Daniel Rodrigues é um talentoso motion designer com sede em São Paulo e com diversos clientes espalhados pelo mundo, entre eles Netflix, Globo, GNT, TNT e Google. Em 2014 sua graduação em Design pela USP resultou em um impecável TCC com direito a destaque no behance. Atualmente Daniel trabalha como freelancer e nessa entrevista trás uma ótima notícia quanto ao seu futuro profissional em um estúdio MUITO querido por todos da área. Puxe uma cadeira e aproveite o momento com mais um Papo Lemonade cheio de inspirações.
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E depois de tudo, para conseguir um resultado satisfatório de trabalho é importantíssimo você estar cercado de bons profissionais. A maioria dos trabalhos são feitos em grupo, e eu acredito que uma equipe forte uma comunicação ampla e horizontal melhora a qualidade de qualquer trabalho.
LL: O seu projeto de conclusão do curso de Design da Universidade de São Paulo, feito em 2014, foi um dos projetos mais incríveis que já vi pelo behance, tanto pela apresentação quanto pelo conteúdo. Como foi o seu método para organizar e produzir esse projeto? De onde você tirou inspiração e o que mais te dá orgulho nele? E ah! É possível encontrarmos o projeto na íntegra em algum lugar?
DR: Obrigado! Bom, este video é o resultado do meu TCC, uma pesquisa sobre o potencial do movimento na construção de significado. Imagino que todos aqui devam ter lido artigos, textos ou matérias sobre Gestalt, ou como a relação entre os elementos de uma composição estática cria esse ou aquele significado. Entretanto, é muito difícil de se encontrar uma análise sobre o movimento construindo sensações e agregando valores a elementos do design. Dessa forma, segui adaptando conceitos de diferentes áreas com este foco, e compilei os novos conceitos identificados através de pequenos módulos de animação.
LL: Você já chegou a comandar um projeto colaborativo chamado everyweek, né? Hoje em dia, com relação a projetos e estudos pessoais, você chega a manter alguma constância diária/semanal de produções? O que você busca aprimorar atualmente no seu trabalho e porquê?
DR: Sim! Foi muito legal estar envolvido nesse projeto, tocado por mim e pelo Rafael Araújo principalmente, mas com muita ajuda do Matteus Faria, Danilo Gusmão e muitos outros. Resumindo, a ideia veio em uma época aonde todos falavam dos Everydays, do Beeple, como uma boa forma de exploração técnica e conceitual. Mas sentimos que existia uma barreira de direcionamento e de motivação para outros profissionais se envolverem nesse tipo de dinâmica. O Everyweek veio para construir uma pequena comunidade que trocava experiências nessa experimentação semanal. Acabamos encerrando o projeto depois de alguns meses, mas teve muita coisa boa sendo feita nesse processo.
Sobre os projetos pessoais hoje, confesso que fico em falta. Sempre quis fazer um curta, mas nunca superei a barreira do roteiro hahaha. Encontrei como válvula de escape o tumblr, aonde posto gifs rápidos de ideias que tenho no meio de outros projetos, ou de elementos que ficaram legais.
Hoje o meu foco de aprendizado tem sido na animação de personagem. Por muito tempo vi esse campo como uma área secundária, mas cada vez enxergo mais a sua importância para criar empatia e interesse no produto final.
LL: Como você gerencia seu tempo para produzir, atender clientes e viver a vida?
DR: Essa pergunta é difícil. Nunca usei nenhum gerenciador de tempo nem outras ferramentas para me ajudar nisso. Acho que sempre fui seguindo o bom senso.
Com certeza a vida ficou mais tranquila nos momentos em que consegui construir uma rotina, com horário para acordar a para parar de trabalhar, mas é difícil de se manter assim. Num geral eu tento pegar alguns dias de folga entre um projeto e outro para colocar tudo em dia, além de tirar férias sempre que possível.
Atender clientes acaba sendo um dos maiores gargalos da vida do freelancer. É difícil dar a atenção necessária com tudo acontecendo ao mesmo tempo.
LL: Quais os profissionais e estúdios que você mais admira atualmente? E com qual/quem você tem vontade de trabalhar?
DR: Para estúdios, tenho uma lista de alguns lugares que são referência para mim:
Brasil: Vetor Zero/Lobo, Birdo, Acaca.
EUA: Buck, Oddfellows, The Mill, Imaginary Forces, Elastic, Man vs Machine, Gretel, Gentleman Scholar, Gunner
Canada: Giant Ant
Europa: Animade, Nöbl, Golden Wolf
Argentina: 2Veinte
Asia: Bito, Ouchhh
Sobre profissionais, ultimamente tenho admirado quem tem iniciativas para além do motion design, como o Daniel Savage, que construiu a plataforma mixed.parts, ou todos que tocam podcasts com conteúdo de qualidade, como o Zac Dixon (animalators) e o Ash Thorp (The Collective Podcast). Dividir o conhecimento é a chave.
Para profissionais mais atuantes como animadores, admiro muito o trabalho do J.R. Canest. Ele esteve por trás de algumas das peças mais incríveis dos últimos anos, além de ser um sul-americano mandando ver mundialmente. Além de tudo também se envolve em iniciativas como o Wine After Coffee e o Blend Festival.
LL: Para o freelancer, trabalhar pela internet é algo muito comum nos dias atuais. Você tem alguma abordagem para buscar novos clientes e parcerias nessa imensidão da web? Você acredita que estar ativo nas redes sociais é algo importante para a nossa profissão?
DR: Sendo freelancer, um dos pontos principais para garantir a sua saúde profissional é a prospecção de novos clientes. Imagino que muitos que lêem o blog não devam ser de São Paulo ou do Rio, e podem ter uma boa dificuldade para encontrar produtoras para trabalhar fixo. O trabalho remoto pode ser uma boa saída sempre.
Imagino que a auto-promoção seja mais importante do que parece. Se você conseguir mais propostas de trabalho do que da conta de fazer, começa a ter a possibilidade de escolher e de cobrar de uma forma mais justa.
O Behance me ajudou por muito tempo como minha principal plataforma e muitos trabalhos vieram por lá, ainda mais depois de receber alguns features do site. Hoje em dia tenho um site pessoal: www.danielrodrigues.tv
Mas a principal fonte de trabalhos ainda é no boca a boca. Construa uma boa reputação, cumpra os prazos, não deixe ninguém na mão e tente sempre entregar um trabalho de qualidade que mais e mais projetos aparecerão 🙂
LL: E finalmente, o que podemos esperar de Daniel Rodrigues no futuro? Alguma novidade bacana que queira compartilhar conosco? E claro, deixa aquela mensagem pra quem está começando na área e ainda se encontra um pouco perdido. Por onde seguir?
DR: Tem novidade! Ano que vem vou voltar a trabalhar fixo, agora na Buck L.A.! Estou super animado para ver como será a dinâmica de trabalho em um ambiente tão diferente do que estou acostumado.
Para quem está começando, reforço duas dicas principais: Estude design e domine a técnica dos softwares. Com esse aprendizado você ganhará liberdade, confiança e agilidade, o que rapidamente irá subir a qualidade do seu trabalho. Dinheiro é bom, mas sempre escolha seguir para o caminho que te possibilite a construção de um portfólio mais forte. A consequência disso serão mais oportunidade no futuro.
RAPIDINHAS
LL: Mouse ou Tablet?
DR: Tablet! Além de tudo previne tendinite hahahaha
LL: O melhor cd de todos os tempos?
DR: OK Computer – Radiohead, sem pensar duas vezes
LL: Um livro favorito?
DR: Sou fã dos livros do Saramago
LL: Um lugar para visitar assim que possível?
DR: Para natureza, Islândia. Mas sempre tive aquela vontade de conhecer o Japão!
LL: Um canal do youtube?
DR: Univesp. Às vezes deixo video-aulas rolando enquanto trabalho. Ultimamente acompanhei um curso inteiro pelo canal da Univesp, que tem um conteúdo acadêmico de qualidade, dificilmente encontrado no youtube. E para música, a rádio NPR tem o Tiny Desk, com uma ótima curadoria!
LL: Ctrl + S ou Auto Save?
DR: Cmd + Shft + S. Quanto mais versões, melhor
LL: PC ou MAC?
DR: Mac, mas pensando em migrar de volta no próximo ano.
LL: Cerveja ou Limonada?
DR: Cerveja no sábado, limonada no domingo.
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O Layer Lemonade agradece imensamente ao Daniel Rodrigues pela entrevista e deseja todo sucesso do mundo nessa nova fase profissional! 😀