A flexibilidade do Motion (e sua consequência na nossa precificação)

Essa semana, eu tive uma experiência com um cliente que me fez querer escrever este artigo para discutir sobre a flexibilidade que o Motion tem e como podemos usar isso ao nosso favor. Vocês já vão entender!

Fiz uma reunião esta semana com um amigo que me pediu ajuda em um projeto que ele está trabalhando. Ele está produzindo um evento e vai precisar de algumas peças de motion para apresentar e divulgar as atrações. Certo! Seria um vídeo mais longo, de no máximo uns 30 segundos e depois outras vinhetinhas pequenas para redes sociais. O evento já tem uma identidade visual definida e ele me perguntou sobre o valor que eu cobraria para desenvolver estas animações.

Esta é uma pergunta muito complexa. É praticamente impossível definir um preço sem ter um roteiro. Como poderia precificar sem saber exatamente a complexidade das animações? E é importante dizer também que este é um evento meio experimental. Meu amigo está começando agora no desenvolvimento desse projeto e não tem patrocinadores nem grandes recursos financeiros ainda.

Mas afinal, 30 segundos de animação pode ser muito complexo ou muito simples, dependendo da ideia e do design. Pode custar dez mil reais ou pode custar mil. E aí é que eu me dei conta do poder da flexibilidade do motion!

Eis a minha resposta: “mano, é o seguinte! É importantíssimo que o nosso vídeo seja muito legal pra atrair a galera pro evento. Mas, ele pode ser tanto super simples, quanto super complexo. O mais simples não é necessariamente menos legal. Só é diferente. Portanto, o melhor a fazer é: você me diz, pelos cálculos das suas despesas com o evento, quanto você teria disponível para as animações. Daí, baseado neste valor eu posso te dizer o que é possível fazer e o que não é!”.

Considero uma solução brilhante. Estaríamos precificando de trás pra frente. O cliente diz quanto tem, e baseado nisso eu estipulo, mais ou menos, quanto tempo eu posso gastar naquele trabalho. Baseado no tempo que posso gastar, podemos pensar na animação que cabe ao orçamento do cliente.

Uma coisa é óbvia: quanto mais dinheiro, mais liberdade para termos ideias mirabolantes para o projeto. Mas sempre dá para simplificar e, consequentemente, “baratear”.

Uma mesma mensagem pode ser passada de diversas maneiras diferentes. Só precisamos escolher uma que caiba no bolso do cliente.

E o que eu sinto é que nós, motion designers, usamos muito pouco essa flexibilidade do motion ao nosso favor. O principal motivo, na minha opinião, é o tabu que é para nós falar sobre dinheiro. Parece um pecado perguntar para o cliente “quanto você tem disponível para este projeto?”. Mas eu acho que esta é uma pergunta que deveríamos fazer para todos os clientes — mesmo que muitos deles não respondam, afinal têm medo de falarem um valor mais alto do que você cobraria (um pensamento meio ridículo, né?).

Isso vai muito da sua abordagem como profissional. A sua mentalidade não deve ser “fazer o que o cliente pede pelo valor que ele tem”. Sua mentalidade deve ser “entender a necessidade do cliente e tentar resolver seu problema da melhor forma possível com o valor disponível”.

É claro, nem sempre vai ser possível fazer isso. Nem sempre o trabalho vai poder ser maleável. É preciso moldar o projeto direto do roteiro, pois é bem mais difícil alterar coisas depois de um script pronto. Mas mesmo neste caso é possível criar menos elementos ou fazer um design mais simples.

Esta é a conclusão deste artigo! Podemos usar da flexibilidade que o motion tem ao nosso favor, nos ajudando, inclusive, a cobrar melhor. Uma peça de motion pode usar centenas de técnicas, designs e pipelines diferentes. Veja seu projeto como a água que se adapta ao recipiente. Mas claro, para fazer isso você precisa já ter tido uma boa prática na profissão, assim vai ter clareza sobre como pode “baratear” um projeto na hora de idealiza-lo.

A imagem de capa deste artigo é da Pola Lucas que está produzindo tutoriais incríveis lá no canal do Layer no YouTube! Não deixe de ver!

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