Daniel CavalcantiÀ medida que os jogos crescem em escopo, os escritores enfrentam o desafio crescente de manter os NPCs individualmente interessantes e realistas. Mas como manter cada interação com eles distintas? É aqui que entra o Ghostwriter, uma ferramenta de IA interna criada pelo departamento de P&D da Ubisoft, La Forge.
A IA vai substituir os escritores?
De acordo com a Ubisoft, o Ghostwriter não está substituindo o escritor de jogos de vídeo, mas sim aliviando uma das tarefas mais trabalhosas do escritor: escrever barks. Os barks (latidos em português) são frases ou sons emitidos por NPCs durante um evento que foi desencadeado pelo jogador. Desse modo, o Ghostwriter gera efetivamente primeiros rascunhos de barks, o que dá aos roteiristas mais tempo para polir a narrativa em outros lugares. Ben Swanson, cientista de P&D na La Forge Montreal, é o criador do Ghostwriter e se lembra das sementes iniciais da ferramenta antes de apresentá-la na GDC deste ano.
Os “latidos” que dão vida ao jogo
O Ghostwriter é o resultado de conversas com designers narrativos que revelaram um desafio, que Ben identificou como sendo solucionável com uma ferramenta de IA. O burburinho da multidão e os “barks” são características centrais da imersão do jogador nos jogos – NPCs conversando entre si, diálogos de inimigos durante o combate, tudo isso proporciona uma experiência de mundo mais realista e faz com que o jogador sinta que o jogo ao seu redor existe fora de suas ações. No entanto, isso exige tempo e esforço criativo dos roteiristas, que poderiam ser gastos em outros itens principais do enredo. O Ghostwriter libera esse tempo, mas ainda permite que os roteiristas tenham um grau de controle criativo.
Saca só esse resumo do processo: os roteiristas primeiro criam um personagem e um tipo de interação ou fala que desejam gerar. O Ghostwriter então propõe um número selecionado de variações, que o roteirista pode escolher e editar livremente para atender às suas necessidades. Desse modo, este processo usa a comparação em pares como um método de avaliação e aprimoramento. Isso significa que, para cada variação gerada, o Ghostwriter fornece duas escolhas que serão comparadas e escolhidas pelo roteirista. Depois que uma é selecionada, a ferramenta aprende com a escolha preferida e, após milhares de seleções feitas por humanos, ela se torna mais eficiente e precisa.
E aí, você acha que ferramentas como essa vão ajudar a pipeline dos profissionaisda Ubisoft ou a IA vai dominar completamente a indústria aos poucos? Caso queira aprofundar no assunto, saca só esse artigo sobre o FireFly, a nova ferramenta da Adobe que promete utilizar a IA de forma ética e auxiliar na pipeline de ilustração e motion.
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