Estreia o último filme de Miyazaki

O último filme do lendário diretor Hayao Miyazaki estreou no Japão na última sexta-feira, 14 de julho. Sem campanha de marketing ou revelações de informações. Dessa forma, os fãs tiveram que esperar as primeiras críticas para descobrir o que esperar da despedida do maestro de 82 anos: The Boy and the Heron (O menino e a garça, como será lançado nos EUA), lançado no Japão como How Do You Live (Como você vive).

Com inspiração no livro, mas nem tanto

Na verdade, só descobrimos recentemente do que se trata o filme do Studio Ghibli. Desviando-se do livro que deu título provisório ao projeto, o filme tem como foco um garoto chamado Mahito, cuja mãe é morta nos bombardeios de Tóquio na Segunda Guerra Mundial. Ao sair da cidade e enfrentar dificuldades para lidar com sua dor, além de uma nova madrasta (irmã de sua mãe) e um meio-irmão a caminho, Mahito é atraído por uma garça falante para uma jornada fantástica por um mundo alternativo, onde tentará resgatar o que perdeu.

Além das reviravoltas mais fabulosas, a história reflete as próprias experiências de infância de Miyazaki e serve como uma mensagem animada para seu próprio neto.

Críticas ao último filme de Miyazaki

Algumas protagonistas dos filmes mais famosos do diretor

Aqui estão algumas críticas ao filme.

“O filme está repleto das obsessões, peculiaridades e temas característicos de Miyazaki. Há os habituais encantos visuais, como criaturas fofas mas inquietantes, comida maravilhosa e voos fantásticos que desafiam a gravidade – na maior parte do tempo desenhados à mão e com a fluidez e senso de peso que marcam o trabalho do mestre animador.

“Tematicamente, como em filmes como O Serviço de Entregas da Kiki e A Viagem de Chihiro, How Do You Live é uma história de amadurecimento em que uma criança precisa superar seu egoísmo e aprender a viver pelos outros.”

Matt Schley, BBC

“Por mais fortes que sejam os temas, o fato é que o filme muitas vezes previsível demais. Sendo assim, é óbvio desde o início qual será a forma temática do filme – como o arco de Mahito se desenrolará. As principais reviravoltas da trama também são óbvias – especialmente em relação às verdadeiras identidades dos personagens ao longo da aventura de Mahito.”

O que não é previsível é o restante. O mundo pelo qual Mahito viaja é diferente de tudo o que se viu antes – mesmo nos outros filmes semelhantes de Miyazaki. Cada quadro deste filme parece uma obra de arte separada – uma que se torna ainda maior quando reunida como parte do todo. É um filme que você poderia assistir cem vezes e ainda descobrir coisas novas no fundo de qualquer cena. É um tour de force da animação como nada visto na última década.”

Richard Eisenbeis, Anime News Network

O grotesco e o sobrenatural

Sem Rosto, do filme A Viagem de Chihiro

“É claro ao assistir a este filme que Miyazaki tem ponderado esse conceito. Como nos damos bem neste mundo de violência e inquietação? O que deixamos para nossos descendentes? Como nos relacionamos com nossos ancestrais que nos deixaram este mundo?

“… Em termos de tom, o filme é quase gótico. Nunca vi um filme do Ghibli que parecesse tão distante, quase sombrio. E, de fato, arriscaria dizer que partes deste filme são até mesmo desconcertantes. Desse modo, este poderia facilmente ser o filme menos acessível de Miyazaki. Sua predileção pelo grotesco e viscoso, visto em muitos de seus filmes anteriores, aqui está sem limites. Mas, ao mesmo tempo, seu talento visual para a beleza tanto sobrenatural quanto deste mundo é inigualável.”

Noah Oskow, Unseen Japan

“Graças à sua ambição, variedade e profundidade, é difícil pensar em How Do You Live como o último filme de Miyazaki, o testamento que todos esperavam. Porque, percorrendo terrenos antigos e novos, ele ilustra como a criatividade do diretor é um poço profundo que nunca parece secar. Pode ser absurdo, mas neste ponto só quero desejar por outro filme nessa mesma linha, que construa sobre seus pontos fortes, continue a percorrer os novos caminhos que abriu e corrija algumas de suas falhas. É uma obra difícil e, a forma como está escrita, não acredito que agradará a todos – nem mesmo tenho certeza se funcionou para mim. Mas essa dificuldade e ambiguidade podem ser sua melhor qualidade, a demonstração definitiva do talento, sutileza e imaginação de Miyazaki.”

Matteo Watzky, Full Frontal

Quando o último filme de Miyazaki estreia no Brasil?

Essa é um pergunta difícil de responder. Apesar dos EUA já terem osdireitos de exibição, o filme ainda não tem data de estréia por lá. Dessa forma, é difícil prever quando vai ser exibido por aqui. Enquanto esperamos, saca só essa animação inspiradora da Pei-Hsin Cho.

Boa semana!

Fonte: Animation Magazine

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