Leo FernandesAdrian Hanft é um artista experimental que usa equipamentos não tradicionais: sucata, televisores antigos, fitas cassete, misturadores de café, grafite, insetos, Raspberry Pi e Lego. Ele também “não tem segredos”. Seu Instagram disparou para mais de 20.000 seguidores graças à popularidade de suas animações criadas em recibos e etiquetas de remessa, todas contendo seu nome e endereço. Já tivemos um artigo falando de uma campanha para a Co-op Group que usou uma impressora de recibos para criar as animações, neste caso temos uma situação bem diferente, é a experimentação buscando beleza no consumismo nosso de cada dia.
Adrian e sua temática
“O tema que escolho são momentos simples e comuns, fáceis de ignorar”, diz Adrian. “O vídeo mostra todas as compras banais que já fiz: junk food, desodorante, selos postais, fraldas e calças jeans — cada centavo contabilizado em detalhes explícitos.”
Mas é difícil ignorar a quantidade de lixo que se acumula no dia a dia, mas Adrian cria uma homenagem excêntrica a ele com belas cenas, como o bater de asas de um pássaro, um mergulho na piscina, cambalhotas de ginástica e lutas de boxe.
A fixação no momento
“Porém quando esses momentos se repetem, eles começam a parecer profundos porque não têm começo nem fim. Aquele corredor nunca terá uma pausa. Mas aquela mulher nunca terminará de levar o lixo para fora. A bailarina ficará girando eternamente”, explica. A ideia de Marxhausen de “a beleza se esconde à vista de todos” surge nessas telas amassadas e sem vida, conectando vida e movimento com o papel no bolso do observador. Melhor ainda, Adrian também atua como professor de arte virtual, mostrando os bastidores de quase todas as obras que publica. Seu trabalho incita os espectadores a experimentar a transformação de materiais negligenciados, ele compartilha: “Sinto-me honrado quando alguém se inspira a experimentar minhas atividades excêntricas.” Mas quando se trata do que é útil no ato de fazer, não deveria ser segredo para ninguém que nada está fora dos limites.