Yasuhiro Aoki, um dos grandes nomes da animação japonesa, resolveu se desafiar em ChaO, seu primeiro longa como diretor solo.
O filme fez sua estreia no Annecy Festival e chega cheio de cores vibrantes, assim como um ritmo bem energético. Um contraste com seus trabalhos anteriores, como Batman: Gotham Knight e Psycho-Pass: The Movie, que são conhecidos por serem mais sombrios.
“Quando começo um projeto novo, gosto de fazer o oposto do que já fiz antes”, explica o diretor.
Atualmente, Aoki assume o cargo no Studio4°C, que produz obras super diferentonas com estilo nada convencional, assim como ChaO. Inclusive, um dos meus estúdios de animação favorito
A narrativa de ChaO
Em ChaO, conhecemos Stephan, um inventor mega azarado que vive em uma Xangai futurista cheia de criaturas que divide o espaço com os humanos.
Tudo muda quando uma onda gigante o leva pro fundo do mar. Ele acorda no hospital e, para sua surpresa, descobre que agora todo mundo só fala de uma coisa: seu suposto romance com a princesa Chao, a sereia que salvou sua vida.
O problema? Stephan não lembra de nada e, para piorar, já tem um casamento marcado.

Uma Xangai fantástica
O cenário de Xangai tem toda a identidade das animações do Studio4°C. O estúdio tem um jeito muito próprio de retratar ambientes, sempre buscando ângulos inusitados e detalhes que passam batido em outras produções. Um exemplo disso são os fios elétricos suspensos, bem na pegada de Tekkonkinkreet.
Escolher Xangai como cenário não foi à toa. A cidade tem uma energia própria, muito diferente da Tóquio que todo mundo já está mais habituado a ver. Essa diferença chamou a atenção do Studio4°C.

A equipe foi para lá durante a pré-produção para fazer pesquisas de locação e acabou totalmente impressionada com o ritmo caótico e cheio de vida da cidade.
E todo esse caos ajudou a moldar o mundo do filme.
Os personagens são bem diferentes uns dos outros, e o desafio era criar um universo coerente em torno deles. O resultado é um mix visual incrível, que mistura o estilo manga com elementos de fantasia, mantendo aquele toque estranho e fascinante que só o Studio4°C consegue entregar.
A diversidade dos personagens
Stephan e Chao certamente se destacam na multidão, mas não são os únicos que chamam a atenção. O filme está cheio de transeuntes e criaturas coloridas que tornam a cidade um verdadeiro espetáculo de diversidade.
“Gosto de brincar com os traços dos rostos e usamos uma abordagem parecida com uma lente teleobjetiva nos cenários”, conta Aoki.

E a variedade não para por aí. Os personagens aparecem em todos os tamanhos e formatos, criando um efeito visual super interessante quando estão juntos.
“No anime, normalmente o mundo é coerente, tudo combina certinho”, explica Aoki. “A gente quis fugir disso — por isso alguns personagens são mais magrinhos, outros mais arredondados. O filme fala sobre coexistência, e espero que o público veja que a diversidade e a variedade é justamente o que deixa esse mundo tão bonito.”
A magia da animação
Assim como outros grandes estúdios japoneses, o Studio4°C vem se reinventando quando o assunto é técnica e visual. Cerca de 70% do filme é desenhado à mão, mas algumas cenas, como a perseguição de carros, foram totalmente feitas em CG.
O que torna ChaO especial é que ele é uma verdadeira ode ao amor, algo que só a animação consegue transmitir. “Sem alguém segurando a caneta e criando cada detalhe, nada disso existiria. Acho que a animação é essencial para contar histórias de amor, porque tudo começa com o amor de uma pessoa pelo desenho.”