Return to Hairy Hill – Um curta experimental

Após quase uma década de produção, o curta-metragem experimental intitulado “Return to Hairy Hill”, produzido pela renomada E.D Films, fará sua estreia nesta semana no festival Sommets du cinéma d’animation, em Montreal.

A inspiração para a criação de “Return to Hairy Hill” está na triste história vivida pela avó de Gies, que cresceu em uma região remota do Canadá com esse nome.

Quando jovem, ela e seus irmãos foram abandonados e ela tentou cuidar deles, mas acabou sendo descoberta pelas autoridades, e as crianças foram separadas. Embora ela tenha prometido encontrar uma maneira de reunir a família novamente, infelizmente, isso nunca se concretizou.

A produção

A princípio, o curta foi animado em cutout 2D, com os cenários 2D em multicamadas pintados à mão. Porém, com o passar da história ficou cada vez mais claro que precisariam utilizar o 3D em sua pipeline.

Para a realização do projeto, trouxeram algumas técnicas experimentais desenvolvidas pelo estúdio. Começando com o seu plug-in que converte ilustrações PSD para um 3D estilizado. Aliás, a E.D Films disponibilizou um tutorial de como usá-lo.

Fonte: E.D Films

Bem como a criação do Scene Track,  uma ferramenta de código aberto que permite que os usuários gravem e exportem dados de animação nos game engines. Logo após, a equipe passou a usar o Maya, onde puderam criar os cenários e experimentar diferentes ângulos de câmera.

Além disso, para a renderização e pré-visualização em tempo real, utilizaram a Unreal Engine.

Essas ferramentas foram combinadas com ilustrações feitas à mão, ink painting, pintura digital, bonecos feitos no papel, frame by frame e entre outras. Certamente trazendo uma grandiosa mistura de técnicas e estilos.

Para saber mais sobre o processo da animação, vejam o site do estúdio.

Still do cenário. Fonte: Artstation do Gies.

“Decidimos utilizar uma abordagem 3D mais tradicional. Por sermos uma equipe pequena com pouca experiência em produção 3D, sabíamos que, se quiséssemos utilizar nossos pontos fortes como contadores de histórias em 2D, precisaríamos desenvolver novas ferramentas e técnicas para realizar um projeto tão ambicioso. O esforço valeu muito a pena, e nossa pequena equipe conseguiu criar um novo tipo de mundo em 3D que tem uma beleza e uma sensação únicas.”, disse Gies.

Personagens

Foram realizados diversos experimentos com os personagens, incluindo a criação de fantoches de papel e CG.

Para os irmãos, o criador optou por remover completamente seus rostos, inspirado pelas práticas indígenas de fabricação de bonecas na região e assim também pelo fato de que a protagonista não consegue mais se lembrar da aparência deles.

Entretanto, ela se lembra de suas personalidades, que são refletidas por meio de características animalescas.

Estrutura do personagem feito em papel, utilizado como base pras texturas em CG. Fonte: Artstation do Gies.

Sonorização

A memória tem um papel fundamental na narrativa, e a fim de transmitir a sensação de uma memória que se deteriora ao longo do tempo, Gies e a equipe da Audio Coara optaram por utilizar gravadores de fita e gravações antigas.

O designer de som Tyler Fitzmaurice viajou para seis cabines remotas diferentes e gravou os sons da natureza, assim como animais selvagens, água fluindo, árvores rangendo com o vento e etc.

Um dos ambientes pra captação do som. Fonte: Artstation do Gies.

A fim de dar aos bonecos animados um som exclusivo, a equipe de áudio experimentou vários tipos de papel para capturar o som de folhas sendo dobradas.

Por fim, se você gosta de animações bem estilizadas, saca só esse post sobre o Yao Chinese Folktales.

Fonte: Animation Magazine

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