Dando sequência em nosso papo sobre projetos animados em Realidade Virtual (Virtual Reality, VR), agora é a vez do projeto Invasion! do Baobab Studios.

Em Invasion!, o uso do contato visual é essencial, assim como foi em Henry. O filme foi criado por uma equipe de 15 pessoas, e é o primeiro de uma série de animações que o Baobab Studios pretende fazer.

No Youtube você pode assistir ao filme em 360, o que não é a mesma experiência do que usando óculus, mas já é ótimo!

 

No filme, você se vê na pele de um adorável coelhinho que, em um lago congelado, encontra outro coelhinho, olha diretamente em seus olhos e sorri “fofamente”. Quando outros personagens adentram a história, eles também olham para você direto nos olhos.

Ao invés da sensação estranha de ter um personagem quebrando a quarta parede,  a ação põe você na história como o personagem principal, mostrando como simplesmente estar “fisicamente” perto de um personagem que nos interessa já é o suficiente para uma forte sensação de imersão.

 

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imagem: techcrunch.com

 

“Você não precisa de interação para criar empatia.”

Quando pessoas assistem a um filme, provavelmente querem relaxar. Dificilmente estão buscando uma participação intensa, caso contrário provavelmente estariam jogando um vídeo game. Experiências em VR, muitas vezes ficam no meio termo entre as duas situações. Entrar numa história assim também traz um sentimento de responsabilidade. Maureen Fan, CEO do Baobad Studios, em entrevista para o site TechCrunch.com disse: “Existe uma luta entre o ego e a empatia. Sua mente está pensando sobre você mesmo, seu ego e os outros personagens. Isso não aconteceria dessa forma, se você mesmo não fosse um personagem fazendo parte desse mundo”.

Quando entramos em um mundo virtual, é natural querer tocar objetos à nossa volta ou personagens. Mas a maioria dos filmes VR até hoje não nos deixam fazer isso. Na verdade, a maioria dos projetos em VR ainda estão testando a importância de dar dicas para a expectativa da audiência, uma vez que você pode até mesmo não saber se está entrando em um jogo ou em um filme.

Em Invasion!, praticamente toda ação acontece num espaço de 180 graus; em outras palavras, pode-se olhar 360 graus à nossa volta, mas atrás de você nada acontece além do cenário estático, o que se torna um incentivo para que sua atenção fique concentrada ao que está à sua frente. O fato do espectador também ficar numa posição fixa, contribui para que seja praticamente impossível perder uma ação chave na história. Essa limitação é importante:

“Nós conseguimos acompanhar duas coisas e meia acontecendo ao mesmo tempo. Quando, além de olhar em volta, você também pode se movimentar, isso já toma duas dessas coisas que ocupam sua atenção. Sobra um pouquinho mais apenas para um voiceover.”, diz Saschka Unseld, diretor criativo de outra equipe que está criando projetos do tipo, o  Oculus Story Studio (como já falamos na parte 2 desse assunto).

Parte do cenário de Invasion. Baobab Studios, 2016.

A equipe também descobriu que depois de alguns segundos de suspense, as pessoas tendiam a olhar em volta, se perguntando se estavam perdendo alguma coisa da história. E isso significa que elas poderiam não estar olhando para o lugar certo quando a ação volta a acontecer. Por isso, o filme deixa de se utilizar de longos períodos de suspense para manter a audiência conectada, de acordo com o CCO do Baobab Studios, Eric Darnell.

Curiosamente, essas limitações acabam contribuindo também para o nível de comédia de Invasion!.

Por depender tanto de timing e staging — elementos que tradicionalmente dependem diretamente da mão do diretor em um filme construir uma comédia em VR é algo bem difícil, e ainda não muito explorado pela maioria dos projetos. Mas a abordagem em Invasion! sugere que limitar a capacidade do espectador de interagir com o ambiente, pode ajudar a aumentar o senso de humor em uma expericência VR.

Basicamente, a idéia é simplificar (o bom e velho K.I.S.S.); se limitar a uma história que se alimente das expectativas inatas da audiência. Diretores podem ainda manter o controle da narrativa com sugestões ópticas e auditivas. Aliás, áudio costuma ser uma das melhores ferramentas: faça um barulho e as pessoas olharão para direção de onde vem o som.

Em Invasion!, animadores usaram sugestões naturais do cenário como o topo das montanhas ou áreas mais claras ou escuras na supefície do lago congelado, para guiar os olhos do espectador, que também é guiado pelo acting e olhar do coelhinho: as orelhas se esticam com curiosidade ou se encolhem com medo, e os olhos dele nos guiam quando a nave espacial chega.

No fim das contas, mais importante é sempre ter uma boa narrativa.

Para quem tem um Oculus Rift ou um Gear VR , Invasion! pode ser baixado de graça, com mais dois episódios prometidos para chegar em breve.

 

Fontes:
TechCrunch
Cartoon Brew
VRFocus
Versions

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