[Este artigo foi escrito pela dupla de direção chamada Wudd, Leo Trintinalia e Danilo Pontes.
A foto de capa é uma arte do Freepik.]
Durante o período de quarentena, um dos grandes recursos que apareceram para que as produções não parassem, foram o uso de animações nos vídeos.
As produtoras e diretores, que não estavam familiarizados com esse formato, tiveram que se adaptar para o desenvolvimento e andamento dos trabalhos que surgiram nesse novo cenário. Para contextualizar um pouco mais, o projeto que trabalhamos se iniciou com um mini documentário que mescla imagens captadas por câmera, imagens captadas remotamente (via call) e motion graphics, que iriam ser utilizados tanto para integrar todas essas mídias, quanto para as animações que ilustrariam os depoimentos.
Nesse período, nós tivemos que nos adequar e fazer alguns trabalhos que não necessariamente estamos acostumados, e por isso, compilamos 5 dicas que aprendemos durante esse processo.
Dica 1: Escolha bem o seu estilo
Uma das primeiras coisas que você vai precisar fazer é escolher ou alinhar o estilo de ilustração que vai te acompanhar nesse trabalho. O cliente poderá sugerir algumas opções, e até mesmo as capacidades técnicas do seu ilustrador vão te dizer até onde você pode ir. Lembre-se sempre que o seu estilo vai ter um grande impacto nas suas animações e pode acabar te limitando ou facilitando todo o processo.
Certos estilos podem ser mais amigáveis na hora de animar, por outro lado uma escolha errada pode fazer com que as animações sejam muito complexas e trabalhosas, a ponto de comprometer totalmente o seu orçamento e prazo. Vale dizer que agora pode ser um momento crucial para você alinhar a expectativa do cliente em relação ao filme, é interessante saber exatamente o que ele espera do filme e o que você consegue entregar durante esse prazo.
Existe uma ideia de que em motion graphics tudo é possível, porém, você tem prazos e uma equipe para respeitar, e provavelmente você precisará dizer alguns “nãos” durante a produção.
Dica 2: Atenção a decupagem
Quando nos deparamos com roteiro definido é necessário começar a definir as ações e tempos de tela de todas as cenas, letterings e até mesmo sincronização das cenas com possíveis depoimentos.
Uma boa decupagem pode ajudar muito nesse processo, além de ajudar a identificar possíveis problemas que você pode enfrentar no futuro. Ela serve como um mapa para se situar nos momentos mais caóticos da produção, recomendamos também, o quanto antes, a criação de um monstro, por mais tosco e inicial que ele seja, você já vai conseguir ter uma boa noção dos tempos e durações de cada cena e até mesmo direcionar os seus esforços, para as cenas que demandem mais trabalho e que sejam mais importantes para o filme.
Dica 3: Não subestime um storyboard
Diferente de abrir câmera, trabalhar com animação te oferece possibilidades infinitas.
Você pode ir muito além do real, portanto, desenvolva um storyboard onde pode começar com alguns rascunhos, algo que dê um direcionamento para definir cada cena.
Esse storyboard rascunhado é de extrema importância para expressar suas ideias e intenções. Houve várias situações em que explicávamos das melhores maneiras para o ilustrador nossas ideias para aquelas cenas, mas ele não entendia. A partir do momento em que desenvolvemos um rascunho do que pensávamos, o ilustrador compreendeu completamente, então, por isso, rascunhe as suas ideias.
O storyboard te mostra quão complexo é o desenho, o que é necessário desenvolver para tal cena ou determinada ilustração, e também te coloca em uma posição mais segura, sem perder muito a mão do que você pensa para o seu filme.
Dica 4: Faça um cronograma, e prepare-se para o pior
Antes do começo do projeto, será preciso fazer um cronograma, e por favor, não desconsidere nenhuma etapa do processo pois o planejamento é um grande aliado nesse processo.
Tenha em mente quantas pessoas estão trabalhando com você, considere que certas etapas são complementares e leve em conta que certas tarefas podem acontecer paralelamente.
Coloque todas as etapas no cronograma: concept, styleframes, storyboard, animatic, animação, edição e sound design, e se atente para que nenhuma etapa seja esquecida no meio disso tudo.
É importante pensar nas prévias que o cliente pode ter durante o processo, esses escapes podem ser ótimos para você arrumar a casa e até ganhar um respiro durante o projeto. Considere que acidentes e imprevistos acontecem, e que os renders podem demorar muito tempo, ter um resguardo em relação a isso pode te impedir de ter um ataque cardíaco no dia da entrega.
Dica 5: Backup e Backup
Falando sobre todos os imprevistos que podem acontecer, um que com certeza ninguém quer passar é de perder o trabalho finalizado, afinal aquela animação que demorou uma madrugada para ser feita, não pode se perder de repente.
Sempre tenha backups do projeto que você está trabalhando, se possível armazene em dois lugares físicos e suba projetos na nuvem.
Procure aplicar pré-renders de algumas cenas mais complexas para não perder nenhuma evolução, e para evitar renderes de última hora que podem levar dias e noites.