A discussão sobre o uso, a necessidade e a presença de ferramentas que utilizam Inteligência Artificial para gerar arte está em alta no campo criativo. Os intitulados text-to-AI Systems têm gerado um misto de desespero e encantamento – dependendo de como encaramos seu uso e suas diretrizes. Aqui no Layer Lemonade temos conversado com a comunidade, trazendo diversos posts e lives no YouTube sobre o tema, de maneira que consigamos perceber o que profissionais da área de Motion pensam sobre o tema.
Mas fugindo um pouco do Motion Design em si, existe uma questão sobre como os bancos de imagens na web (como Freepik, Shutterstock, Gettyimages e etc.), lidam com a chegada das inevitáveis imagens geradas por IA em suas bases de dados, pois seus direitos autorais estão em um território, no mínimo, duvidoso.
Em alguns lugares, não é permitido
Bancos de imagens revolucionaram a forma como se cria conteúdo, reunindo em um só lugar uma biblioteca quase infinita de imagens vetoriais, fotos, vídeos, músicas, ilustrações e muito mais. Tudo isso é criado por milhões de artistas ao redor do mundo, abastecendo o vasto mercado publicitário e sua urgência de produção diária. É indiscutível: quem trabalha no campo criativo vai acessar um ou outro banco de imagens – seja pra pegar uma foto e recortá-la, seja pra baixar um vetor e animá-lo.
Essas imagens, contudo, têm direitos autorais muito claros que, em sua maioria, os assinantes pagam pra usar. Então o receio sobre imagens geradas por sistemas de IA e disponibilidazadas em lugares como Shutterstock é compreensível em vários aspectos.
“O conteúdo gerado por IA pode não ser enviado para a Shutterstock porque, de acordo com nossos Termos de Serviço do Colaborador (seções 13d e 13f), os colaboradores devem ter propriedade IP comprovada de todo o conteúdo enviado. Como os modelos de geração de conteúdo por IA aproveitam o IP de muitos artistas e seus conteúdos, a propriedade do conteúdo gerado por IA não pode ser atribuída a um único indivíduo e, em vez disso, deve remunerar todos os artistas envolvidos na criação de cada conteúdo novo.”
Termos retirados do SAC do Shutterstock
Shutterstock.AI, OpenAI e direitos autorais
Em 2021 o Shutterstock anunciou uma parceria com a OpenAI (empresa por detrás do sistema DALL-E), mas esse anúncio não trouxe nada imediato aos assinantes da plataforma. Foi mais um “estamos de olho nas IAs e vamos fazer algo a respeito”. Nos bastidores, contudo, as duas empresas andam trabalhando na criação daquilo que parecer ser o futuro dos bancos de imagens: uma ferramenta baseada em IA (no caso aqui o DALL-E), que possibilita que nós, assinantes, pudéssemos gerar imagens via IA pra nós próprios.
Este acordo, então, aprofunda ainda mais a parceria estratégica entre o Shutterstock e a OpenAI, que começou em 2021.“Os dados do Shutterstock que licenciamos foram fundamentais para o treinamento do DALL-E”, disse Sam Altman, CEO da OpenAI.
Em comunicado à imprensa, o Shutterstock disse que “Quando essa integração for lançada no Shutterstock nos próximos meses, os clientes receberão acesso direto a esses recursos de geração de imagens IA, melhorando seus fluxos de trabalho criativos.”
Com relação aos direitos autorais, o comunicado segue dizendo que “Nós criamos uma estrutura para fornecer compensação adicional para artistas cujos trabalhos contribuíram para desenvolver os modelos de IA. A Companhia também tem como objetivo compensar seus colaboradores na forma de royalties quando sua propriedade intelectual é usada.”
Ou seja, essa nova ferramenta usará a imensa estrutura do Shutterstock para criar novas imagens via IA; “Essa colaboração apresenta os recursos contínuos de geração de imagens da OpenAI, oferecendo aos clientes a capacidade de gerar imagens instantaneamente com base nos critérios digitados”.
Quando, quanto e como?
O comunicado não deixa claro quando essa nova ferramenta será lançado aos assinantes do Shutterstock; há apenas um “nos próximos meses”. Também não há menção sobre valores e se assinantes atuais terão acesso a nova ferramenta, ou se haverá algum tipo de plano específico para uso da DALL-E integrado ao banco de dados.
Dúvidas à parte, é interessante ver como essas gigantes da indústria criativa estão se movimentando em prol do uso das text-to-AI Systems. A própria Microsoft anunciou em Outubro a integração da DALL-E em sua suíte Office, mostrando que essa será, deveras, a nova tendência da indústria.
Tá afim de assistir e ouvir uma discussão nossa sobre o uso de IA no Motion Design?
Fonte: Shutterstock