Sempre que assisto um filme sci-fi onde é demonstrado tipos de tecnologias muito além das que conhecemos, me ocorre o seguinte pensamento: “Isso já existe, só não temos acesso ainda.” Ah, vai dizer que você nunca topou com um E.T.? Sim, parece um pouco um lance de teoria da conspiração, mas não é bem assim. Histórias sobre alienígenas, robôs e naves espaciais fascinam o público desde a invenção do cinema. Marcados por muita criatividade e efeitos especiais, os filmes de ficção científica fazem sucesso por dar liberdade à imaginação e, muitas vezes, por “prever” o futuro.
Se verificarmos na história do cinema e da literatura, podemos presenciar milhares de exemplos de situações do tipo: Em “20 mil Léguas Submarinas (1870)”, Júlio Verne escreve uma ficção falando sobre uma máquina aquática que viriamos a conhecer como “submarino”. Filmes como: Viagem à Lua (1902), Metrópolis (1927), O dia em que a Terra Parou (1951), 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), Star Wars (1977), Alien – O 8º Passageiro (1979), Blade Runner (1982), Akira (1988), O exterminador do Futuro (1991), Matrix (1999), Interestelar (2014), apenas para citar alguns, pois a lista é longa, são filmes que trazem esse mundo de possibilidades em que nos suscita a questão: a ficção é baseada em ideias reais ou a realidade surge da ficção?.
Vamos nos ater a uma questão que muitos filmes de ficção científica utilizaram como recurso: o holograma. Na televisão e no cinema, já vimos muitos hologramas facilitando a comunicação entre pessoas que estão muito distantes umas das outras. Hologramas também são usados na ficção científica em cenários futuristas onde propagandas são exibidas com essa tecnologia, ou, ainda, em shows de entretenimento, como nos vídeo mappings e talvez isso aconteça no mundo real em um futuro não muito distante a partir de agora. É que cientistas finalmente conseguiram criar um holograma 3D de verdade. Olha a ficção se tornando realidade!
Hologramas são, basicamente, imagens tridimensionais obtidas a partir de uma projeção de luz sobre figuras bidimensionais. A coisa é possível através do processo da holografia, que se aproveita das propriedades ondulatórias da luz. E a tecnologia usada pela equipe da Universidade Brigham Young foi chamada de “photophoretic-trap volumetric display” (algo que pode ser traduzido como “display volumétrico com armadilha fotoforética”), conseguindo fazer o que tentativas anteriores de se criar um holograma não conseguiram: capturar a luz no meio do ar para criar um objeto virtual com a mesma profundidade do real.
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Fotoforese é o fenômeno no qual partículas ficam suspensas em um meio líquido ou gasoso (podendo ser o ar atmosférico), e elas podem se movimentar usando gradientes térmicos, sendo que este calor é fornecido por raios laser. “Essas telas são capazes de produzir imagens em ‘ar fino’ que são visíveis de qualquer direção e não estão sujeitas a recorte”, explicam os pesquisadores.
E justamente pela necessidade de se “prender” a luz no ar, muita gente pensava que seria impossível conseguir criar hologramas tridimensionais de verdade, mas a equipe de cientistas conseguiu este feito usando lasers especiais. Seu sistema funciona atraindo uma partícula minúscula de celulose com um raio laser, e essa partícula acaba atuando como uma tela, podendo ser manipulada pelo raio laser para se mover em altas velocidades dentro de uma pequena área.
Então, a partícula é iluminada com lasers coloridos, criando um pixel que flutua no ar. Esse ponto de luz é capaz de se mover rapidamente para criar padrões e formas iluminadas, resultando, portanto, no holograma. Contudo, até então o pessoal só conseguiu criar hologramas extremamente pequenos e frágeis, ainda não sendo algo possível de ser levado a um outro patamar (como imaginamos hologramas de acordo com a sétima arte).
De qualquer maneira, a criação bem-sucedida desse holograma 3D abre as portas para que a tecnologia seja aperfeiçoada, em busca de hologramas em larga escala que podem ser empregados em diversos setores da sociedade, incluindo o comércio e o entretenimento.
Fonte: canaltech e bgr.com