Diário de Projeto Autoral – Organização

Oi pessoal, essa semana eu comecei a jornada pra fazer um projeto autoral. A proposta é terminar o projeto em 4 semanas, utilizando no máximo uma hora por dia, como explicado nesse post.

Na primeira semana o foco era organização. Você pode pensar: são só quatro semanas e você vai gastar uma semana inteira só para se organizar? A verdade é que quanto mais você se organiza, menos tempo você perde com mudanças e reorganizações no futuro. Além disso, ter um tempo para idealizar o projeto coloca sua cabeça mais focada na tarefa e serve como um guia quando se sentir meio perdido. No meu processo para fazer projetos pessoais eu levo esse tempo porque ele substitui o briefing que um projeto real teria.

Eu organizo minha semana utilizando metas SMART (específica, mensurável, atingível, relevante e temporal) e passos diários. A meta me ajuda a manter uma noção do todo, enquanto os passos me ajudam a focar no que tem que ser feito agora. A primeira semana ficou organizada dessa forma:

Meta da semana 1: ter um projeto organizado em metas semanais e passos diários até sábado (08/04)

Segunda: fechar a organização inicial e os passos da primeira semana e definir o horário de trabalho

Terça: fazer um levantamento e análise minuciosa dos pontos fortes e fracos

Quarta: definir a área de interesse e as empresas que gostaria de trabalhar

Quinta: buscar referências nas empresas e fora dela

Sexta: definir o tema do projeto

Sábado: organizar a próxima semana com a meta semanal e os passos diários

Para definir o horário de trabalho eu me baseei em dois aspectos: criatividade e energia. Cada pessoa tem o seu perfil e funciona de uma forma particular. Eu funciono da seguinte forma:

Horário do dia: manhã/tarde/noite (criatividade e energia)

  • manhã: criatividade alta e energia alta
  • tarde: criatividade baixa e energia baixa 
  • noite: criatividade média e energia média

No meu caso a escolha que pareceu melhor foi trabalhar por uma hora na parte da manhã antes da minha rotina de trabalho. Isso mudou um pouco mais pra frente.

A etapa seguinte foi definir uma área de interesse e definir meus pontos fortes e fracos. Eu já tinha uma ideia do que gosto e do que queria fazer, que era algo ligado com concept art. Para definir meus pontos fortes e fracos eu utilizei dois parâmetros: coisas que eu gosto de fazer e o meu nível de habilidade em cada uma delas. Então levantei uma série de habilidades que considero necessárias para o projeto. Caso você não tenha muita noção do que você precisa para realizar o projeto, sempre parta das habilidades que você já tem.

Para organizar suas habilidades você só precisa responder duas perguntas: o quanto eu gosto  de fazer isso e qual o meu nível de habilidade. Para definir o que você gosta basta pensar no quanto de prazer você sente quando faz essa atividade. Gostar é importante porque está conectado com motivação (quando mais você gosta de algo, mais motivado fica). A habilidade é definida pela qualidade e velocidade. Quanto mais hábil, mais rápido você consegue executar uma atividade sem perder qualidade. Eu falei sobre isso nesse post no instagram.

O importante é conseguir visualizar de forma clara ao redor de quais habilidades o seu projeto deve ficar. Eu dividi as minhas em 4 opções:

Habilidades para usar o máximo que der (baixo gasto de energia): Aqui é o créme de la créme, aquilo que te dá prazer e você consegue realizar em bom tempo e alta qualidade. Quanto mais o projeto utilizar essas habilidades melhor.

Habilidades para usar com moderação (médio gasto de energia): Geralmente o que fica por aqui é aquilo que vai ser necessário no projeto, mas você não curte tanto. Use com parcimônia para não perder a motivação.

Habilidades para usar só em extrema necessidade (alto gasto de energia): Aqui mora o perigo. São coisas que você curte, mas não tem habilidade o suficiente. Qualquer habilidade aqui vai exigir estudo. Caso você escolha estudar pouco e tentar fazer rápido, vai perder muita qualidade. Caso queira manter a qualidade vai ter que estudar mais e pode perder muito tempo.

Habilidades para ficar longe (altíssimo gasto de energia): Não tem porque se aventurar por aqui. Se não te dá prazer e você não sabe fazer, esqueça. Mesmo que você ache que são habilidades fundamentais para se ter como profissional, no projeto autoral não é o momento de focar nelas.

A partir desse mapeamento o que faltava era definir o tema do projeto. Vale a pena buscar ideias no trabalho de profissionais que já trabalham em empresas que você gostaria de trabalhar. No meu caso eu adoro a Riot e busquei profissionais de concept art na página deles do Linkedin (é só ir na aba pessoas dentro do perfil). Após listar uma série de profissionais fiz uma busca nos portfolios e percebi que todos eles postam os trabalhos no Artstation.

Com esse levantamento eu consegui chegar em três opções de projeto:

Eu optei pela primeira opção, mas o problema era que no concept art as limitações são muito importantes. Como é um projeto autoral eu sou o meu próprio cliente e fiquei preocupado de me perder no processo. A solução foi procurar um cliente que não é exatamente um cliente. Algum tempo atrás tive uma conversa com dois amigos sobre criar um jogo, onde eu ficaria com a parte de concept. Entrei em contato com eles e perguntei se eles não gostariam de retomar o projeto, explicando que estou focado em projetos autorais para o meu portfolio. Acaba sendo uma relação onde ambos os lados ganham. Caso eles gostem do resultado podem se animar e reativar o projeto e, no meu lado, tenho duas pessoas para definir limitações (que são extremamente necessárias em projetos criativos) e posso montar um portfolio inteiro em torno desse jogo sem ter que imaginar o jogo inteiro sozinho.

Ufa, esse post foi longo, mas espero que ajude. Lembrando que você não precisa utilizar tudo que coloquei aqui, adapte para a sua realidade e forma de trabalhar. Eu organizo tudo com detalhes porque percebi que é o que mais me ajuda a realizar as tarefas que preciso.

Abraços e bom projeto!

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