Parece existir uma percepção do público geral, de pessoas que trabalham na área, que o objetivo final de quem trabalha com motion seria abrir um estúdio. A verdade é que ninguém precisa abrir um estúdio, se não quiser, como se fosse uma progressão inevitável que ocorre em um determinado ponto da carreira. Da mesma forma, achar que em um determinado ponto da sua carreira você precisa se tornar freelancer.; nem todo mundo quer ser freela e nem todo mundo nasceu para ser freela. Tem gente que está muito bem trabalhando como fixo, e tudo bem.
Por que não precisamos abrir um estúdio de motion?
Ser freelancer solo é mais barato: Obviamente, as despesas ficam bem mais baratas ao trabalhar sozinho em casa, com a despesa do MEI sendo praticamente o único custo burocrático.
Um estúdio gera custos muito altos: Há diversos encargos não previstos para manter uma estrutura física envolve muitos custos, e, no fim das contas, acaba ficando caro demais. Aluguel, água, luz, internet, máquinas, licença de softwares, funcionários, contabilidade, dentre outros, sem falar na necessidade de ir e vir, se deslocar diariamente até o estúdio para poder trabalhar. O custo para manter um estúdio físico é alto, e para conseguir custear tudo isso é importante que se tenha previamente uma carta sólida de clientes.
É mais vantajoso chamar freelancers apenas quando necessário: Caso você precise de ajuda em algum projeto, seja pela quantidade de trabalho, seja pelo projeto em si demandar uma habilidade que você não domina, vale a pena contratar alguém para te ajudar somente quando necessário.
Ao abrir um estúdio, o que pode acontecer com muita frequência é o proprietário deixar de participar da produção dos projetos e passar a maior parte do tempo, quiçá todo o tempo, se dedicando à parte mais burocrática e de business, ou seja, distribuir a parte de animação com outros profissionais e focar apenas nas reuniões com clientes, e-mails, venda dos projetos, briefing, pitch, etc. Muitos profissionais chegam a desistir de ter um estúdio simplesmente porque gostam mais de botar a mão na massa na produção dos projetos, pois, dependendo do porte da empresa, fica praticamente impossível de administrá-la ao mesmo tempo que atua como profissional de motion/animação.
O mercado do eu-estúdio
O eu-estúdio é o profissional que se posiciona no mercado de motion sendo uma marca, mas que é apenas um freelancer. É a pessoa que assume uma entidade para si, troca o nome dela para usar como marca e assume essa entidade. Não chega a ser um estúdio per se, pois um estúdio é caracterizado por conter uma grande equipe, e, fora do Brasil, há o termo boutique para caracterizar uma equipe pequena, de duas ou três pessoas, por exemplo.
É interessante criar e consolidar uma marca que não seja apenas seu nome próprio, e isso faz toda a diferença para se posicionar de maneira mais profissional e atrair clientes melhores. É importante investir seu tempo em criar a sua identidade visual, e lá na frente você perceberá o quanto as pessoas se importam com esse seu apreço. Não é por não ter um estúdio que você não tem que investir na sua marca. Esse é o seu apreço pelo próprio trabalho pra fazer algo visualmente atrativo. Lembre-se que o motion design é uma área que envolve design, então o mínimo que se espera do profissional é o branding da própria marca.
Lembre-se que é importantíssimo você registrar a sua marca. Isso terá um custo pra você, porém vale a pena. Caso você não registre, nada impede que outra pessoa possa legalmente usar o mesmo nome, então, você apenas estará dando brecha para que outra pessoa utilize a sua ideia.
Resumindo, abrir um estúdio não é o objetivo final de carreira, simplesmente porque não precisa ser, e esse passo pode gerar preocupações e responsabilidades que você não deseja ter. Muitas pessoas podem achar que por ter um estúdio, automaticamente isso já possibilita conseguir projetos diferentes e mais interessantes do que como freelancer. A resposta pra isso é: não necessariamente. Como freelancer você consegue projetos muito diversos, assim como consegue trabalhar com inúmeros profissionais e estúdios diferentes, e também técnicas variadas. Essa diversidade é uma grande vantagem do freelancer. Mas caso queira realmente abrir um estúdio, você pode considerar ir por outros caminhos como, por exemplo, um estúdio que seja totalmente digital sem a necessidade de uma estrutura física, apenas fazendo uma ponte entre os profissionais que farão parte dele, com cada um trabalhando independentemente em suas casas. Muitos estúdios começaram a usar essa abordagem principalmente por conta da pandemia ter forçado essa exigência, e estão tendo ótimos resultados com isso a ponto de muitos deles pretenderem continuar assim indefinidamente.
Durante a live, uma enquete ficou disponível para quem acompanhava ao vivo votar. A pergunta da enquete foi “Você tem vontade de abrir um estúdio de motion?”. Com 230 votos, o resultado foi:
- Sim – 49%
- Prefiro ser freela – 32%
- Não – 12%
- Prefiro trabalhar fixo – 5%
Este artigo é um resumo do que foi abordado na live ABRIR UM ESTÚDIO DE MOTION?, episódio 42 do Manual do Freelancer.
O Manual do Freelancer é uma série de lives apresentadas por Dhyan Shanasa e Ester Rossoni (os Supernova Duo), trazendo dicas para a comunidade e aprofundando na parte mais burocrática da indústria de motion design e animação. As lives do Manual do Freelancer acontecem nas segundas-feiras às 16h, no canal do Layer Lemonade no Youtube. Você pode conferir todos os outros episódios na playlist do Manual do Freelancer. Logo após o término da live, o episódio fica disponível automaticamente no canal.
Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. A parte final da live é dedicada a responder perguntas, deixadas pela comunidade no chat ao vivo e também na caixa de perguntas disponibilizada no Instagram do Layer Lemonade e do Supernova Duo. Contamos com a sua presença na próxima live do Manual do Freelancer, na segunda-feira às 16h.