabemos que na nossa área produzimos muitas peças comerciais “genéricas”, não é sempre que pegamos algum trabalho que podemos ter a liberdade de nos aventurarmos fora da caixinha. Seguimos a trend do momento e no final todas as peças acabam ficando muito parecidas.
Estar por dentro das tendências do mercado e ver mídias populares é extremamente útil pro seu repertório, mas que tal também consumir algo que vai além do que costumamos ver por aí?
Houve uma época que até no mainstream o experimental estava em alta. Lá nos anos 90, com o desenvolvimento da tecnologia e a inovação das mídias, surgiram novos hábitos de consumo e assim, novos meios de se fazer propaganda. Um grande exemplo disso foram as famigeradas vinhetas da MTV, que exploravam diversas técnicas do motion design, stop motion, frame a frame e edições rápidas com cortes abruptos. No mercado publicitário havia uma grande liberdade criativa que hoje em dia quase não se tem e pra uma pessoa criativa, isso pode se tornar angustiante.
Quando sinto que estou fazendo mais do mesmo no trabalho, sempre tenho em mente algum projeto autoral. É onde posso externalizar toda essa criatividade reprimida, não ter medo de experimentar técnicas e ideias mais abstratas e expressar minha individualidade.
Ok, mas como sair da caixinha? Aqui vai algumas dicas que me ajudaram muito nesse processo de descoberta.
Consuma obras de artistas independentes
Só de não pertencerem à grandes empresas e passarem por esse processo de “marketização”, os artistas independentes se sentem mais livres pra criar e se arriscar.
Se você gosta de jogos, aconselho acompanhar publicadoras de jogos indies (Annapurna, Devolver, Tinybuild). Se o seu lance são quadrinhos, o TAPAS é um ótimo lugar pra encontrar quadrinistas independentes ao redor do mundo.
Tem milhares de filmes e animações com uma estética diferenciada. Gosto de acompanhar blogs sobre animação independente assim como a Animation Obsessive, Zippy Frames e vale a pena olhar a plataforma de streaming Fiyah.
Veja o que você consome com um olhar crítico
Sempre que possível comece a observar melhor as mídias que você consome. No final de cada filme por exemplo, aponte o que você gostou e o porquê você gostou. É sempre bom também compartilhar opiniões com seus amigos e debater sobre o filme, isso vai te ajudar a se abrir pra diferentes pontos de vista. Seja curioso e busque pelo processo de criação, de lá você pode tirar várias inspirações e sacadas que nunca imaginaria.
Procure artistas, animadores, diretores de outros países
A animação vai muito além da Disney. Há diversos artistas incríveis espalhados pelo mundo, mostrando suas vivências e culturas na obra em que produzem.
A conta EasternOoc no twitter é ótimo pra você encontrar animações do Leste Europeu, cada uma mais fantástica que a outra. Já o blog Sakugabooru é mais focado na animação japonesa.
Seu hobby como fonte criativa
Seus hobbies, apesar de servirem pra distrair a cabeça e sair das tarefas chatas rotineiras, também podem se tornar uma fonte pra sua criatividade.
Quando me propus a tentar um hobby novo e comecei a andar de skate, isso inspirou tanto que me influenciou a fazer uma animação de uma personagem dando um kickflip.
Ao fazer essa animação pude desenvolver melhor minha habilidade de observação, praticar animação de personagem e de quebra quando buscava referências conheci vários artistas maravilhosos.
Percebi que só de aceitar a fazer algo diferente, fez com que eu tivesse mais confiança de sair da caixinha e isso transpareceu futuramente no meu trabalho.
Por fim, faço um convite de sairem da zona de conforto e conhecerem algo novo essa semana, seja ela qualquer coisa!