Não importa quando, como ou por que, mas sempre existirão clientes querendo caçar confusão na hora de fazer aquele orçamento pro job. Seja você novo na área ou não, um dia esbarrará com peças desse tipo pelas andanças no mercado.

Não que isso precise ser extinto, até porque não vai, e, de certo modo, é um mal necessário para fazer com que haja clientes e clientes. Não me entendam errado, mas acredito que esse tipo de conduta seja algo saudável que serve para “filtrar” aspectos necessários na indústria de animação e motion design. Todo mundo que passa por situações assim, acaba adquirindo uma bela bagagem de experiências e um know-how para fugir das ciladas. Mas claro, não é pecado aturar clientes assim, afinal, como disse o grande Ariel Costa para o segundo episódio do FODAcast:

Só você sabe o que é bom para você – BlinkMyBrain

Mas ei, vamos combinar que tudo tem um limite, né, pae? Se você quer se destacar entre tantos ótimos profissionais que admira, comece desde cedo a se valorizar, estude e faça por onde ser visto. Se você, caro cliente, deseja ter aquele trabalho show de bola pra apresentar sua empresa, vender seu produto ou mostrar a música show da sua banda através de um clipe topzera, prestenção no restante do artigo porque ele é especialmente seu.

Acredito que seja possível classificarmos dois tipos de clientes na nossa área:

  1. O que oferece uma proposta de produzir um trabalho por um valor até menos do que seria cobrado, porém, dá total liberdade de criação, é sempre ativo e compreensivo durante e após o processo de produção, ajuda com boas doses de humor e acaba sendo parte da equipe, tornando o trabalho muitas vezes melhor do que planejado. Além de, claro, proporcionar uma bela peça pro portfólio.
  2. Temos também o cliente que insiste em não querer entender o processo para se produzir uma animação. Então acha que a melhor opção é fazer aquele velho corte de gastos, ao invés de juntar a graninha necessária para fechar o job, afinal de contas, o profissional de animação também precisa pagar suas contas, né?

Se você faz parte desse segundo grupo, assista o preview – S03E40 – maravilhoso de “O Incrível Mundo de Gumball“, comandado pela Cartoon Network, e entenda de uma vez por todas que há muitas etapas para que seu vídeo seja produzido; há uma demanda de tempo e dedicação do profissional para com seu produto, e não, não há milagres nem fórmulas mágicas para produzir algo original e de qualidade em tão pouco tempo.

Isso faz lembrar de Chowder, outro desenho clássico da CN que possui um episódio com uma abordagem parecida com essa questão da falta de orçamento na produção de uma animação. Pois é, tudo isso seria cômico, se não fosse uma trágica realidade que enfrentamos constantemente. Caso queira assistir ao episódio completo, clique aqui.

Agora, façamos um minuto de silêncio pelos rigs feitos às pressas, texturas mal acabadas, polígonos que se quebram, renders que granulam e aquele vídeo de 10 minutos pesando 4GB que o cliente insiste em enviar via WhatsApp acreditando que possuímos a varinha do Harry Potter que comprime qualquer tipo de arquivos sem que se perca qualidade. Em vista disso, façamos silêncio.

Fonte: Av Club 

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