O Layer Lemonade está completando 1 ano de vida nesse mês de Maio de 2017, e dentre as várias iniciativas especiais em comemoração dessa data, convidamos Mau Borba – Motion Designer e Head of 3D da STATE Design –, para entrevistar Dhyan Shanasa, fundador e idealizador do Layer Lemonade. Além da entrevista realizada por Mau, os integrantes da equipe do Layer Lemonade fizeram cada qual uma pergunta.
Abaixo o Papo Lemonade Especial de Aniversário, com Dhyan Shanasa.
Há um ano atrás, quando eu conversei com Dhyan Shanasa pela primeira vez, eu passava por uma das crises mais bravas da minha vida. Eu justamente não entendia como poderia manter-me relevante num mercado que muda a cada semana, em uma das indústria mais competitivas do mundo, sem que isso continuasse a me custar a saúde, sanidade e o restinho de jovialidade que disponho. Foi numa dessas primeiras conversas, que esse Goiano de nome curioso e história fascinante me cativou com suas idéias sobre produtividade e qualidade de vida. Mais do que idéias, práticas amplamente amparadas em estudos de autoconhecimento e na vivência integral dos ensinamentos e meditação Zen-Budista.
O volume da presença digital do Dhyan comumente suscita a noção ele não seja um indivíduo e sim um coletivo. São artigos diários (ao menos dois), traduções, mini-docs em vídeos semanais, entrevistas no youtube, conteúdo específico para diferentes plataformas sociais, o trabalho diário em seu estúdio de animação, projetos pessoais, gravação de cursos e tutoriais, produção de podcasts e o gerenciamento do portal / blog de Motion Graphics que idealizou, o Layer Lemonade.
Mais importante, a maioria dessas atividades desenvolvem-se durante os dias de semana dificilmente passando do horário comercial. O que permite ao Dhyan a possibilidade de se dedicar à sua família, hobbies e ao âmbito pessoal de sua vida; talvez esteja aí a chave para um profissional relevante, com a mente renovada à cada manhã para que idéias de qualidade estejam sempre convidadas a manifestar-se.
Mau Borba – “Dhyan Shanasa” é um nome um tanto diferente para um brasileiro, qual a estória por trás dele?
Dhyan Shanasa – Então você sacou, né? Hahah Na verdade meu nome de batismo é Thomaz, mas faz muito tempo que o abandonei. A estória é a seguinte: em minha adolescência lia muito todos os tipos de literatura; e sempre tive a inclinação a escrever. Após ter contato com O Senhor dos Anéis, percebi que o assunto “mitologia-fantástica” era interessante e comecei a escrever alguns livros de fantasia. A ideia fluiu e deu bons frutos, e escrevia diariamente em uma máquina de escrever velha – toda errada, cheia de defeitos -, desenvolvendo esse “meu mundo de fantasia”. Nessa época tinha 14, 15 anos, e escrevia pra mim mesmo pelo simples prazer de criar aquilo; e à medida que os livros tomaram forma, acabei ficando um pouco perturbado. As pessoas acham que escrever é uma maravilha, mas não é bem assim: é um esforço incomensurável produzir um livro do começo ao fim de forma coerente. E meu desafio, o que me movia, era o fato de que J.R.R. Tolkien havia criado tudo aquilo sozinho, então por que eu não poderia? Soa presunçoso, claro, mas é uma reflexão válida. Só que eu era menino, e acho que minha cabeça não estava devidamente pronta pra empreitada. Então passei a me sentir sorumbático, pesado e, como disse, perturbado. Escrevia 8 livros ao mesmo tempo, estudava línguas antigas que nem sei o que são pra compreender como se cria um idioma; criava mapas e mais mapas pra me situar dentro daquele Mundo e tudo isso ficava em meu quarto, absolutamente bagunçado de papéis e anotações. Bem dramático né? Mas foi bem isso. E o que o nome tem a ver com tudo o que contei? Bom, vou chegar lá: minha pertubação chegou a um nível perigoso, e já não conseguia me concentrar em nada que não fosse escrever. Não queria trabalhar, havia parado de estudar, amigos eram só sombras ou reflexos de personagens de meus livros. Num ponto onde as coisas estavam internamente insustentáveis (no sentido interno-pessoal mesmo), me deparei com um pequeno jornal sobre meu sofá. Tratava-se de algo chamado “Buda Shield”, um periódico que circulava dentro de uma comunidade de meditação de um tal mestre indiano chamado Osho (até então absolutamente desconhecido por mim). Peguei o jornal e li uma palestra transcrita desse cara intitulada “O Homem, livre para escolher”. Ao terminar, minha vida mudou. Percebi que toda e qualquer coisa que nos oprime é criada, em última análise, por nós próprios; elas são permitidas por nós. Então escolhi não ser oprimido, nem me deixar levar por “obrigações” que nos esmagam todos os dias; e queimei todos os meus escritos numa grande e feliz fogueira. Após isso, entrei em contato com a comunidade do Osho – a Osho Foundation –, e pedi sannyas (algo que, em poucas palavras, seria como pedir uma iniciação). E nesse processo de iniciação o mestre troca o nome do discípulo, dando-lhe algo que lhe sirva melhor; no meu caso, Dhyan Shanasa, que literalmente significa “Aquele que sabe meditar”. O ato de trocar de nome também é simbólico, pois representa o fato de estarmos dispostos a abandonar o passado e começar nova vida; e foi isso que fiz. Thomaz então virou cinzas na fogueira, e Dhyan veio tomar seu lugar. Hoje em dia, contudo, acredito que um nome é apenas um nome. Mas sei do valor desse processo que passei, e sei também que se não fosse por esse maluco barbudo chamado Osho, eu não teria durado muito tempo por aqui.
Vale lembrar que muitos anos depois, mais tranquilo, retomei minha escrita e atualmente possuo 3 livros publicados.
Mau Borba – Qual foi o seu primeiro contato com animação e quando você finalmente se convenceu que faria o mergulho na indústria Motion Graphics?
Dhyan Shanasa – No sentido de consumir animação, posso dizer que ela fez parte da minha infância de maneira veemente. Sempre fui vidrado por desenhos animados de todo o tipo, e quando a senhorita Rede Manchete passou a exibir animes, percebi que havia algo mais do que Popeye e Pica-pau. Não desmerecendo esses últimos, claro, mas a estética japonesa me agradou muito mais, e a narrativa capitular – e não episódica -, era mais inteligente, pois havia necessidade de se entender o enredo. Claro que estou falando de Shurato, Cavaleiros do Zodíaco e outros animes que, na época, pousaram por aqui e que não tem grandes coisas de enredo, mas têm uma profunda ligação com mitologia e lendas – algo que sempre me fascinou.
De todo modo, nunca imaginei trabalhar com animação, menos ainda em uma área específica. Em nenhum momento de minha vida almejei isso, nem sequer sabia que animações eram produzidas de alguma forma, por um monte de gente. Eu era criança, a internet era coisa de filme mainstream e, apesar de gostar de ilustração, não via isso como carreira.
Sobre mergulhar no Motion Design, começou quando me casei e vim morar em Goiânia a convite de meu irmão mais velho. A ideia era trabalhar numa pequena produtora que ele e um sócio haviam criado depois de editar muitos casamentos. Entrei como editor, montava uns making of de moda, uns materiais publicitários da região e etc. Só que com o tempo começamos a ser sondados sobre Video Mapping e Motion Design (uma linguagem animada que começava a chegar por aqui). E eu, por consumir muita animação, me dispus a aprender na marra como isso funcionava. Nick Campbell foi meu “mentor” e passei 1 ano a fio estudando sozinho cerca de 10 horas diárias apenas Cinema 4D. Depois, recebi um conselho do Gabriel Rocha – da Tendril -, que teve a bondade de apreciar meu portfólio, me chamar e dizer: “Cara, você é bom, mas pode ser muito melhor se usar o After Effects”. Claro que obedeci, e tratei de estudar After Effects e o resultado disso está no Vimeo.
Mau Borba – Ao decidir-se por uma nova carreira, como você lidou com a curva de aprendizado, que em muitos casos desencorajam até mesmo os profissionais mais experientes?
Dhyan Shanasa – Não tive muitas dificuldades nesse sentido. Não que tenha sido fácil, pelo contrário, mas o processo de se aprender algo novo, do zero, só é doloroso pra quem não é disciplinado. Acho que o segredo pra não morrer de raiva ao se aventurar em certas coisas é ter disciplina, criar métodos, estar pronto pra pagar um certo preço e não levar tudo tão a sério. Quando comecei a estudar Motion Design, assistia os tutoriais do Nick Campbell e a partir disso, abria o C4D e ia explorar, sem corre-corre, sem pensamentos do tipo “vamos, preciso aprender isso rápido!”. Só abria e ia brincar. Mas era uma “brincadeira” longa, de 10 horas diárias praticamente sem interrupção. Fazendo isso todo santo-dia por um ano inteiro, não tem como não aprender algo. Você não vai virar um mestre, longe disso, mas dá pra quebrar um galho. Nesse tempo ainda me considerava bem defasado, pois perscrutar um software da magnitude do Cinema 4D é tarefa pra anos a fio; mas não tinha problema, eu conseguia criar peças simples de Motion puro no C4D e os clientes aprovaram. O objetivo inicial era esse: ser bom o suficiente pra criar uma animação de cabo-a-rabo no C4D. E em um ano eu consegui. Um ano, não duas semanas. Depois, passei a estudar fundamentos de Design e coisas assim, pois em matéria de software eu já me virava.
Então, apesar de difícil, não me incomodava o fato de lidar com algo absolutamente alienígena (pois é isso que o Motion Design era pra mim); eu me divertia com os desafios, com os renders zoados, com a dificuldade de se criar uma cena e deixa-la bonita. Era divertido, é divertido e por isso é encorajador.
Mau Borba – Em algum momento você sentiu carência de uma educação formal em Animação ou Design?
Dhyan Shanasa – Não, de modo algum sinto falta de educação formal de Animação e Design. Essa assunto é um pouco delicado, pois tenho uma visão bem particular a esse respeito que pode incomodar algumas pessoas. Primeiramente, não tenho nenhum tipo de educação formal, sequer completei o segundo grau. Dito isso, acredito profundamente que a educação formal não é sinônimo de nada; não faz de ninguém competente nem forma artistas. O que faz alguém “ser motion designer” é o comprometimento que tem em “ser motion designer”. Existe um preço pra isso, que é dedicação diária ininterrupta, mas até um Halls tem seu preço, então… É válido ressaltar, contudo, que não desmereço o processo formal de ensino – apesar de achá-lo defasado -, e acho que fazer uma faculdade tem seus propósitos e méritos. Entretanto, em minha vida isso nunca fez diferença, e no Motion Design não foi diferente.
Não faço apologia ao autodidatismo, tampouco ao ensino formal, pois cada um têm o seu processo e necessita de certos métodos. Há pessoas que não conseguem aprender sem que estejam sentadas de frente ao professor, sendo dirigidas e guiadas; outros preferem tentar a sorte estando sozinhos, aprendendo as coisas a seu tempo. Me enquadro no segundo grupo e respeito o primeiro; mas jamais acredite que por alguém ter formação em algo isso automaticamente já faz dela “aquele algo”.
Isso, contudo, não invalida a necessidade de fazer certos cursos especializados, colaborar com artistas, trocar experiências e por aí vai, pois há sempre alguma coisa pra aprender.
Mau Borba – Você consegue integrar a disciplina e o conhecimento Zen no seu dia a dia e como essas práticas melhoram o seu rendimento e qualidade criativa?
Dhyan Shanasa – Esse integração acontece, mas não de forma propositada. Não me levanto todos os dias e aplico certos métodos por serem Zen e tal. O lance é que, por ter meditado, morado em um ashram de meditação e seguir nesse caminho desde então, isso me dá certos “tesouros”. A disciplina e foco são 2 deles. E esses 2 sozinhos são algo extremamente importante em nossa área, certo? Como seguir os prazos enlouquecedores, o trabalho alucinante e as dificuldades contínuas sem “disciplina e foco”? Não tem jeito, precisamos desses dois lado-a-lado, e digo que o Zen me permitiu aprender a tê-los. E agora que os tenho, fazem parte de mim e não precisam ser aplicados, funcionam como qualquer outra coisa em nosso corpo.
Na parte criativa, contudo, há um eterno exercício de se manter de “olhos abertos”. Sempre olhando em volta e absorvendo, pois nunca se sabe quando uma ideia pode passar diante dos olhos. A criatividade é um mosaico de várias coisas, pode conter milhares de referências e experiências; mas esse mosaico não pode conter ruído, não pode ser barulhento, por assim dizer. O Zen ajuda a eliminar o ruído, e deixa espaço pra montarmos uma “imagem” limpa do que queremos, sem interferências externas. Raramente um artista busca inspiração de maneira propositada. E quando inspiração, não quero dizer no sentido literal, de buscar referências estéticas e etc. Em geral, grandes artistas apenas permitem que a inspiração venha e, pouco a pouco, se manifeste diante deles e a partir deles. As vezes durante o banho, dirigindo, conversando fiado ou folheando um livro é momento em que temos aquele insight e o mosaico se forma.
Mau Borba – Qual foi o projeto de Motion de seu portfólio cujo resultado final te trouxe maior satisfação?
Dhyan Shanasa – Tenho orgulho de todos eles, até dos mais hediondos. Fico feliz por conseguir produzir algo nessa linguagem tão específica, em meio a milhares de artistas incríveis e ainda ser agraciado com elogios de profissionais que estão anos luz a minha frente. Mas meu favorito é o Namu Amida Butsu, que é inspirado n’O Livro de Mirdad – obra de Mikhail Naimy, mesmo autor de O Livro das Selvas (xecorado pela Disney no ocidente como Mogli, o Menino Lobo). Não é um projeto fancy, não tem dinâmica alucinante nem transições incríveis. Por isso gosto dele.
A ideia da animação surgiu quando lia uma passagem dessa obra e percebi que aquilo era bom demais, e que ficaria incrível em uma animação. Então adaptei o texto pra uma linguagem mais simples e procurei enxuga-lo sem perder a essência do original. A partir daí, fui criando uma cadeia estética e algo que me ajudou a resolver esse lado foi o espetacular curta-metragem Limit Cycle – de Hideki Futamura. Há inúmeros “segredos” nesse Namu Amida Butsu, coisas que só seriam percebidas se você andar frame-a-frame; e só serão entendidas se tiver lido ou assistido determinadas coisas. A parte disso, gosto muito do visual meio esotérico da animação, dos simbolismo escrachado e da mistura de técnicas que vão de vector art a 3D.
Mau Borba – Você costuma trabalhar mais com equipes ou atua solo em seus projetos?
Dhyan Shanasa – Nunca trabalhei em equipes de animadores, infelizmente. Aqui onde estou, na posição que estou, sempre acabo fazendo tudo sozinho, ao menos no aspecto da animação em si. Assim, costumo trabalhar sozinho nesse sentido, mas gostaria de um dia me sentar ao lado de uns 10 caras fodas e fazer uma bagunça. Inclusive ao seu lado, pra aprender umas malandragens de Cinema 4D.
Mau Borba – Quais são as qualidades que você deseja encontrar em profissionais em um time de Motion?
Dhyan Shanasa – Com absoluta certeza a principal seria liderança criativa, por assim dizer. Acho que todos de nossa área devem ter o mínimo de independência nesse sentido, se não nos tornamos meros operários. Mandar alguém criar algo simplesmente por criar deve ser muito chato, mas dirigir essa criação é aceitável e entendível. Quero dizer com isso que alguém deve ter a liberdade de criar em certos projetos, seguindo certas diretrizes, mas nunca se chocando com a visão que ele mesmo possa ter em relação ao projeto. Então o ideal seria uma equipe sem medo de criar, de arriscar em linguagens e formas diferentes do corriqueiro. Além desse aspecto, acredito que pessoas que respeitem os limites de cada indivíduo é essencial. Não que não possamos chamar a atenção ou dar conselhos para que alguém melhore, mas antes disso, devemos nos atentar para a velocidade intelectual de cada pessoa. O que é fácil pra você pode ser tremendamente complicado pra mim; então saber onde é o limite de cada um é algo básico. Pressionar profissionais por certos resultados pode ser algo comum na indústria, mas não é uma maneira inteligente de atuar e de se portar. Imagino que não exista uma “equipe ideal”, mas esses dois fatores sozinhos, se aplicados com veemência, podem nos aproximar desse ideal de dream team.
Mau Borba – Basicamente quase todo o Motion Designer precisa ser um generalista no Brasil. Mas tem alguma área ou mesmo um núcleo de habilidades que você prefere exercer de forma mais focada?
Dhyan Shanasa – Pois é, em terras-brazilis somos todos um bando de faz-tudo. Isso é bom por um lado, e péssimo por outro. Conheço o Joãozinho, ele atua em 30 áreas diferentes, se gaba disso, mas não faz nenhuma delas bem-feito. É algo complicado, mas nosso mercado exige isso, então haja paciência. Eu amo criar e animar, é isso que gosto de fazer. Mas não gosto de animar qualquer coisa, apesar de ser necessário que o faça. Então estou sempre entre a cruz e a espada, mas não reclamo.
Me sinto mais confortável quando estou ilustrando e criando algum projeto pessoal, onde posso me soltar sem medo de alguém baixar o martelo pedindo o contrário. Adoro ligar o After Effects e mergulhar em alguma doideira imprevisível, apenas brincando de criar, amaciar e polir animações. Essa é a parte que realmente me diverte.
Mau Borba – O que fazer em caso de bloqueio criativo? Já perdeu algum dia de trabalho porque a ideia não veio?
Dhyan Shanasa – Existem apenas dois motivos para um bloqueio criativo: o primeiro é excesso de ruído interno, que não deixa espaço pra mais nada a não ser ruído. O segundo é o excesso de trabalho, que turva a visão e engessa o processo de inspiração. No primeiro caso, pode-se combater detectando a fonte do ruído, ou seja, o que está gerando esse incômodo tão profundo que atrapalha você a criar? Pode ser uma briga com alguém reverberando em sua cabeça, pode ser a falta de grana sufocando a garganta, pode ser uma dor de barriga… Não importa, os ruídos surgem por um desconforto interno, que geralmente não conseguimos perceber e que, em geral, nada tem a ver com o trabalho em si. Detecte isso e elimine o ruído.
No segundo caso, a solução e parar e descansar a cabeça, deixar espaço para algo mais. O excesso de trabalho, e por consequência, de informação geram uma desconexão incrível com nosso lado criativo. Não estou alegando que seja um folgadão, mas trabalhar duro tem hora, e se a hora passou, passou. Então descanse um pouco e isso será resolvido.
No meu caso, às vezes sou afetado pelo segundo ponto: excesso de tarefas. Apesar de seguir com disciplina monástica os horários em que trabalho, são nessas horas que sou tomado de afazeres – alguns deles absolutamente fora do meu alcance. Quando isso ocorre, me sinto exaurido e meu processo criativo cessa de imediato. Mas nada que uma certa distância do trabalho não resolva.
Mau Borba – Quem são os artistas, pensadores e/ou storytellers que mais influenciaram a visão artística do Dhyan?
Dhyan Shanasa – Meu maior mestre é Victor Hugo – escritor, dramaturgo e poeta francês -, que possui obras tão profundas e contundentes que as carregarei para sempre. Sua obra “Os Trabalhadores do Mar” – traduzida originalmente no Brasil por Machado de Assis -, é de uma genialidade, grandiosidade e complexidade que jamais vi. É facilmente o melhor livro já escrito na história humana, ao menos em minha tosca opinião, e me influencia em muitos aspectos. Também sou eternamente grato a Machado de Assis e Rainer Maria Remarque, por toda obra que criaram; é um espetáculo incrível, fascinante e surpreendente. Fora da literatura, sou fã inveterado dos mestres japoneses Katsuhiro Otomo, Koji Morimoto, Takeshi Koike, Michael Arias e Sinichiro Watanabe; que me guiam no mundo da animação. Não posso dizer que “meu estilo” é influenciado por eles, pois seria presunção; mas com certeza afirmo que esses caras fazem parte do meu processo criativo. E não posso deixar de citar J.R.R. Tolkien, pois admiro a ambição da obra que criou.
Mas seu fossemos falar disso, ficaríamos aqui por dias.
Mau Borba – Quais são os seus 5 estúdios favoritos na atualidade?
Dhyan Shanasa – Se falarmos de animação em geral, meu favorito máximo é o Studio 4°C (fundado por Koji Morimoto e Eiko Tanaka). Se focarmos mais em Motion Design, tenho profunda admiração pelo trabalho realizado na Giant Ant, Buck, Animade, STATE Design e ManvsMachine. Todos têm trabalhos de excelência não só estética, mas artística.
Mau Borba – Às vezes clientes e projetos têm a tendência de tornar nossas vidas mais caóticas. Como você determina e comunica os limites e barreiras para que alterações e expectativas fora da realidade do orçamento e prazo não sejam aceitas?
Dhyan Shanasa – De maneira mais clara possível e em geral provando que “aquela alteração” vai estragar o material; ou que foi pedido está além do combinado. Mas o mercado onde atuo normalmente, está começando com essa de Motion Design. Os clientes ainda não entendem a linguagem, não concebem o trabalho extenuante que é cria-la e sequer mensuram o inferno que pode ser um projeto onde muitas pessoas mandam. Acho que a forma mais simples de se “barrar” determinados caprichos de clientes, é sendo sincero e honesto. Se você me contratou pra fazer X, não farei Y. Ponto Final. Podemos colocar essas coisas em contrato – e deve-se coloca-las mesmo! -, mas em geral não entro em projetos onde o prazo é fora da realidade, mesmo que seja bem pago. Tem coisas que nada no mundo paga.
Mau Borba – De onde veio a motivação para criar o Layer Lemonade e qual o propósito do site?
Dhyan Shanasa – O Layer Lemonade surgiu por eu observar uma necessidade crescente da comunidade brasileira de se comunicar e instruir. Em alguns grupos de Facebook que participo – ou participava -, sempre vi uma terrível dificuldade de algumas pessoas em absorver conteúdo vindo de outras línguas. E isso é ruim, muito ruim. E não é só ruim pro cara que não consegue ler um artigo em inglês; é ruim pra nós todos, como profissionais, que teremos uma comunidade onde pessoas têm essas deficiências relativas à substrato. Motion Design não é só assistir Vimeo em busca de referências o dia todo, ou assistir tutoriais do mesmo modo. É importante ler a respeito, saber o que está acontecendo pelo mundo, pelo mercado, com os softwares. É ótimo ler uma entrevista com grandes artistas, perceber suas fraquezas e forças, sua história e seu método de trabalho. É primordial que tenhamos artigos sobre os mais variados temas, que tiram dúvidas do profissional mais iniciante ao mais avançado. Tudo isso é extremamente importante, e não tínhamos de forma efetiva. Veja bem, possuímos algumas iniciativas interessantes aqui no Brasil, mas nada na magnitude de um blog/portal de notícias, onde se resume e se concentra todo um conteúdo antes perdido pra muitos de nós brasileiros.
Com essa perspectiva, comecei a matutar como poderia inverter esse cenário. Ora, um blog é a ferramenta perfeita pra transmitir e canalizar tanta coisa. Aí passei a pensar em qual nome teria, e no meio de uma tarde de domingo, tomando limonada, me veio o nome “Camada Limonada”. Mas poucos, talvez, entenderiam o termo “camada” como referência a “layers”, aí troquei pro inglês “Layer Lemonade”. Ficou sonoramente bonito e ficou. Não tem nenhum significado oculto, nem nada, é puramente divertido e gostoso.
Então essa foi minha motivação e o propósito do blog é esse: produzir um conteúdo de excelência para ajudar quem precisa. Concentrar num lugar o que é necessário para que profissionais se instruam. Não sei se consegui esse intento, mas pode ter certeza que trabalhamos duro todos os dias por isso.
Mau Borba – Qual o balanço que você faz neste primeiro ano de Layer Lemonade? Como você imagina o Blog daqui um ano?
Dhyan Shanasa – O Layer Lemonade tomou forma. No início, tinha um “quê” de blog pessoal, um passatempo. Mas logo conseguimos varrer essa aparência e deixá-lo com uma cara impessoal. Acho que esse primeiro ano foi maravilhoso. Apesar do imenso trabalho, obtivemos um apoio enorme da comunidade brasileira – mesmo de grandes artistas que atuam fora do país, como você -, e também da comunidade internacional, artistas de várias línguas, que viram a legitimidade do projeto; e isso me deixa muito agradecido. O blog não é meu como muitos pensam. Ele foi criado por mim, é gerenciado por mim, tem meu nome no topo da Staff, mas como “entidade” ele é nosso; da nossa comunidade. Ele é uma ferramenta que você pode usar agora, se quiser, para sanar certas coisas. Sempre digo que todos são bem-vindos para colaborar da forma que quiserem, desde que sigam certas diretrizes (essas diretrizes são o que fazem do Layer Lemonade uma ferramenta tão boa), e tenham um determinado comprometimento. Não é fácil produzir essa quantidade de conteúdo, pergunte ao Ricardo, Beethowen, Gabi e Maria Tereza, que toparam me ajudar, mesmo sabendo disso. Agradeço a eles, pois sua ajuda é fundamental; e eles ajudam a comunidade de uma forma que talvez nem mensuram.
Nesse primeiro ano produzimos um montante assombroso de conteúdo. Dê um pulo nos posts e veja do que falo: é muita, muita coisa. Em números, no momento em que respondo essa pergunta, temos 570 posts, numa média de mais de 2 posts diários. Esses posts são divididos em traduções de artigos de terceiros, produção de artigos próprios e nossas entrevistas. Nessa parte, conseguimos reunir num só lugar um panteão de artistas nacionais e internacionais, que em nenhum blog de língua portuguesa se vê. É um conteúdo de ouro, e se a comunidade for astuta pode usá-lo a seu favor.
Também tivemos nossos contratempos, claro. Fomos hackeados e ficamos 2 semanas offline, tivemos enormes problemas com a velocidade do blog e coisas assim. Mas aos poucos vamos resolvendo e otimizando tudo.
Daqui um ano quero que o Layer Lemonade tenha dominado o mundo, que compremos a Adobe e lancemos o Lemonade Effects. Claro que isso depende de vários fatores, mas fora esse devaneio, espero que nesse novo ano, mantenhamos a qualidade dos artigos e consigamos atingir ainda mais profissionais. Quem sabe novos colaboradores, novas parcerias, novos rumos. O futuro não existe, cabe a nós escrevê-lo.
Mau Borba – Para um Motion Designer, foco e produtividade são essenciais para que mesmo um dia calmo não se torne uma jornada excessiva. Como você organiza seu dia para conseguir realizar o trabalho de animação e design e ainda fazer todas as atividades extras que também incluem a editoração e geração de conteúdo para o Layer Lemonade?
Dhyan Shanasa – O ponto ideal é saber exatamente quanto tempo se leva para fazer certas coisas. Se soubermos isso, conseguimos “medir” as horas do dia e traçar metas diárias – nada absurdo. Eu sei que levo X tempo pra escrever um tipo de post, ou traduzir um artigo mais complexo; também sei quanto tempo levo pra produzir certos tipos de animação. Então consigo colocar em prática a seguinte métrica: Meu dia começa as 7 da manhã, onde me dou uma janela até as 9hs para produzir pro Layer Lemonade. Nesse período, traduzo ou reviso as entrevistas que me enviaram, faço contato com artistas ao redor do mundo, procuro alguma pauta interessante e dou uma olhada geral na web; sempre em busca de conteúdo.
Depois disso, parto pra trabalhos de Motion Design e referentes a isso, mas sempre atento ao que anda rolando nas redes sociais. Meu dia de trabalho termina as 16/17hs, e dificilmente me embaralho nesse processo. Apesar de sempre prezar nunca trabalhar a noite e nos fins de semana, no último mês tive de quebrar essa regra algumas vezes, com os preparativos para o aniversário do Layer Lemonade e com os incontáveis contatos que precisei fazer.
É preciso que sejamos flexíveis com horários, mas sou absolutamente contra virar noites e trabalhar 7 dias por semana sem interrupção. A vida é bem mais que isso.
Mau Borba – Num primeiro momento o Layer Lemonade trouxe entrevistas com artistas nacionais de renome e agora traz também alguns ídolos gringos como Jorge Canedo Estrada, Tony Zagoraios, Ash Thorp, Sander Van Dijk, Nick Campbell, etc. Como você consegue com que tantos artistas de qualidade colaborarem com o site?
Dhyan Shanasa – A proposta do Layer Lemonade é legítima e isso é importante pra comunidade como um todo. Quando abordo artistas já conceituados – como os que citou -, sempre explico-lhes da melhor forma a ideia do blog e o seu papel para com todos nós. Isso é meio louco, pois as entrevistas que produzimos com artistas internacionais só serão lidas por povos de língua portuguesa – e em última análise, por brasileiros. Mas essa “limitação de buzz” não impede que esses profissionais nos concedam um pouco de seu tempo e respondam um punhado de perguntas.
No início do blog, procurei entrevistar vários artistas brasileiros de renome, para mostrar para quem está começando que a indústria de artes digitais não é dominada apenas por gringos. Apesar de todas as dificuldades que esse país nos impõe, possuímos uma gama incrível de artistas de nível global, facilmente reconhecidos por seus trabalhos e projetos; e por isso iniciei o Papo Lemonade sempre com artistas brazucas.
Depois que adquirimos uma boa base de entrevistados brasileiros, arrisquei contato com alguns profissionais de fora. Inicialmente achei que não topariam justamente pela limitação linguística (afinal, de que adianta o Ash Thorp compartilhar uma entrevista com o Layer Lemonade? 95% de seus contatos provavelmente não falam nossa língua), mas me enganei. Todos foram super receptivos ao blog e sua proposta, e alguns aceitaram – e aceitam -, tão prontamente que desconfio (risos). De todo modo, é incrível que tenhamos acesso a esses caras, sejam brasileiros ou não, pois são profissionais ocupadíssimos, de agenda sempre cheia e falando línguas distintas. O Tony Zagoraios comentou comigo que incorporou nossa entrevista em sua pipeline, para conseguir responder rapidamente e sem embromação. Então, esse nível de comprometimento que assumem conosco, mesmo não nos conhecendo, mesmo sem poder ler sua própria entrevista depois de publicada, é extremamente gratificante. Isso o mostra quão bons eles são, não somente de maneira artística, mas de forma humana.
Mau Borba – Há alguma diferença entre iniciar uma conversa com uma Brasileiro e um estrangeiro? Como é a receptividade dos gringos para os Bate-Papos do Layer Lemonade?
Dhyan Shanasa – Com certeza, há uma imensa diferença. Explicar para um artista brasileiro a ideia do blog possuir apenas conteúdo em português é fácil; eles rapidamente compreendem a importância de um projeto desse tipo. Já com alguém de fora do Brasil, precisa-se de um cuidado diferente, pois esses artistas tem um mindset diferente. Eles pensam em escala global, e pode ser que não compreendam a relevância de um blog que produz conteúdo numa língua apenas local. Contudo, nunca recebi um “não” como resposta. No máximo um “espere algumas semanas, estou trabalhando em Ghost in The Shell”, saca?
A receptividade internacional as entrevistas é sempre excelente, e procuramos fazer perguntas mais pessoais e elaboradas, para que os entrevistados falem sobre si mesmos, sem rodeios e sem aquela “banca de artista”. Quero conversar com pessoas, não com discursos prontos, por isso presto muita atenção nas perguntas que fazemos, para extrair o máximo de cada participante. Esse ponto é extremamente importante, e pode ter certeza que faz toda a diferença quando lêem as perguntas que fazemos.
Mau Borba – Se você pudesse voltar no tempo e conversar com o Dhyan de 5 anos atrás que estava decidindo mudar de carreira, o que você diria para ele?
Dhyan Shanasa – Diria: “Continue exatamente nessa trilha”. Não foi fácil e não é fácil todo esse movimento que tenho feito. Não é apenas diversão e pode ser extenuante. O Motion Design é difícil de aprender e mais difícil ainda de se manter. O Layer Lemonade foi tremendamente difícil de se criar e é ainda mais de se manter. Ainda assim, não mudaria nada do que fiz ou da forma como “conduzi” as coisas. Um dos melhores sintomas que provam que o que fazemos tem relevância, é quando alguém que você admira chega e diz: “É isso aí, é assim que se faz. Continue”, ou quando um monte de pessoas que você nunca viu comentam que “aquilo faz diferença em seus dias”. Seja no que for, seja direcionado para quem for, se fizermos qualquer coisa com um propósito menos mesquinho, gera bons frutos e atinge as pessoas.
Gabi Vallu – O quê o Layer Lemonade já te trouxe de retorno, seja financeiro, social, pessoal, etc.?
Dhyan Shanasa – Com certeza me trouxe alguns retornos, mas vamos riscar o “financeiro” da lista, pois o blog não gera receita, ao menos não por enquanto, mas gera custos. Essa parte é algo que estou atento, pois é importante que o Layer Lemonade pague suas atividades de alguma forma; o custo estrutural para se estar online é alto, e o custo humano para gerar conteúdo é ainda maior. No entanto, no momento, tudo que possuímos é boa vontade e afinco com o que fazemos.
No sentido pessoal, me sinto realizado por, de alguma maneira, contribuir para a comunidade brasileira. Como eu disse lá em cima, não é algo fácil de se fazer/manter, mas a certeza de que estamos fazendo a diferença para profissionais de todos os níveis, é algo impagável. O blog também é uma ferramenta que amplifica contatos de forma direta e indireta, então nesse sentido o retorno profissional é enorme. Aqui somos todos profissionais da área de Motion Design, animação, design e etc., então indiretamente isso nos fortalece enquanto artistas, pois não só apoiamos a iniciativa, como a mantemos sem nenhuma remuneração. Desse modo, ao longo do ano conheci muitas pessoas novas, profissionais incríveis da indústria que acabam virando amigos e colegas de projetos pessoais; isso aproxima e abre portas.
O Layer Lemonade me trouxe somente coisas positivas, como pagamento pelo imenso trabalho hahaha!
Beethowen Souza – Considerando que você tem conhecimento sobre meditação/controle mental para se manter focado, queria saber quais atividades/exercícios tu costuma fazer para colocar isso em prática (se é que existe algum), e se tu recomenda algum tipo de material introdutório sobre essa área, que possa ajudar quem quer melhorar a qualidade de vida no trabalho. RESUMINDO: Dicas e exercícios/comportamentos para se manter focado no trabalho.
Dhyan Shanasa – Cara, não existe fórmula mágica. Dito isso, é bom que se entenda que meditar não é “controle mental”, longe disso. Na verdade, pode-se dizer que meditação e pensamento são coisas diametralmente opostas. A ideia da meditação é justamente “parar a mente”, para que algo mais surja; uma fagulha, um espaço vazio onde algo limpo, sem ruído mental pode passar e se manifestar. Quando isso ocorre, em maior ou menor grau, adquirimos certas coisas… É difícil explicar literalmente o que seriam elas. Mas digo o seguinte: ter foco não é apenas pensar no que você precisa fazer durante o dia, ter métricas e tabelas de controle. É mais que isso, bem mais. É estar fazendo as coisas sem pensar no que precisa fazer em seguida; é animar um keyframe sem pensar em animar o seguinte. Posso soar estranho falando isso, mas se você consegue fazer as coisas desse modo, o tempo dilata. É como se ele desacelerasse e quase parasse. O Tempo não é relativo apenas em nível cósmico ou quântico; ele é um processo mental e horizontal. Nós, por natureza, somos seres de energia vertical, que é o oposto do Tempo e sua horizontalidade, mas vivemos “aprisionados” em um estado de sonambulismo imposto, que gera a percepção de somos horizontais e, logo, dependentes do Tempo. A meditação, até certo ponto, ajuda a combater esse cárcere.
O único exercício que faço é literalmente me sentar e trabalhar, nada mais. Mas se você tem dificuldades de concentração, aí vai algumas dicas: trabalhe por etapas, afaste-se de redes sociais em horário de trabalho, não assuma responsabilidades que estão além das suas habilidades atuais.
Ricardo Antonio – No cenário brasileiro, temos cada vez mais artistas se destacando, uma comunidade que só cresce e muitos projetos de qualidade sendo produzidos. O Layer Lemonade tem parte nesse processo, e esperamos que continue agregando o máximo de informação para nossa sociedade. Dhyan Shanasa, como animador e criador do LL, o que podemos esperar de você nesses próximos anos?
Dhyan Shanasa – Não posso prever o que o Layer Lemonade pode vir a ser, nem tenho esse intento. Prefiro que, aos poucos, construamos algo sólido e que faça diferença no dia-a-dia de profissionais de todos os níveis. Quanto a mim, como profissional, digo o mesmo: não quero planejar nada, isso é tolice. Deixemos as coisas acontecer e observemos os resultados que, sejam quais forem, sei que serão ótimos.
RAPIDINHAS
Mau Borba – Talento ou Trabalho Duro?
Dhyan Shanasa – Só um tolo acredita que talento vem sem trabalho duro.
Mau Borba – C4D ou AE?
Dhyan Shanasa – C4D de coração, AE de profissão.
Mau Borba – Local ou Remoto?
Dhyan Shanasa – Ambos têm suas vantagens e desvantagens.
Mau Borba – Mar ou Riacho?
Dhyan Shanasa – Riacho. É mais Senhor dos Anéis.
Mau Borba – Naruto ou Bleach?
Dhyan Shanasa – KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK! Akira, lógico.
Mau Borba – Storytelling ou Viagem Visual?
Dhyan Shanasa – Uma viagem visual bem contada.
Mau Borba – Fanta Laranja ou Fanta Uva?
Dhyan Shanasa – Limonada, com limão bem cortado em “camadas”. 🙂