Daniel CavalcantiO ano começou turbulento para o Midjourney, e a lista vazada de artistas que a empresa utilizou para treinar seu programa de inteligência artificial generativa.
Mais de 16 mil artistas na lista
Antes de tudo, uma significativa violação de dados colocou o programa de IA da Midjourney sob os holofotes, revelando o uso não autorizado de obras de mais de 16 mil artistas. Desse modo, esse incidente desencadeou intensos debates sobre práticas legais e éticas no desenvolvimento de IA.
A questão central: a IA da Midjourney, treinada em uma ampla variedade de obras de arte, parece ter infringido os direitos autorais dos artistas, resultando dessa forma em uma ação coletiva e uma reavaliação dos limites entre avanço tecnológico e direitos criativos.
A lista de 24 páginas de nomes de artistas usados pela Midjourney inclui nomes modernos e contemporâneos de destaque. Além disso tem ilustradores comercialmente bem-sucedidos para empresas como Hasbro e Nintendo. Artistas notáveis incluem Cy Twombly, Andy Warhol, Anish Kapoor, Yayoi Kusama, Gerhard Richter, Frida Kahlo, Ellsworth Kelly, Damien Hirst, Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Paul Signac, Norman Rockwell, Paul Cézanne, Banksy, Walt Disney e Vincent van Gogh.
Copiar e esconder
Em uma série de postagens no X, o artista Jon Lam (artista da Riot Games) compartilhou capturas de tela de um chat. Nele, desenvolvedores da Midjourney supostamente discutem o pré-carregamento de nomes de artistas e estilos no programa a partir da Wikipedia e de outras fontes.
Dessa forma, eles garantem que o trabalho de artistas selecionados estaria disponível para imitação e material de referência para a criação de imagens. Uma captura de tela apresenta uma postagem do CEO da Midjourney, David Holz, onde ele recebe a adição de 16 mil artistas ao treinamento do programa.
Além disso, outra captura contém uma mensagem na qual um membro do chat aborda sarcasticamente a questão dos direitos autorais. Ele diz: “tudo que você precisa fazer é usar esses conjuntos de dados coletados e convenientemente esquecer o que você usou para treinar o modelo. Pronto, problemas legais resolvidos para sempre”. (Quatro membros do grupo responderam a isso com um entusiástico emoji “100”).
Como isso afeta o processo?
Primeiramente, em setembro passado, a Junta de Revisão de Direitos Autorais dos EUA decidiu que uma imagem gerada usando o software da Midjourney não poderia ser protegida por direitos autorais devido à forma como foi produzida. A imagem de Jason M. Allen havia conquistado o prêmio máximo de US$ 750 na categoria de arte digital na Feira Estadual do Colorado em 2022. A vitória se tornou viral online, mas gerou intensa preocupação e ansiedade entre os artistas sobre o futuro de suas carreiras.
A lista de 16 mil artistas foi incluída como parte de uma emenda à queixa de ação coletiva e a apresentação de 455 páginas de evidências suplementares foi protocolada. A emenda foi apresentada após um juiz em um tribunal federal da Califórnia rejeitar várias alegações em 30 de outubro.
Além disso, a União Europeia lidera as discussões sobre a utilização geral de IAs. Você pode acompanhar mais nesse post aqui. Caso queira entender mais sobre as discussões éticas e o treinamento de programas de geração de imagens, você encontra aqui.
Curtiu o post? Então saca só como outras empresas estão usando a IA para produzir animações a partir de imagens estáticas.
Boa semana!
Daniel desligando.