Um sorriso por dia

Como estou lidando com Lockdown blues

Lockdown blues é o sentimento de tristeza, vazio e não pertencimento ou mesmo depressão* gerado por um extenso período em quarentena/fora da normalidade. O fenômeno está sendo estudado por psicólogos e psiquiatras e ainda não se sabe ao certo as consequências a longo prazo da exposição, por período prolongado, ao isolamento. O que é científicamente comprovado é que existem formas de deixá-lo mais tolerável e que, nesse momento, é necessário continuar o isolamento para que outras vidas (inclusive a do leitor) sejam poupadas. – A pandemia não acabou.

No início do período de isolamento, em março de 2020, tinha acabado de me mudar para uma casa em que não conhecia ninguém. Demorou mais de uma semana para que eu conhecesse o primeiro dos meus colegas de casa, saía apenas 1 vez por semana de casa (apesar do governo recomendar a saída diária para fazer exercícios físicos e tomar sol – por até 1hora por dia) e prospectava clientes e falava com amigos via zoom como se a quarentena fosse a coisa mais natural do mundo. Demorou cerca de um mês e meio para a minha energia cair e eu ceder a fazer o que todo mundo falava nas redes sociais: meditar por mais tempo, fazer exercícios físicos e tentar encontrar um hobby ou desenvolver novas habilidades. Embora não possa negar que isso tenha ajudado (não só a mim), esse artigo não vai recomendar essas mesmas coisas que já tá todo mundo cansado de ouvir.

Quem me conhece há algum tempo sabe que sou uma pessoa super nostálgica e que adoro tanto o carnaval que até minha playlist de trabalho tem samba enredo das favoritas. Ouvir músicas brasileiras (e latinas, no geral) me faz lembrar um pouco de ser forte durante essa jornada, apesar de saber que isso é extremamente pessoal, então vou dar dicas mais gerais sobre o que tem me ajudado, ajudado alguns amigos e pode ajudar você, que não quer ser responsável pela morte de ninguém e tem a opção de ficar em casa para salvar vidas enquanto espera que todo mundo já tenha tomado a segunda dose da vacina.

Hoje, depois de um ano do início da pandemia, eu não vou recomendar que vocês façam 350 cursos de uma vez ou trabalhem sem parar no home office. Já deve ter dado tempo pra perceber que tudo tem limites: até o aprendizado durante um período como esses.

O calor deve estar infernal por aí, então sair pra ver o sol e fazer um exercício é 100% recomendado, CASO VOCÊ NÃO TENHA A POSSIBILIDADE DE FAZER ISSO NA SUA PRÓPRIA CASA. Uso de máscaras 100% do tempo fora de casa, banho de desinfecção ao chegar e muito alcool gel. Se puder evitar comer ou beber fora de casa, melhor. “Ai, mas o restaurante de fulano também precisa se manter e a comida lá é tão gostosa, pipipipopopo”, quer ajudar o restaurante de fulano? Pede pra levar pra casa, toma todos os mesmos cuidados lavando e desinfectando as coisas e tudo certo – se puder, paga no cartão, tá? Se possível, se recuse a entrar em estabelecimentos em que as pessoas não usam máscaras e não deixe de ficar a 2 metros de distância das pessoas. Nesse caso, pode fazer escândalo se precisar – a saúde de todo mundo ali vai estar em risco caso uma pessoa não siga a risca os protocolos.

Com todas essas recomendações de como evitar se infectar ou infectar os outros, a gente já pode seguir pras dicas de como ajudar nossa saúde mental durante esse período, né?
Uma das coisas que ajuda bastante e está sendo amplamente difundida na Europa é ter uma bolha de pessoas com quem você se relaciona: 1 a 6 pessoas, caso você não trabalhe fora, para ver fora de casa. As pessoas que moram sozinhas podem escolher uma casa para passar noites, caso estejam em situação de vulnerabilidade. É importante reconhecer que o ser humano é um ser social sem exagerar nos contatos. Ligar e conversar com os amigos é importante e, vai soar repetitivo, mas faz pelo zoom, pelo meets, pelo discord. Dá pra fazer até um jantar com todo mundo pelas câmeras.
Lembra daquelas roupas mais velhas, dos brinquedos que as crianças não usam mais, daquele perfume que você ganhou e não gostou, mas ainda não passou da validade? Arrumar a casa e retirar o que não precisa mais é um método muito positivo e amplamente recomendado para cuidar da saúde mental – e ajudar outras pessoas também, além de poder melhorar as relações da família.
Sabe aquele curso que você não terminou no começo da pandemia? Se você ainda estiver interessado e se sentir bem para fazer, volta para ele. Ocupar a cabeça com coisas que gostamos ajuda até a melhorar a produtividade. Só não vai se entupir de curso e entrar em paranóia para acabar tudo. Você está fazendo isso por você e não por motivações externas.
Já pensou em tirar uma hora do seu dia para fazer NADA? Se o seu lockdown blues vem do estresse de estar fazendo mil coisas ao mesmo tempo, além de organizar melhor esse tempo, fazer absolutamente nada pode te dar um gás. Tem crianças em casa? Talvez precise fazer na hora de dormir ou quando elas estiverem estudando. Não esqueça de avisar as pessoas próximas e tirar qualquer distração.
Lembra daquele jogo que você adorava quando era mais novo? Ou daquela brincadeira que fazia quando era uma criança pequena? Reservar um ou outro momento para relembrar (quem sabe até brincar um pouco), pode trazer até ideias para novos jobs, mas principalmente te ajudar a ver que vai passar e você pode se apoiar nas lembranças boas para te ajudar.
Olhar o trabalho de outros artistas novos e se conectar também pode ajudar muito a te deixar a ansiedade e sentimento de solidão de lado.

Se você precisar surtar um pouco, parar, colocar suas expectativas em dia e pedir ajuda, faça. É importante deixar claro que não é um período fácil para ninguém. Ler e assistir coisas que te acalmam, pode ajudar a suportar o período. (Inclusive os textos aqui, podcasts, lives e mesmo os vídeos que vocês tem vergonha de admitir que curtem).

O texto, como sempre, serviu mais de desabafo, mas vou pedir para vocês falarem, nos comentários aqui ou em outro lugar, o que vocês tem feito para se manterem sãos nesse período.

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