Todo mundo sabe (ou deveria saber) que no mundo da arte e do design existe uma espécie de “guerra de egos”. O diretor de arte, o cliente, a agência, o designer, o artista de voz, e praticamente todo mundo envolvido na peça sempre tem uma opinião de como as coisas deveriam ser e, se não existe uma hierarquia bem definida, as coisas podem ficar feias no momento do feedback. E tudo corre lindamente na pré-produção quando as pessoas acham que estão se entendendo e imaginando as mesmas coisas para o projeto, tudo carregando mais e mais doses de expectativa em todas as partes – inclusive as expectativas que a própria pessoa tem nela mesma, o que nem sempre vem acompanhada de um olhar mais crítico para a própria arte, e nesse momento pode rolar das pessoas venderem mortadela e arrotarem caviar – e levarem todo mundo a acreditar que é o caviar que está sendo vendido.
Quem trabalha em empresa sabe que isso pode rolar até mesmo entre dois times diversos trabalhando no mesmo projeto, com o mesmo objetivo e dentro de funções bem parecidas e complementares. Porém, contudo, todavia, em algum momento precisamos dar e receber feedbacks mesmo nesse campo minado e é sobre como não pisar numa bomba nessas minas que eu quero falar hoje.
Existem dois momentos nesse contexto que podem ser bem complicados: o dar e o receber o feedback. Um porque, mesmo que você não saia de ego ferido, você pode ferir alguém se não escolher as palavras e momento certo pra isso e o outro porque você não precisa aceitar todas as coisas que forem ditas, mas precisa escutar e saber argumentar caso não concorde.
Antes de qualquer coisa, você deve parar e respirar: seja dando ou recebendo feedback, você precisa lidar com essa situação com calma e atenção. Lembre-se: em ambas as situações o momento do feedback deve trazer benefícios para as duas partes.
Escutar a outra parte é uma escolha, (e nesse caso, provavelmente a melhor delas, MESMO que você NÃO concorde) e isso serve tanto para dar quanto para receber o feedback de alguém.
Na hora de dar um feedback, é necessário preparar o que vai ser dito – pode fazer uma listinha mesmo, se isso te ajudar; e lembrar que não é somente o que deu errado, mas também ressaltar os pontos positivos do projeto e da interação (dica: não importa o quanto você está bravo, se o trabalho foi entregue já existe algum ponto positivo para falar; você não precisa dar o feedback no momento da raiva e é muito melhor que não dê nenhum feedback nesse momento).
Se está recebendo o feedback, por outro lado, é importante lembrar e reconhecer que a pessoa que está dando o feedback (pode não ter lido esse texto – risos espontâneos da autora) pode estar falando com emoções a flor da pele e até mesmo não se expressar de maneira que você entenda tudo o que ela está dizendo. No caso, se você perceber alguma dessas alterações, não discuta ou argumente num primeiro momento, mas volte no assunto e faça perguntas para esclarecer o que foi dito quando perceber que os ânimos voltaram ao normal.
Não esqueça de agradecer, em ambos os casos, pelo tempo da pessoa em te ouvir e/ou ter preparado um feedback – de novo, mesmo que você não concorde e leve isso em consideração depois de repensar as suas ações/condutas e perceber o que de positivo você pode levar daquilo – no mínimo, agora você entende um pouco melhor o ponto de vista daquela pessoa.
Depois do feedback dado ou recebido, é importante pensar, se possível em conjunto, sobre ações práticas para a mudança, então separe esse tempo para pensar e expor ideias e dicas de como você faria agora que tem uma visão geral da situação.
Dependendo do tipo de problema discutido, peça para retornar ao assunto algum tempo depois, quando ações já tiverem sido tomadas, e rever como anda essa situação problema (o tal do follow-up).