Representatividade importa?

Sim. Tanto para negros e LGBTQIA+ quanto para deficientes. A falta de representatividade implica que a pessoa não se vê no mesmo lugar de privilégio de forma positiva.

Quantos chefes com deficiência você já teve? Quantas mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+? Quantos parceiros de trabalho? Aposto que poucos ou nenhum. Esses grupos minoritários (que, ao se juntarem, formam a maioria) não se vêem representados em posição de liderança. Muitos nem chegam a conseguir um trabalho formal para almejar essa posição.

A desculpa é: “não tem experiência, não tem qualificação”. Precisamos lembrar que a escravidão existiu, que as mulheres trabalham há bem pouco tempo (e ainda de forma desigual), que os LGBTQIA+ estão começando a ser aceitos aos poucos ainda e que deficientes também trabalham? Que absurdo! As cotas existem justamente para tentar reparar essa desigualdade histórica.

No motion, vejo muitos homens brancos e muitas mulheres brancas, poucos negros e uma dezena de deficientes (pra não dizer unidades). E isso acaba se refletindo no trabalho, pois tendemos a representar o padrão ou a nós mesmos. Estão faltando personagens e referências negras, com deficiência, LGBTQIA+ por aí.

A representatividade começa em não colocar a pessoa em posição inferior e tentar colocar a maior variedade possível em situações que não têm relação com a diferença delas. Como a nossa área é de grande alcance e influência na sociedade, é meio que nossa obrigação tentar mudar o padrão vigente que torna essas pautas muito importantes invisíveis.

A minha própria posição como uma surda motion que tem a visibilidade do Layer Lemonade faz com que muitos surdos e deficientes Brasil afora se sintam representados, sintam que não estão sozinhos nos desafios de aprender animação e finalmente sintam que vamos todos juntos, como comunidade, nos conscientizar e nos ajudar.

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Ilustrações‌ ‌de‌ ‌capa‌ ‌e‌ ‌corpo‌ ‌do‌ ‌texto‌ ‌por‌ ‌‌bdef.art.

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