Diário de Projeto Autoral – Motivação

Às vezes as coisas dão errado.

E tudo bem.

Eu pensei muito sobre o que ia escrever hoje. Deveria ser sobre a segunda semana do projeto autoral, um longo texto com todas as minhas atividades, as dificuldades e os resultados. O texto realmente vai ser sobre isso, mas não exatamente.

Na última semana o plano era me dedicar ao meu projeto, como estabelecido na minha organização. Eu posso dizer que não esqueci, que no início, a montagem do moodboard ocorreu de forma tranquila e eu imaginei que os restante transcorreria da mesma forma. Não foi o caso, seja por uma série de trabalhos repentinos ou pura falta de motivação, eu não consegui sentar e fazer o trabalho. O irônico é que ele não saiu da minha cabeça. Muitas vezes a gente pensa que uma pessoa deixa de fazer algo porque ela esquece ou porque não deu importância, mas não é verdade. O projeto ficou na minha cabeça todos os dias e quanto mais dias passavam e eu não conseguia fazer, mais ele povoava minha mente, a ponto de eu ter dificuldade de me concentrar nas minhas outras tarefas.

O engraçado é que isso nunca acontece comigo quando é algum trabalho. Eu consigo me organizar e realizar as tarefas o mais rápido e eficientemente possível, entregando muitas vezes mais do que era necessário. Contudo, quando são projetos pessoais meu cérebro funciona diferente e eu tenho muita dificuldade de priorizar.  A verdade é que a minha organização não me mostrou o quanto o projeto pessoal é importante pra mim e, fazendo uma análise mental, ele estava numa das últimas posições na minha lista de prioridades.

Um dos principais problemas é que já estou me dedicando a um outro projeto pessoal, que é uma página onde faço commissions para pessoas físicas. Toda a minha criatividade, dedicação e estudo estão indo para esse projeto. O mais importante, a maior parte do meu tempo está nele, já que quero que seja uma das minhas principais fontes de renda e é um projeto que acredito ferozmente. Isso me mostra que sim, eu consigo fazer projetos pessoais, mesmo um que me faz dedicar muitas vezes mais de 10 horas por dia, porque ele é importante pra mim num nível acima de qualquer outra atividade que eu esteja envolvido. Esse projeto tem exigido não só que minha técnica artística esteja afiada, mas também tive que aprender do zero como tocar um negócio, pesquisar clientes e lidar com o público. Eu acordo pensando no projeto e durmo com ele ainda na cabeça. Mais importante ainda: isso me traz extrema felicidade.

Perto de toda essa cor e vivacidade, o projeto autoral sumiu, cinza e triste.

Hoje, um dia antes de postar, eu cheguei a tentar dar um gás e fazer uma folha de personagens. Consegui fazer nove opções e nenhuma delas era o que tinha em mente, nenhuma delas tem a vida que queria dar, nem meu estilo, nem me deu prazer. Isso me fez lembrar a lista de princípios que escrevi na etapa de organização. O primeiro princípio: gostar do processo (se não estiver gostando dar uma parada). Interessante né? É exatamente o caso, não estou gostando do processo, então a decisão mais sábia, de acordo comigo mesmo, é dar uma parada.

É isso que vou fazer. Não vai ser uma parada completa, mas a meu ver, eu tenho duas opções: Eu tento manter uma rotina e vejo se a criatividade vem com o hábito (isso realmente pode acontecer e seria uma habilidade extremamente valiosa), ou posso mudar o projeto e fazer algo que seja extremamente estimulante pra mim, algo que fique no ponto mais alto do que eu gosto. É o que vou pensar nos próximos dias e vou contar pra vocês o que decidi.

Como prometido, estou relatando os altos e baixos de tentar fazer um projeto autoral com tempo e energia limitados. Esse é um dos baixos e espero que ele pelo menos sirva como um alento, caso você passe pelas mesmas dificuldades. A verdade é que motivação é muito mais a capacidade de se levantar quando cai do que a habilidade de nunca cair.

Às vezes as coisas dão errado.

E tudo bem.

A gente faz dar certo de novo.

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