As animações mexicanas receberam um reconhecimento especial nesse ano no Annecy Festival como país de honra. E não podia ser diferente, já que a indústria está se desenvolvento muito rapidamente por lá.
Na última década o México produziu a mesma quantidade de animações e programas de TV do que o total de todos os 50 anos anteriores juntos. Hoje em dia, experenciam uma combinação saudável entre originalidade, estúdios, escolas e festivais que incentivam a colaboração.
“O objetivo da delegação mexicana em Annecy é exibir a arte e as capacidades da indústria de animação mexicana, encontrar novos parceiros de co-produção para os estúdios e apresentar nosso patrimônio”, diz Jordi Iñesta, co-fundador do festival de animação latino-americano Pixelatl, sediado em Guadalajara.
Além disso, o evento deste ano também recebeu a maior delegação já presente no festival, com um número estimado de 300 participantes, incluindo líderes de estúdios, artistas e estudantes.
Um pouco da história
A história da animação mexicana é muito rica e complexa. O cenário dos últimos anos tem sido majoritariamente artesanal e autodidata. A princípio, até os anos 90 não havia nenhuma graduação especializada em animação. Entretanto, alguns artistas tiveram a oportunidade de ir pra programas internacionais, incluindo o CalArts ou Gobelins, e alguns deles voltaram ao México pra estabelecer seus próprios estúdios e cursos.
Anteriormente, os longas-metragens eram produzidos através de financiamento público. Programas do governo permitiram que os estúdios produzissem curtas animados, desenvolvessem roteiros e pós produção por meio de iniciativas de desenvolvimento de software ou com a ajuda do “The Mexican Film Institute”.
Grandes projetos surgiram e desapareceram, pois a maioria dos esforços estava desconectada entre si. Toda vez que a indústria estava no caminho de se tornar uma estrutura consolidada, a falta de financiamento consistente e falências de estúdios fariam com que todos os esforços quase desaparecessem da noite para o dia. Eventualmente, deixando uma onda de artistas que tiveram que começar do zero.
Um exponencial crescimento
Apesar do país ser um dos maiores mercados na indústria de entretenimento (a maior bilheteria no LatAm), em 2010 não havia nenhuma propriedade intelectual original nas telas. Apenas algumas notáveis exceções como “O Chaves” e os populares filmes do “Huevocartoon”. Entretanto, quando os co-produtores estrangeiros começaram a buscar parceiros adequados, perceberam que o talento estava presente, mas não a capacidade de produção.
Também houveram alguns fatores que contribuíram para o crescimento da animação na região. Um deles foi o forte senso de comunidade, alguns diretores de estúdios começaram a estabelecer contato um com outro e optaram por aprenderem juntos e alinhar a pipeline.
Desse modo conseguiram entrar em nível internacional, permitindo que os estúdios se contratassem mutuamente para assumir contratos mais ambiciosos.
Uma nova Era
Um dos exemplos dessa nova onda da animação mexicana é o Cinema Fantasma, fundado por Arturo e Roy Ambriz. Eles começaram a trabalhar no primeiro curta de stop motion enquanto estavam na faculdade com ajuda de alguns colegas e familiares.
Ganharam mais popularidade através dos anos e tiveram a oportunidade de fazer colaborações pra séries populares, assim como Rick e Morty e Victor e Valentino. Neste ano estão produzindo oito animações e empregaram mais de 60 especialistas em stop-motion para o longa-metragem “Sustos Ocultos de Frankelda”. Também começaram a produção do segundo filme e estão trabalhando em uma série não anunciada para Hollywood.
Ano passado, o El Taller del Chucho, em Guadalajara, desempenhou um papel importante na produção de “Pinóquio” de Guillermo del Toro para a Netflix. “Eu achei realmente importante que a arte deles fosse vista em um filme deste calibre”, disse del Toro à Variety no ano passado.
Outro estúdio que está em alta é o Casiopea. Em 2022, foi um dos quatro estúdios que trabalharam na produção do filme “Home Is Somewhere Else”, uma seleção oficial do Annecy. Uma animação comovente sobre migração, dirigido por Jorge Villalobos e Carlos Hagerman.
A WarnerMedia Latin America tem sido uma das principais forças impulsionadoras de ideias originais na região. Em 2014, Pablo Zuccarino, atual Gerente Geral de Conteúdo Infantil, e Hernan La Greca, ex-Diretor Sênior de Produções Originais, participaram do Festival Pixelatl e ficaram surpresos com o talento reunido e puderam conhecer os futuros criadores para suas plataformas.
E pra aumentar mais o repertório, vale a pena dar uma conferida nesse post sobre animações da Índia.
Fonte: Animation Magazine