Matheus GalvãoConhecer bem os requisitos mínimos e recomendados do software que você utiliza é fundamental e faz toda a diferença no momento de montar o seu hardware ou fazer um upgrade. Segue neste artigo algumas sugestões que você precisa levar em conta antes de fazê-lo.
Hardware vs Software
A lógica primária das pessoas parece ser comprar um computador qualquer e instalar o software para somente depois constatar que não roda bem. Para quem vai trabalhar na área de motion a lógica é diferente: você não está comprando um computador pessoal, e sim uma ferramenta. O hardware está sempre atrelado ao software que você usa, então, você não deve comprar o PC por gosto pessoal apenas, e sim um PC que você pode pagar a partir do software que você usa.
Primeiramente, conheça o software que você usa, pois é ele que vai ditar o hardware que você deverá usar. Se você trabalha com After Effects, que é o software majoritário da grande maioria dos motion designers, entre no site da Adobe e veja seu manual e seus requisitos de hardware.
Essas especificações são atualizadas todo ano para cada versão nova do software que é lançada. A fonte mais confiável para você montar seu hardware ou fazer um upgrade com os requisitos apropriados do software é o próprio desenvolvedor. Se você se basear apenas na indicação de outras pessoas, corre o risco de inverter as prioridades do software, gastando mais com hardwares que não serão tão utilizados, e menos com os que farão mais diferença no desempenho. Por exemplo, como você pode observar pelos requisitos mínimos e recomendados acima, investir pesado em uma super placa de vídeo não fará diferença no desempenho do software.
O After Effects não é totalmente acelerado via GPU, sendo que essa aceleração é feita apenas em efeitos muito pontuais. O render via Adobe Encoder segue a mesma lógica, usando a GPU para otimizar o render apenas nas partes em que certos efeitos foram utilizados. Se você está renderizando um projeto de 30 segundos e utilizou um efeito acelerado via GPU em apenas 1 segundo desse projeto, a GPU será utilizada para acelerar o render somente durante esse 1 segundo, por exemplo. Vale mais a pena você considerar investir mais em um bom processador com clock alto (GHz), memória RAM e alguns SSDs. A Adobe recomenda dividir em partes o After Effects em quatro SSDs, sendo um SSD para a instalação do software, um para o cache de disco, um para a exportação dos renders e, por fim, um para os os arquivos de trabalho. Isso otimiza intensamente o desempenho do After Effects.
Se você tiver um PC que é mais próximo possível das recomendações, você vai trabalhar de forma mais rápida e tranquila, sem o incômodo do software travando e dando crash a todo momento, sem falar que seu workflow, preview e render serão muito mais rápidos, acelerando seu processo de trabalho tornando tudo mais otimizado. Lembrando que o melhor computador é aquele que você tem à disposição; não é porque você não tem um computador ideal que você precisa ficar estagnado, sem fazer nada simplesmente porque o software não roda tão bem. Claro, ele não será tão rápido quando poderia ser na questão de usabilidade e render, mas basta ter paciência e ir contornando com outras técnicas e meios de utilizá-lo da melhor forma possível.
Use o hardware que você tem visando o upgrade que será necessário no futuro
Quem trabalha nessa área tem que ter consciência de que seu computador nunca é fixo e final. Você não vai comprar um computador e achar que irá utilizar ele para o resto da vida. Seu computador irá durar no máximo 5 anos, talvez um pouco mais, e depois desses 5 anos você deveria estar com dinheiro suficiente para trocar de computador, se você tem consciência de que ele é uma ferramenta que precisa ter upgrades periódicos. Claro, você não precisa trocar necessariamente uma máquina por outra, mas ir fazendo pequenos upgrades de peças individuais ao longo do tempo para dar um up na sua máquina, porém chegará um momento que você precisará trocar os hardwares primordiais como processador e placa mãe.
Não compre hardware por fetiche
Se você comprar um hardware por simples fetiche, você está literalmente queimando dinheiro. Você estará ignorando tudo que foi dito anteriormente sobre conhecer o software que você usa, de considerar o seu hardware uma ferramenta de trabalho e não um objeto de grife, e por fim comprando uma máquina que não vai te ajudar em nada. Seguindo esse raciocínio, dá pra pegar como exemplo os profissionais que optam pelos computadores da Apple sem levar em conta que os Apple Intel têm um fraco poder computacional, simplesmente porque querem ter uma maçã estampada nos seus gabinetes. Levando em consideração os valores exorbitantes, um bom computador Apple equivale a um ou até dois excelentes desktops Windows, melhores em todos os quesitos de desempenho, então não vale a pena o investimento. Os novos processadores M1 da Apple são muito promissores, mas o custo acaba sendo bem proibitivo.
Periféricos
É comum que os profissionais foquem exclusivamente em investir no computador e se esqueçam dos periféricos. Os periféricos são tão importantes quanto sua ferramenta de trabalho, pois, como motion designers são profissionais que ficam longas horas a fio sentados em frente a um computador, a longo prazo, sem bons periféricos, você pode comprometer o seu conforto e até mesmo sua saúde. Então, é muito importante você investir em um bom mouse, de preferência um vertical, que ajuda a deixar o braço em uma posição mais natural, proporcionando menos desgaste no punho e no antebraço; uma boa mesa e cadeira, por motivos óbvios; um teclado que, além de lhe proporcionar mais conforto, pode também proporcionar mais velocidade no seu fluxo de trabalho ao programar certas funções do software nas teclas macro keys, agilizando todo o processo; um bom fone de ouvido; e um bom monitor 4K, lhe proporcionando mais espaço na área de trabalho do software, evitando que você trabalhe de limitada e espremida. Uma excelente dica é utilizar uma TV 4K com a tecnologia chroma 4:4:4, com 60Hz, para substituir um monitor, sendo que o custo da TV ser bem menor a do monitor. É perfeitamente possível substituir um um monitor 4K por uma TV dessas, contanto que ela tenha essa tecnologia e que sua placa de vídeo tenha suporte a HDMI 2.0.
Durante a live, uma enquete ficou disponível para quem acompanhava ao vivo votar. A pergunta da enquete foi “Você acha que seu PC é bom pra motion?”. Com 230 votos, o resultado foi:
- Sim – 35%
- Mais ou menos – 35%
- Não – 17%
- Precisa de um upgrade – 11%
Este artigo é um resumo do que foi abordado na live HARDWARE PARA MOTION, episódio 44 do Manual do Freelancer.
O Manual do Freelancer é uma série de lives apresentadas por Dhyan Shanasa e Ester Rossoni (os Supernova Duo), trazendo dicas para a comunidade e aprofundando na parte mais burocrática da indústria de motion design e animação. As lives do Manual do Freelancer acontecem nas segundas-feiras às 16h, no canal do Layer Lemonade no Youtube. Você pode conferir todos os outros episódios na playlist do Manual do Freelancer. Logo após o término da live, o episódio fica disponível automaticamente no canal.
Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. A parte final da live é dedicada a responder perguntas, deixadas pela comunidade no chat ao vivo e também na caixa de perguntas disponibilizada no Instagram do Layer Lemonade e do Supernova Duo. Contamos com a sua presença na próxima live do Manual do Freelancer, na segunda-feira às 16h.