Três dicas para ter uma carreira criativa longa e bem sucedida

Na última semana, o canal The Futur publicou um vídeo feito por um de seus membros, Matthew Ensina, que eu acho que merece uma tradução aqui no Layer Lemonade. Matthew conta um pouco sobre sua trajetória como designer e diretor criativo e trás muitos insights sobre ter uma carreira duradoura.

O vídeo se chama “3 Tips to Have a Long and Successful Creative Career” e esta é a versão BR de todo o seu conteúdo!

No começo você vai ser ruim. E tudo bem. Todos começam assim.

Mas você tem sorte, pois o caminho que vai de onde você está agora até onde você quer chegar é uma oportunidade de aprender, melhorar seu trabalho e ser um pouquinho melhor do que você era ontem.

Dê os primeiros passos, mas esteja preparado pois a jornada será longa. Na verdade, ela não tem fim. Não existe destino final e nem um mapa. Só existe o progresso. A busca pela curiosidade e pela criação.

Permanecer motivado e confiar no processo é difícil. Então o que é preciso para seguir em uma carreira criativa? Como permanecer relevante e continuar crescendo à longo prazo?

Recentemente eu revisitei meus trabalhos antigos. Voltei a 1998, até os dias de hoje. Desde quando comecei a minha jornada criativa, até trabalhar para grande clientes e em projetos incríveis.

Se você está começando sua carreira e sente dificuldade de avançar, estas são as grandes lições que eu aprendi em minha trajetória e podem te ajudar a navegar pelos seus próprios caminhos criativos.

Lição um. Comece antes de estar pronto.

Tudo que vale a pena ser feito requer muito esforço e, junto com isso, há algum risco. O desafio é que a maioria de nós tem aversão ao risco. Por isso nós sempre arrumamos desculpas para explicar porque agora não é uma boa hora para perseguir a nossa próxima grande ideia.

Em 2014, fiz uma proposta para a banda Coldplay. Eu criaria um videoclipe interativo para a canção “Ink”. Na época, eu não tinha a menor idéia sobre como fazer aquilo. Eu estava nervoso porque tinha pouca experiência em design interativo. Quase desisti do projeto pois, por um momento, eu duvidei da minha própria habilidade de entregar o projeto. Mesmo assim eu pulei de cabeça acreditando que eu “daria um jeito”. Usei minha desenvoltura e liguei para todos da minha rede de contato. Pesquisei sobre tecnologia e alguns meses depois eu havia criado o meu primeiro vídeo clipe interativo.

Se eu tivesse desistido e evitado o risco por causa das minhas dúvidas e medos, eu não teria feito um dos meus projetos mais premiados. A mentalidade de “eu dou um jeito” é, para mim, o nosso super-poder como criativos. Nós conseguimos ver possibilidades onde os outros não conseguem. Conseguimos encontrar soluções novas para desafios que enfrentamos. Quando você tem uma oportunidade em sua frente, confie em si mesmo. Comece antes de estar pronto e saia de sua zona de conforto. Ao fazer isso, você vai superar suas próprias habilidades e vai surpreender-se com o que é capaz de fazer.

Lição dois. O fracasso não é o final

É horrível falhar. É constrangedor, desmoralizante e pode travar a sua vida, se você deixar.

Em 2007, depois de me formar na faculdade, eu decidi abrir um estúdio de design com colegas de classe. A vida estava boa. Os trabalhos estavam aparecendo e estávamos trabalhando com clientes legais, fazendo o trabalho que amávamos. Mas em 2008, o mercado imobiliário colapsou nos Estados Unidos, o que gerou uma crise global. O telefone parou de tocar, os clientes sumiram e eu percebi que eu não sabia nada sobre administrar um negócio, especialmente em tempos difíceis. A empresa se tornou um fardo e deixou de nos dar satisfação.

Então, com dor no coração, nós decidimos fechar as portas em 2009 e dizer adeus ao nosso pequeno estúdio. Obviamente, eu ainda estou aqui e, apesar da experiência ter deixado cicatrizes, foi também uma lição de humildade que eu vou me lembrar pra sempre. Ensinou que eu não sou invencível e sempre haverão desafios para os quais eu não estarei preparado.

Esta experiência revelou diversas lacunas no meu conhecimento que eu ainda não tinha consciência. Os anos seguintes da minha carreira foram dedicados a preenchê-las. Se você está passando pela experiência do fracasso no momento, saiba que você vai passar por isso e se tornar mais forte. Aceite a situação e se preocupe em aprender com ela. Quando falhar, pergunte a si mesmo: sabendo o que você sabe agora, o que você faria diferente no futuro? Quanto mais você abraçar a mudança, mais resiliente vai ser para enfrentar os desafios que a vida te apresenta.

Lição três. Tudo adiciona

Tudo pode te adicionar alguma coisa. Nada é perda de tempo.

Se você me perguntasse, aos 13 anos, o que eu gostaria de fazer quando crescer, eu não seria capaz de responder. Se você perguntar, hoje, qual é o meu grande plano pro futuro, eu também não saberia dizer. A verdade é que minha carreira já esteve em vários lugares diferentes e eu nunca tive nenhum tipo de planejamento. Fui muito guiado pela intuição e improvisação.

As vezes eu aceitei trabalhos pela necessidade, outras vezes decidi fazer coisas que despertaram minha curiosidade. No ensino médio, meu primeiro trabalho foi anotar os pedidos dos clientes em uma pizzaria. Acredito que essa experiência me preparou para ter um bom relacionamento e atender bem meus clientes muitos anos depois.

Na faculdade, eu cheguei a mudar de curso. Graças a isso pude encontrar uma carreira muito próspera na publicidade, desenhando, animando e dirigindo comerciais.

Durante minha vida, eu passei centenas de horas jogando vídeo games. Nem em um milhão de anos eu teria pensado que isso me levaria, no futuro, a trabalhar em jogos. Eu também explorei muitas mídias diferentes, tentando coisas novas. Aprendi fotografia para saber usar câmeras. Criei pequenos filmes para explorar minha vontade de contar histórias e editar vídeos. Na época, muitas destas empreitadas não deram resultados no curto prazo, mas olhando pra trás, posso ver que elas formaram a pessoa e o profissional que eu sou hoje.

Eu nunca teria me imaginado como alguém que cria vídeos para o YouTube. Nunca planejei, mas cada experiência que tive no passado me preparou para isso.

Eu sei que todos nós ficamos ansiosos ao pensar no futuro. Nos perguntamos se o que estamos fazendo hoje vai valer a pena no futuro. Steve Jobs falou bem sobre isso em seu discurso, na Stanford, em 2005:

“Você não pode conectar os pontos olhando pra frente. Você só faz isso olhando para trás. Então você precisa confiar que os pontos vão, de alguma forma, se conectar no seu futuro. Você precisa confiar em algo – seus instintos, no destino, na vida, no karma, em qualquer coisa. Essa abordagem nunca me decepcionou e sempre fez toda a diferença na minha vida.”

Eu sempre confiei no meu instinto e segui minha curiosidade. Isso me fez descobrir muito sobre mim mesmo e sobre o mundo ao meu redor. Então eu encorajo todos vocês a fazer o mesmo. Não desista, busque o que você ama e lembre-se que cada capítulo da sua história vai adicionar algo. Nada é perda de tempo.

Estas foram as lições mais importantes que eu aprendi olhando para o meu portfólio dos últimos vinte anos.

E você? Quais foram as maiores lições que a vida te ensinou até hoje? O que tem te ajudado a crescer e sustentar sua carreira criativa até aqui?

A capa deste artigo é um frame do vídeo traduzido, que você pode assistir na íntegra aqui:

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