O estilo Ghibli que vocês não conheciam

Certamente, o Studio Ghibli é um dos estúdios de animação mais influentes do mercado. Servindo até hoje como uma grande referência para animações pequenas e em grandes produções.

A princípio, se construiu uma certa representação do que seria o estilo Ghibli. Quando assistimos os filmes, já esperamos ver aquelas paisagens super detalhadas e um ar nostálgico e contemplativo.

Mas afinal, o que é esse tal estilo Ghibli?

Apesar de termos essas características bem específicas em nossas mentes, na realidade os filmes diferem significativamente em suas escolhas estéticas.

No aspecto visual, “Meu Vizinho Totoro” e “Meus Vizinhos, Os Yamadas” vem de diferentes mundos. Além disso, em algumas animações possuem uma atmosfera mais sombria como “Princesa Mononoke” e “ O Túmulo dos Vagalumes”, contrastando totalmente com a leveza de “O Serviço de Entregas da Kiki”.

No catálogo de filmes podemos encontrar uma grande variedade de tons e estilos.

Animações não tão conhecidas produzidas pelo Studio Ghibli. Via: Animation Obsessive

“Eu não sei o que é esse estilo “ghiblesco”. Eu realmente não sei. Por exemplo, se você olhar pros filmes criados por mim e Isao Takahata, o que se destaca e o que  se expressa é diferente”

– Hayao Miyazaki

E essas diferenças nos contam muito a forma que eles lidam com seus projetos. Por exemplo, a animação fofa de Totoro feita por Miyazaki teve um lançamento duplo com o melancólico O Túmulo dos Vagalumes, dirigido por Takahata. Esse tipo de contraste inesperado é algo que nunca foi embora.

Takahata explicou que isso não foi um acidente. Ele queria que seu estilo fosse o mais diferente de Miyazaki possível, saindo totalmente da sua zona de conforto.

Se reinventar sempre

Desde o seu começo nos anos 80, Ghibli tem buscado trabalhar com o imprevisível.

Mesmo parecendo que seguiam um raciocínio linear, quase sempre tomava caminhos e decisões distintas. O estúdio estava de fato obstinado a testar coisas novas.

Miyazaki acabou dirigindo Kiki por causa da pressão de investidores. Não se sentia totalmente confortável em fazer, pois era algo menos idealizado e mais focado nas frustrações do mundo real. No entanto, essa obra impulsionou o novo diretor, se transformando em mais um sucesso.

Ele e o estúdio só foram crescendo cada vez mais. Com Princesa Mononoke, desafiaram a compania com um “estranho”, violento filme de ação que ia totalmente contra essa imagem “doce” da Ghibli no Japão. Certamente poderia ter sido um fracasso, Miyazaki disse que eles já estavam preparados pra tudo ir água abaixo. Mas novamente, foi um sucesso. Todo esse risco só pra criar algo novo.

“Comecei a ouvir falar do Ghibli como algo “fofo” ou “curativo”, e eu tive essa urgência de acabar com isso. Pois, basicamente, meu trabalho é ir continuamente contra as expectativas do público. Se eu apenas seguisse essas imagens esperadas, estaria acabado!” disse Miyazaki.

Quando Takahata criou “Meus Vizinhos, Os Yamadas”, jogou por alto toda a pipeline do estúdio, criando uma metodologia própria pra poder capturar a característica da aquerela no computador. Como resultado, a produção foi um desastre e perderam muito dinheiro nesse processo.

No Museu Ghibli, podemos encontrar diversos curtas que não são tão populares, mas que abriram as portas pra experimentação do estúdio.
Inclusive, além desses curtas, já produziram também anúncios, promos e videoclipes.

Curtas produzidos pelo Studio Ghibli. Via: Animation Obsessive

Se tem algo sobre o estilo Ghibli compartilhado por Miyazaki e Takahata, é o fato de sairem da caixinha e se recusarem a ficar em um só lugar.

Texto traduzido e adaptado. Fonte: Animation Obsessive

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