Certa vez, mais no início da minha carreira, um motion designer muito mais experiente que eu disse que o Speed Graph (Gráfico de Velocidade) era inútil. O motivo para ele achar isso era simples: nenhum outro software de animação (que eu tenha conhecimento) tem o Speed Graph. Os programas 3D, como o Cinema 4D, só possuem Value Graph (Gráfico de Valores) e que, diga-se de passagem, é bem mais intuitivos do que o Value Graph do nosso querido After Effects.
Apesar de usar o Gráfico de Velocidade mais frequentemente do que o de valores, na época eu achei que fazia sentido aquele raciocínio do meu colega. Foi só recentemente que eu entendi exatamente porque o Speed Graph é, na verdade, uma pérola! Talvez seja uma das melhores ferramentas pro After Effects depois que você entende o que ele é capaz de mostrar de forma bem mais clara que no Value Graph.
Para começar, eis o básico de como o Gráfico de Velocidade funciona:
O eixo X mostra o tempo. O eixo Y é a velocidade medida em pixels por segundo. Ou seja, quanto mais alto vai a curva, mais rápido está seu objeto naquele ponto. Quando a linha toca o eixo X (atinge o zero) o objeto pára.
Você até consegue ver o seu pico de velocidade no Value Graph: é o momento em qua sua curva está no máximo de inclinação. Mas é muito mais difícil de ver, e bem menos intuitivo.
Acontece que essa informação é essencial para combinar com maestria o movimento de diversos objetos ao mesmo tempo. Vou dar dois exemplos que mostram como ter plareza do pico de velocidade é importante para uma animação bonita.
Fazendo um morph
Se você troca o objeto principal da animação exatamente no pico da velocidade do movimento, o seu olho será enganado e você vai sentir que aconteceu um morph (um objeto se transformou no outro). Se isso acontece fora do pico, o resultado é claramente “estranho” e nada bonito.
Combinando animações diferentes
Se você tem dois objetos diferentes, fazendo movimentos diferentes, em timings diferentes, parece muito difícil fazer com que essas duas animações “combinem” e sejam fluidas visualmente. Não é difícil se você fizer com que os dois picos de velocidade sejam o mesmo. Assim como nesse gráfico:
Vale reparar que, no caso do gráfico acima, a linha azul tem um pico de velocidade muito inferior ao pico da linha rosa. Mesmo assim, se eles se encontram no mesmo ponto, a animação funciona bem. Eis o resultado da animação dessas curvas:
Agora, a título de comparação, veja o que não fazer. Na animação a seguir os picos de velocidade não se encontram. A animação fica super esquisita, não é?
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E aí? O que achou desse artigo um pouco mais técnico sobre animação? Te ajudou? Deixa nos comentários!