Byron Segundo é publicitário e motion designer freelancer, com grande experiência em 3D e projetos para TV, nacionais e internacionais.
Layer Lemonade: Conte-nos um pouco sobre você: onde cresceu e quais eram suas grandes influências quando pequeno e quais são suas maiores influências hoje? (quadrinhos, animação, filmes, artistas, designers etc).
Byron: Sou natural de Santa Maria – RS; morei lá até 2008 e depois do final de 2011 até final de 2014. Quando era pequeno, minhas grandes influências eram os seriados japoneses (Jiraya, Jaspion, Lionman…) e Star Wars. Em especial Darth Vader, sempre tive fascinação por ele. Hoje em dia não tenho uma influência específica. Assisto muito a seriados, vejo muita referência arquitetônica, design escandinavo e adoro tudo relacionado à vida alienígena. rsrs
LL: Quando decidiu que trabalharia com Motion Design? Como desenvolveu suas habilidades?
B: Foi no último semestre da faculdade, decidi que não queria trabalhar diretamente em agências, mas sim com animação. Comecei a estudar apenas com tutoriais da internet, já que na minha cidade não haviam opções de cursos focados na área.
LL: Você teve a oportunidade de estudar por um tempo na Hyper Island, uma das melhores escolas de design do mundo. Qual sua opinião sobre o ensino de design e suas especializações lá fora, comparado com as opções que temos aqui no Brasil? Recomenda quem tiver condições a buscar essa experiência?
B: Conhecimento nunca é demais, portanto quem tiver condições de ir estudar fora, deve ir. Aqui no Brasil as poucas escolas que temos, ainda estão muito focadas apenas na questão técnica, deixando a teoria em segundo plano. Escolas como VFS e HI tendem a fundir melhor teoria + técnica. Mas acredito que isso está mudando, o Isac Rodrigues (professor da Melies e Anhembi Morumbi) está se esforçando pra isso.
LL: O seu trabalho é fortemente concentrado no 3D. Você acha que hoje e no futuro, ter habilidade prática com 3D é essencial para trabalhar com Motion?
B: Essencial não é. Existem muitos profissionais por aí que comprovam isso, Daniel Semanas é um bom exemplo. Mas é uma ferramenta que permite explorar outras linguagens ou simplesmente para resolver de forma rápida problemas que sem o 3D levariam o dobro ou triplo do tempo.
LL: Como foi seu caminho até conseguir trabalhos para clientes de fora do Brasil? Tem alguma dica pra o Motion Designer brasileiro que aspira a trabalhar internacionalmente?
B: Na verdade, o caminho é bem simples. Alguns trabalhos são frutos de amizades que fiz quando morei fora, porém, grande parte é fruto de prospecção. Fiz uma lista de produtoras que teria interesse em trabalhar e disparei emails com meu reel, manifestando o interesse em poder trabalhar em algum projeto. O retorno às vezes demora, pois eles acabam adicionando seu nome em banco interno de freelancers. Um dia rola.
LL: Que diferenças e similaridades você percebe entre o mercado brasileiro e a indústria internacional?
B: É difícil traçar um divisor entre os dois mercados. Muita gente diz que mercado externo é organizado e o nacional é bagunçado, isso tem um fundo de verdade, mas não é regra. Já trabalhei com muito cliente gringo bagunçado e cliente nacional organizado. Nos mercados principais, LA e NY, o ritmo acaba sendo muito semelhante ao daqui (São Paulo), existe muita demanda, clientes grandes, o ritmo acaba sendo mais frenético. Em cidades menores, como Atlanta, é onde a diferença é mais evidente, se chega para trabalhar às 9h e às 18h encerra, semelhante ao mercado Europeu. Muita gente reclama do nosso mercado, mas nós somos responsáveis por moldá-lo. Saber dizer não, cobrar de forma adequada, instruir o cliente de como funciona o processo. Tudo isso contribui para formação de um mercado mais organizado e profissional.
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Penalty – Byron Segundo: 3D / Art direction and compositing: Átila Meireles
LL: Entre trabalhar como funcionário ou como freelancer, que vantagens e desvantagens você vê em cada situação? Como você está agora e qual dessas opções é a sua preferida?
B: Ambos possuem o ônus e o bônus, e depende de cada um encontrar o modelo que encaixa melhor no seu perfil. Ser funcionário tem a vantagem do dinheiro certo no final do mês, férias, benefícios, etc; e isso é fator decisivo para algumas pessoas. No meu caso o que mais pesa é a liberdade, por isso optei pela vida de freelancer, que nem sempre é fácil, é solitário e existe uma instabilidade financeira. Porém, hoje encontrei o que acredito ser o modelo ideal de trabalho. Fazem alguns meses que estou dividindo um espaço de trabalho com dois grandes e talentosos amigos, o Indio e o Estevan, dividimos os custos e os trabalhos. Um ajuda o outro e a rotina de trabalho deixa de ser solitária e passa a ser colaborativa.
LL: Conte um pouco pra gente sobre sua experiência trabalhando para TV. O que você mais gostou nessa experiência?
B: Televisão é muito legal. Na minha opinião é a melhor opção depois de ser freelancer. No geral, televisão é bem mais tranquilo que agências ou produtoras, pois os prazos são melhores, não existe mídia comprada, o que deixa bem menos corrido, existe um claro respeito sobre final do expediente e finais de semana. Para quem gosta de broadcast é o cenário ideal. Foi uma experiência ótima e fiz grandes amigos. No momento, trabalho como freelancer.
LL: Você também tem uma marca de proodutos, a SGND.Co! Como seu interesse por moda começou? Quais os planos pra sua marca?
B: Começou quando eu estava no Sul, em 2012. Lá eu tinha mais tempo livre e resolvi tentar produzir coisas que gostava, como camisetas, pôsteres, canecas, carteiras. Gostei muito de todo processo que permeia a produção de produtos. Atualmente, a marca está seguindo uma linha bem minimalista e mais focada em acessórios. Ela toma boa parte do meu tempo livre, pois faço questão de produzir pessoalmente boa parte dos produtos ou participar ativamente em algumas etapas.
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SGND Co / Simple Design
Tenho grandes planos para a SGND Co. Recentemente, uma grande marca nacional entrou em contato para uma parceria e produção de um colab. Acredito que em breve terão novidades.
LL: Precisamos estar sempre praticando para não enferrujar. Pra isso, tempo livre para projetos pessoais é importante. Você tem alguma rotina ou exercício que costuma fazer para manter as ideias frescas e se organizar?
B: Tento manter uma rotina de exercícios físicos de pelo menos quatro vezes por semana. Acho importante, já que passamos muito tempo sentados. Trabalho na minha marca, – que é meu projeto pessoal -, o que me ajuda a sair um pouco do universo digital e também me obriga a ver novos tipos de referências e aprender coisas novas. Isso me ajuda a desopilar.
LL: – Em sua opinião qual é a coisa mais importante para que alguém seja bem sucedido como Motion Designer?
B: É uma pergunta difícil, pois cada pessoa tem sua definição de sucesso. Pra mim, ser bem sucedido é poder viver de forma confortável, fazendo aquilo que gosta e ao mesmo tempo ter qualidade de vida. Na nossa área, isso é bem difícil. É tudo para ontem, pouca verba, pressão, “refração”, viração e por aí vai. Então, baseado na minha definição de sucesso, são necessárias três coisas: dedicação, perfeccionismo e saber dizer não.
LL: Finalmente, quais os seus planos pro futuro? Estamos curiosos!
B: Como já havia dito, estou dividindo um espaço com dois amigos, em breve nos lançaremos como um pequeno Estúdio/coletivo. Vai se chamar Bold Skull. Também pretendo expandir minha marca.
Rapidinhas:
LL: 2D ou 3D?
B: 3D.
LL: C4D ou Max?
B: C4D.
LL: Ser generalista ou especialista?
B: Generalista.
LL: Melhor hora pra trabalhar: manhã, tarde ou noite?
B: Noite, mas hoje em dia tento resolver tudo durante o dia, é mais saudável.
LL: TV ou Agência?
B: TV
LL: Games: no console, no celular ou no pc?
B: Console!
LL: Limonada ou Mate?
B: Mate COM limão. Melhor coisa.
O Layer Lemonade agradece imensamente a participação de Byron Segundo nessa entrevista. Muito obrigado e sucesso, Byron!
Se você quiser saber mais do nosso amigo Byron, pode ouvir o FODAcast ou o Collect, dois podcasts com a participação dele, ou conhecer o seu portfólio.
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