O Auto-Foco é um post que vai ao ar toda segunda-feira e traz, a cada semana, um artista em destaque. Seja animador ou motion designer, conhecido ou desconhecido, grande ou pequeno, vivo ou extinto; se for talentoso, o Auto-Foco o fará jus.
Nascido em 1968 em Los Angeles, Michael Arias é um cineasta, animador, desenvolvedor de softwares VFX e produtor naturalizado japonês. Ele foi o primeiro diretor/animador não-japonês a estabelecer com sucesso um longa metragem no estilo anime.
Ainda jovem, Arias ganhou dos pais uma 16mm para “brincar” de cineasta em casa. Foi então que sua paixão por cinema despertou. Após terminar o Ensino Médio, Arias entrou na Wesleyan University para o curso de Línguas, mas abandonou dois anos depois para perseguir uma pretensa carreira de músico e, não sendo feliz nessa escolha, voltou para Los Angeles onde iniciou de vez seu caminho no cinema.
Em 1987, tornou-se estagiário não-remunerado no estúdio de efeitos visuais recém criado Dream Quest Images. Quando foi incorporado como funcionário legítimo, Arias trabalhou mais como assistente de câmera nos estágios de motion control. Nessa época, participou de filmes como The Abyss, Total Recall e Fat Man and Little Boy.
Em 1991, ele foi abordado pela Imagica para trabalhar no Japão como motion control. Menos de um ano depois, foi convidado pelo produtor de jogos Tetsuya Mizugushi para integrar o time da nova unidade de CG da Sega. Por ali, Michael co-dirigiu e animou o filme Megalopolice: Tokyo City Battle (apresentado na Siggraph 1993).
Com uma carreira prolixa e abrangente, Michael Arias chegou a trabalhar na Softimage, onde mergulhou na mental ray API e desenvolveu o Softimage Toon Shader para cel animation. Com isso em mãos, Arias trabalhou com equipes da Dreamworks e Studio Ghibli para adicionar um sabor 3D em animações tradicionais. Filmes como Prince of Egypt, The Road to El Dourado, Princesa Mononoke e A Viagem de Chihiro usam de sua engine e técnicas.
Em 1995, estava definitivamente morando em Tokyo e conheceu o mangá Tekkonkinkreet de Taiyo Matsumoto, que o afetou profundamente. Micheal disse “chorei tantas vezes lendo essa história… Isso foi uma experiência única pra mim, ser levado às lágrimas por um mangá.”
Durante uma conversa com Koji Morimoto (diretor e animador japonês que demonstrava intenso interesse pelos programas desenvolvidos por Arias), em Novembro de 1997 Morimoto arranjou para que Michael conhecesse Taiyo Matsumoto. Ali começou uma rápida ascensão no desenvolvimento do piloto/demo todo em CG de Tekkonkinkreet, encabeçado por Koji Morimoto e com CGs e cel shaders de Michael Arias.
O piloto tinha quatro minutos suficientes para arrebatar o público e ser premiado como Non-Interactive Digital Art na Japan Media Arts Festival, sendo em seguida levado para a Siggraph 2000. Após isso, o projeto foi deixado de lado, pois Arias fora chamado para produzir o compêndio de nove curtas intitulado Animatrix, que consumiu três anos de sua vida.
Com a co-produção de Hiroaki Takeuchi e Eiko Tanaka (Studio 4C), produziu e desenvolveu oito dos nove curtas. Para dirigir cada curta, ele reuniu o que chamou de dream team de gênios da animação japonesa, que incluía Yoshiaki Kawajiri, Koji Morimoto, Shinichiro Watanabe, Mahiro Maeda e Takeshi Koike. The Animatrix foi um sucesso e premiado em vários festivais do gênero, incluindo ASIFA Annie Award por Outstanding Achievement in an Animated Home Entertainment Production.
Somente em 2003, Michael retornou ao projeto de Tekkonkinkreet, sendo encorajado pelo mentor Morimoto em reviver o longa com a produção do presidente do Studio 4C Eiko Tanaka. Arias dirigiu o filme que ficou pronto em agosto de 2006 com premiere no Tokyo International Film Festival. A curadora do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque), Barbara London nomeou Tekkonkinkreet como “Melhor filme de 2006” na sua coluna Art Forum, e posteriormente arranjou para que a animação viesse para o Ocidente com premiere no MoMA.
Outras produções da Michael Arias incluem Ani Kuri15( 2007), Heaven’s Door (2007), Hope (2009), Harmony (2014).
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