Você é detalhista? Perfeccionista? Fica horas tentando identificar e consertar pequenos defeitos que vê em seus projetos, tanto na animação quanto no design? Essa qualidade transita entre ser algo ruim e algo desejável.
Buscar a perfeição pode atrasar muito a conclusão de qualquer projeto. Mesmo assim, na minha experiência como designer e animador, uma coisa é muito clara: o que separa o bom do excelente são os pequenos detalhes. Um ease um pouco mais suave na sua curva de animação, ou uma tipografia um pouco menor ou maior em seu design.
Aí está o nosso grande paradoxo: por um lado, é melhor feito que perfeito. Por outro, a atenção aos detalhes é o que vai te tornar um profissional diferenciado. O que fazer, então?
Mais importante do que buscar sempre a perfeição no seu trabalho, é identificar o seu nível de percepção dos detalhes que o tornariam perfeito. Os pequenos detalhes que transformam um projeto bom em um projeto incrível.
Vamos falar de um walk cycle para exemplificar. Todo mundo que já lidou com animação de personagem teve que fazer este exercício. Quantas vezes você já olhou para o movimento do seu personagem andando, sentiu algo estranho, mas não conseguiu identificar o que tinha de errado. “Ele parece estar mancando um pouco. Mas porquê? Aonde está o problema?”
Aí você mostra para um animador experiente. Ele vai conseguir dizer quais os detalhes que causam essa estranheza (por mínimos que sejam).
Por isso, eu sempre digo que é necessário ter uma mentalidade de quadro a quadro, mesmo quando estiver animando no After Effects. Cada frame é um detalhe. É incrível como um único frame fora do lugar faz toda a diferença na animação completa (falo mais sobre isso neste artigo).
Existe uma consequência meio chata em tudo isso. Um profissional que tem pouco domínio de design, tem dificuldade de separar o “bom” do “mediano” e, assim, pode até ter um entendimento equivocado sobre o nível do próprio trabalho. Por isso é importante conversar e se comparar com outros profissionais.
O que precisamos fazer é lidar com os detalhes conforme a nossa percepção deles, solucionando os problemas que temos facilidade em identificar.
Com certeza, com a experiência, vamos adquirir a habilidade de perceber mais facilmente o que está errado nas animações e nos nossos designs e, além disso, também vamos saber exatamente o que fazer para melhorá-los. Isso acontece naturalmente depois que adquirimos um repertório visual rico e cada vez mais sofisticado.
Ser perfeccionista pode ser bom, mas talvez o seu perfeito não seja tão perfeito quanto o daquele profissional superstar que você admira.
–
A capa deste artigo é do Ty Dale!