A animação no Brasil remonta ao início do século XX, quando os primeiros cartunistas e ilustradores começaram a criar desenhos animados , utilizando técnicas rudimentares de animação quadro a quadro, onde a temática eram caricaturas animadas ,feitas por Raul Pederneiras em 1907.
Primeiramente, durante a década de 1930, surgiram os primeiros estúdios de animação no Brasil, como a São Paulo Film, que produziu filmes publicitários e institucionais animados. Logo após, na década seguinte, surgiram os estúdios Vera Cruz, no Rio de Janeiro, e a Cinecastro, em São Paulo, que produziram algumas animações em curta-metragem.
Os primórdios da animação
Em 22 de janeiro de 1917, foi lançado o primeiro filme de animação brasileiro, Kaiser, realizado por Álvaro Martins. Essa obra pioneira chegou até a ser exibida nos cinemas mas infelizmente não foi preservada, restando dela atualmente apenas um fotograma.
O filme se trata de uma charge animada, que mostra o imperador Guilherme II colocando sobre a cabeça um capacete, representando seu controle sobre o mundo. Então na sequência, o planeta crescia e acabava engolindo o rei da Prússia. O filme teve como contexto a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, no momento em que o presidente Wenceslau Braz assinava a declaração de guerra à Alemanha.
A primeira protagonista feminina
Posteriormente, em 1930 tivemos o curta Frivolitá, de Luiz Seel, com duração de menos de 3 minutos, é o segundo filme mais antigo da história da animação nacional a sobreviver ao descaso tipicamente brasileiro.
A produção foi ousada para a época, pois mostrava uma bela mulher vestindo pijamas e salto alto e ainda apresentou o primeiro “nudes” do cinema nacional em uma cena de banho bem tímida. Uma das inovações que Frivolitá trouxe foi o uso da técnica de rotoscopia.
Segue o link da animação restaurada.
O primeiro longa
O primeiro longa de animação made in Brasil foi lançado em 1953 e se chamava Sinfonia Amazônica. O filme foi dirigido e inteiramente animado por Anélio Latini Filho, o filme conta a história do pequeno índio Curumi, que narra diversas histórias do folclore da região amazônica. A saber, a obra demorou 6 anos para ser finalizada e contou com cerca de 500 mil desenhos em preto e branco. Além disso, o filme foi sucesso de público na época. Segue o link do curta que ainda conta com um modesto making of.
Em seguida, em 1966 tivemos o primeiro curta-metragem de animação em cores, produzido por Wilson Pinto em parceria com a Petrobras. O curta se chamava Um Rei Fabuloso, e tratava sobre a história do Petróleo no Brasil.
Já o primeiro longa animado com cores foi lançado em 1971 e se chamava Presente de Natal produzido com recursos próprios e com zero incentivos estatais ou privados pelo quadrinista Álvaro Henrique Gonçalves. Contudo, devido a falta de recursos, sua exibição ficou restrita a cidade de Manaus.
Animação e censura
Como se já não bastasse a falta de incentivos, um outro obstáculo que as produções de animação encontraram no Brasil foi a censura, algo muito forte durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Por exemplo, uma das produções censuradas foi o curta As aventuras de Virgolino (1938), do cearense Luiz Sá. Impedido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) de exibir seu trabalho durante a visita de Walt Disney ao Brasil. A alegação do DIP era que o trabalho de Luiz Sá era muito pobre. O governo além de não ajudar, ainda atrapalhava quem queria produzir, e assim caminhamos como a vanguarda do atraso.
Algumas animações de destaque
Nem só de penúria e descaso vive a animação brasileira, confira alguns longas de animação brasileiras de destaque:
As Aventuras da Turma da Mônica
Lançado em 1982, a animação de Maurício de Sousa foi um sucesso. Atualmente é a maior bilheteria da animação nacional, com mais de 1 milhão de espectadores nos cinemas.
Meow
Já nos anos 80 foi a vez da nossa animação ganhar o mundo, quando “Meow”, de Marcos Magalhães. A animação levou o prêmio especial do júri no Festival de Cannes de 1981.
Boi Aruá
Boi Aruá, de 1985, foi o primeiro longa de animação produzido fora do eixo Rio-São Paulo. Com estética de cordel e foco na cultura popular, realizado pelo baiano Francisco Liberato.
Cassiopéia
Dirigido por Clóvis Vieira, Cassiopéia foi a primeira animação 100% digital brasileira, foi lançada alguns meses depois de Toy Story em 1996.
Uma História de Amor e Fúria
Dirigido por Luiz Bolognesi e lançado em 2013, o filme conta a história do Brasil desde seu descobrimento até seu futuro. A animação foi um sucesso de crítica, conquistando prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio da Audiência no Festival Europeu de Cinema Fantástico de Estrasburgo, e os prêmios de Melhor Animação e Melhores Efeitos Visuais no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2014.
O Menino e o Mundo
Dirigido por Alê Abreu, esse filme conta a história de um menino que mora no campo, e por causa da falta de emprego, vê seu pai tendo que mudar para a cidade grande. O filme levou o prêmio de Melhor Animação no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, além de ter se destacado com uma indicação ao Oscar de Melhor Filme de Animação naquele ano.
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