Este artigo é um resumo do que foi abordado na última live do Manual do Freelancer, apresentada por Dhyan Shanasa e a Ester Rossoni (os Supernova Duo), sobre as nomenclaturas que classificam e separam as funções dos profissionais da área de motion: sênior, pleno e júnior.
A função dessa live foi de esclarecer como essas nomenclaturas funcionam (sênior, pleno e júnior), como a gente deveria aprender a se classificar e como o mercado pode nos classificar também. É uma reflexão, mas também há informações bem didáticas sobre isso.
A IMPORTÂNCIA E OS MOTIVOS DO USO DESSAS NOMECLANTURAS NO MERCADO
É um modo de não passar responsabilidades para profissionais que ainda não têm experiência na carreira: Não se dá a direção de uma peça na mão de alguém que não tem ideia do que é preciso ser feito. Ou seja, um estúdio ou profissional específico não vai virar para um profissional menos experiente que acabou de começar na área e simplesmente dizer: “dirige essa galera ali!”. Isso não vai acontecer, ou melhor, não deveria. E é por isso que é importante essa separação, para que os profissionais tenham apenas as responsabilidades que estão preparados para resolver.
É uma maneira de se criar um “plano de carreira” onde profissionais começam com salários e responsabilidades “x” e escalonam até “y”: Ao começar como júnior, você começa a escalonar para pleno e sênior, criando um tipo de objetivo para ir melhorando nas habilidades que serão necessárias para o próximo cargo, aumentando o seu salário.
É uma forma clara mas nem sempre justa de se classificar quem está chegando e aprendendo e quem já está há tempos na área: Essa classificação permite que seja melhor organizado a maneira de definir qual profissional vai desempenhar cada função, porém nem sempre feita de maneira justa, pois há casos em que profissionais plenos são tratados como juniores e os juniores são tratados como plenos, por exemplo, trazendo complicações durante o processo dos projetos.
DEFINIÇÃO CLÁSSICA DO JÚNIOR
O profissional júnior é o recém formado, com pouco tempo de experiência e funções menos complexas que os outros níveis. Podem ser exigidos conhecimentos técnicos e algumas habilidades, mas nunca muito aprofundadas. O júnior está cursando ou é graduado na área de atuação e tem entre dois a quatro anos de experiência. O número de atribuições é menor e geralmente esse profissional é auxiliado ou trabalha em conjunto com seus superiores. O freelancer, no entanto, precisa estar atento a si mesmo para poder definir a si próprio.
JÚNIOR NA ÁREA DO MOTION
É o “pau pra toda obra”. Aquele que faz de tudo um pouco, ganha pouco e trabalha muito. Produz, em sua maioria, peças simples e de gosto duvidoso, pois os chefes não os deixam criam, tampouco assumir responsabilidades. E seus clientes são, em sua maioria, pequenos. Na definição do nosso mercado o júnior é o cara que faz de tudo um pouco. O júnior é o profissional que está no modo full aprendiz. Ele tem zero poder de decisão em um projeto e é um dos que mais precisa de orientação para exercer seu trabalho. Está sempre em busca de um norte baseado no que os superiores e os mais experientes têm a dizer, tendo sua percepção técnica turva e ainda desenvolvendo senso estético. Tem problemas para perceber se o que faz é bom ou ruim. Ser júnior dura pouco tempo e, ao contrário de outras áreas em que juniores pode ficar até cinco anos nesse “cargo”, no motion em menos de um ano podemos deixar de ser juniores.
DEFINIÇÃO CLÁSSICA DO PLENO
O profissional pleno já é graduado, e muitas vezes tendo até pós-graduação na área de comunicação e marketing. Tem uma experiência mais significativa na área. Exerce funções de maior complexidade e pode precisar que suas decisões sejam aprovadas pelos superiores. Pode coordenar equipes e projetos de complexidade média e alta. Por exemplo é um diretor de arte, que não precisa ser necessariamente sênior mas já gerencia projetos.
PLENO NA ÁREA DO MOTION
A grande maioria dos profissionais do motion são plenos, pois essa é a fase que dura mais tempo. O pleno no motion é aquele que praticamente domina as ferramentas e tem um poder de decisão um pouco maior que o júnior. Ainda “frita muito pastel” mas começa a pegar projetos mais interessantes, dirigir equipes e ganhar mais. Em termos práticos, o pleno e o júnior têm quase as mesmas habilidades quando olhamos atentamente, sendo a diferença mais notável o fato de se ter mais consciência sobre as técnicas e da área como um todo. Pode-se dizer então que o pleno é o profissional munido de experiência mediana, mas bem mais consciente sobre o mercado que os juniores. O pleno tem mais responsabilidades nos projetos e pode decidir certas questões sozinho.
DEFINIÇÃO CLÁSSICA DO SÊNIOR
O profissional sênior lidera equipes e projetos e conta com ampla autonomia para tomar decisões. Seu nível de responsabilidade é alto e espera-se dele grande capacidade analítica e estratégica, maturidade profissional e conhecimento aprofundado na área em que atua.
SÊNIOR NA ÁREA DO MOTION
Em geral diretores de animação são animadores seniores, encarregados de gerirem equipes e vários projetos ao mesmo tempo. Nem todo profissional sênior tem vontade de se tornar diretor, mas todo diretor acaba sendo sênior. Sua consciência sobre a área e sua árvore de habilidades são imensas. É o profissional com muitos anos de experiência e ampla visão técnica, teórica, de equipe e de mercado. O sênior pode ter poderes de contratar ou demitir membros de equipes em projetos. Pode tomar decisões sem consultar os superiores e tem acesso a projetos complicados.
COMO PERCEBER ONDE NOS ENCAIXAMOS NESSA CLASSIFICAÇÃO?
O ideal é que os empregadores nos classifiquem, pois essas nomenclaturas vêm da necessidade de organizar e separar vários aspectos dos profissionais dentro das agências, estúdios e produtoras, sejam eles salários, níveis de responsabilidade ou poder de tomar decisões. O que nos classifica como juniores, plenos ou seniores é o nível de responsabilidade que assumimos e poder de decisão que possuímos em projetos e equipes. O tempo de casa, experiência e habilidades importam, mas as responsabilidades e decisões são o mais importante. Se você tiver um nível de decisão baixo ou quase nulo, será júnior. Se você tem algum nível de responsabilidade e decisão, será pleno. Se você tem muitas responsabilidades e um poder de decisão quase inquestionável, será sênior. Porém essa classificação varia de empresa para empresa, sendo que você pode atuar como sênior em um local e ser contratado por outro para a função de pleno, por exemplo.
Essa live contou com a participação especial da Thábata Eleutério, diretora executiva do Acaca Stúdio de São Paulo, que disponibilizou um áudio em que ela fala sobre esse assunto. Caso você queira ouvi-la, basta pular o vídeo para o momento 01:23:12. Ela disse: “Eu sou responsável por montar as equipes para cada projeto no estúdio, e pensando sobre o assunto freela, júnior, pleno e sênior, a conclusão que a gente chegou foi algo curioso e interessante, acho. Aqui no estúdio os projetos chegam como uma parada mais autoral, pra gente somar na criação, ou os clientes chegam com uma ideia específica sobre o que eles querem no projeto. Então o nosso foco pra formar as equipes é sempre aquele ‘quezinho’ de cada freela, sabe, a alminha que se encaixa no projeto. Na verdade, é a soma da personalidade do trabalho com a habilidade de resolver de cada freela. A gente teve projetos em que freelas que têm algumas dificuldades técnicas, por falta de experiência mesmo, eles já somaram bastante. E a gente também já teve alguns freelas experientes que resolvem, mas que não passa disso, de resolver. O que vale, eu acho, é se descobrir. Não precisa saber tudo. Faça uma coisa bem, com seu jeito e com sua personalidade. As outras coisas são consequências. Vale ficar em uma área mais neutra até você entender do que você gosta e descobrir essa identidade, sem tentar fazer tudo desde o começo. A área não é só formada por super astros do motion. Em 97% dos casos o mercado é feito daquela animação que você olha e pensa ‘Caramba! Como está bem feito!’. Eu acho que o que vale mesmo é entender aonde você quer chegar e que você quer. A experiência no caminho vai te encaminhar pra cada etapa.”
Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. A parte final da live é dedicada a responder perguntas, deixadas pela comunidade no chat ao vivo e também na caixa de perguntas disponibilizada no Instagram do Layer Lemonade e do Supernova Duo. Contamos com a sua presença na próxima live do Manual do Freelancer, na segunda-feira às 16h.
O Manual do Freelancer é uma série de lives apresentadas por Dhyan Shanasa e Ester Rossoni (os Supernova Duo), trazendo dicas para a comunidade e aprofundando na parte mais burocrática da indústria de motion design e animação. As lives do Manual do Freelancer acontecem nas segundas-feiras às 16h, no canal do Layer Lemonade no Youtube. Você pode conferir todos os outros episódios na playlist do Manual do Freelancer. Logo após o término da live, o episódio fica disponível automaticamente no canal.