Na era da automação, trabalhadores humanos estão sendo chamados para corrigir o que a inteligência artificial faz de errado. Além disso, as plataformas de freelancers registraram uma maior demanda por trabalhos criativos mais complexos.
Consertando o que a IA faz
Esses serviços fazem parte de uma nova categoria de trabalho criada pelo boom da IA generativa, que inicialmente parecia ameaçar deslocar empregos criativos em massa. Hoje, qualquer pessoa pode escrever posts de blog, produzir um gráfico ou programar um aplicativo com alguns comandos de texto — mas, na prática, o conteúdo gerado por IA raramente resulta em um produto final satisfatório por si só.
A questão transformou o mercado de trabalho para muitos freelancers. Contudo, apesar da preocupação generalizada de que a IA esteja substituindo profissionais em vários setores, alguns dizem ter encontrado novas oportunidades justamente por causa das falhas da tecnologia: escritores são contratados para melhorar textos gerados pelo ChatGPT, artistas para corrigir imagens defeituosas feitas por IA, e até desenvolvedores de software recebem a tarefa de consertar aplicativos com bugs criados por assistentes de IA.
Um relatório recente do MIT constatou que a IA tem substituído mais trabalhadores terceirizados do que funcionários permanentes. Mas também revelou que 95% dos projetos-piloto de IA generativa nas empresas não estão trazendo nenhum retorno sobre o investimento.
“O principal obstáculo para a escalabilidade não é infraestrutura, regulação ou talento”, afirma o relatório. “É o aprendizado. A maioria dos sistemas de IA generativa não retém feedback, não se adapta ao contexto nem melhora com o tempo.”
Aumento da demanda de trabalhos criativos mais complexos

Enquanto as empresas ainda lutam para definir sua estratégia em relação à IA, dados recentes fornecidos pelas plataformas de trabalho freelance Upwork, Freelancer e Fiverr sugerem que a demanda por diversos tipos de trabalho criativo disparou neste ano, e que os clientes estão cada vez mais em busca de humanos que saibam trabalhar ao lado da IA, sem depender dela totalmente, nem rejeitá-la.
Dados da Upwork mostraram que, embora a IA já esteja automatizando tarefas repetitivas e de menor qualificação, a plataforma vem registrando crescente demanda por trabalhos mais complexos, como estratégia de conteúdo ou direção de arte criativa. Já a Fiverr informou que, nos últimos seis meses, viu um aumento de 250% na demanda por tarefas de nicho em áreas como design de sites e ilustração de livros, variando de “ilustração de livro infantil em aquarela” até “design de site Shopify”.
De forma semelhante, a Freelancer registrou neste ano uma alta na procura por humanos em redação, branding, design e produção de vídeo. Além disso, houve um aumento de pedidos por conteúdos emocionalmente envolventes.
“Quero dizer, a maneira mais rápida de ser dispensado é mandar uma carta de amor para sua namorada ou namorado escrita pelo ChatGPT”, disse Matt Barrie, CEO da Freelancer, sobre o fenômeno. “E é a mesma coisa para as marcas. O mercado percebe quando a IA produziu algo totalmente, e há uma reação visceral imediata a isso.”
Além disso, marcas flagradas usando IA continuam enfrentando rejeição dos consumidores. No mês passado, a Guess gerou indignação online ao exibir uma modelo criada por IA em um anúncio publicado na Vogue.
Sendo assim, mesmo sem levar em conta os erros evidentes cometidos por ferramentas de IA, alguns artistas afirmam que seus clientes simplesmente querem o toque humano para se diferenciarem do crescente volume de conteúdo gerado artificialmente que circula online.
E você, seu trabalho ainda é 100% humano ou você já incorporou algumas ferramentas de IA na pipeline? Talvez você esteja utilizando algumas delas até sem perceber, como essas ferramentas disponíveis no Adobe Photoshop (beta).
Boa semana!
Daniel desligando.
Fonte: NBC News