Este artigo é um resumo do que foi abordado na última live do Manual do Freelancer, apresentada por Dhyan Shanasa e a Ester Rossoni (os Supernova Duo), que fizeram uma segunda parte como um complemento, exclusiva para tirar as dúvidas da comunidade. Houve também a participação especial de três animadoras contando sobre suas experiências como freelancers.
A primeira live com essa pauta, TORNANDO-SE FREELANCER FULL TIME, que inclusive você pode conferir o resumo dela postado aqui no blog neste link, teve várias perguntas da comunidade que acabaram não dando tempo de serem respondidas. Diferente dessa live da semana passada, que foi feita inteiramente para abordar essa pauta, essa segunda parte foi exclusiva para responder essas dúvidas e também para interagir com as pessoas que deixaram seus comentários e perguntas no chat ao vivo. Assista a live para conferir esse bate-papo, com diversas perguntas e respostas em relação à área de motion design e animação.
Essa live contou com a participação especial de três animadoras fodonas que enviaram seus áudios, dando dicas e contando a experiência delas sobre esse assunto; como elas viraram freelancers, por que elas tomaram essa decisão e como elas se prepararam para isso:
O primeiro áudio é da Júlia Simas, animadora 2D freelancer, de São Paulo/SP. Para ouvir o áudio da Júlia, pule o vídeo para o momento 27:30. Ela disse: “Eu vou falar como que eu virei freela: Na época, eu trabalhava para a Birdo, mas ainda assim eu pegava muitos freelas por fora. Aceitava todos, mas esse estilo de vida eu achava bem insustentável, em termos de saúde. Isso de trabalhar oito horas por dia, chegar em casa e fazer freela, e isso todos os dias. O dia que não tinha freela era feriado pra mim. Eu fui juntando uma quantidade de freelas, que pra mim claramente já valia mais a pena eu sair do estúdio para ganhar mais, do que eu continuar com o meu salário lá. Eu já estava muito insatisfeita com algumas coisas da vida de estúdio, principalmente o salário, mas eu não tinha coragem de sair de jeito nenhum. Nessa época eu já tinha juntado dinheiro para aproximadamente uns 6 meses, para o caso de eu sair da Birdo e não pegasse trabalho nenhum. Mas mesmo assim eu ainda não tinha coragem, porque eu gostava muito da estabilidade, dos meus amigos e do dia a dia. Até a própria solidão da vida de freela era uma coisa que me assustava. Daí eu pensei assim: ‘vou botar uma deadline então para mim mesma. Se até abril eu ainda estiver me sentindo assim, eu vou tomar coragem e vou me demitir’. E foi assim. Nesse meio tempo eu fui gravar curso no Crehana, e o curso bombou, o que me deu muita visibilidade e propostas legais. E ainda assim eu não tinha coragem. Quando chegou abril, a gente estava na pandemia, e aí foi muito mais fácil na verdade, porque toda a parte social eu já não tinha mesmo. Saí da Birdo, me anunciei como freela, fiz um reel lindaço. Quando eu lancei o reel, um outro estúdio me chamou para trabalhar fixo com eles, que é a Mowe. E aí eu estava naquela de querer muito ver como é a vida de freela, agora que tomei coragem. Aí a Mowe falou: ‘Venha ficar então três meses com a gente e você vê o que decide’. Eu fiquei três meses com eles e nesse meio tempo a Buck me chamou. Acho que a Buck tinha me chamado um pouquinho antes deles, para fazer um freela grande. Eu fiquei muito deslumbrada também, e quando acabou os três meses com a Mowe eu disse: ‘Olha, vou sair. Vou ficar como freela mesmo.’ E é isso, fiquei como freela. Eu acho que trabalhar em todos esses estúdios foi o que me fez animadora. Foi onde eu aprendi tudo, mas hoje em dia eu curto muito ser freela.”
O segundo aúdio é da Natália Faria, da Yellowvan, de São Paulo/SP. Para ouvir a Natália, pule o vídeo para o momento 36:40. Ela disse: “Como eu decidi virar freelancer e como eu me organizei: Não tive uma decisão consciente de virar freelancer em nenhum momento na minha vida. Foi meio que acontecendo naturalmente. Desde que me formei em design eu já pegava trabalhos de freelancer, como designer, e quando fui migrando para motion e para animação. Mesmo que eu me candidatasse para vagas que não fossem de freelancer, eu não esperava o retorno dessas vagas e, sempre que tinha oportunidade, eu pegava os trabalhos freelas. E chegou um momento que os trabalhos freelas eram muito mais rentáveis do que as vagas que eu estava me candidatando ou até mesmo os trabalhos que eu fiquei como fixo. Nunca deu muito certo eu ficar mais de um ano em um lugar. Normalmente eu cansava do lugar e queria partir para outra coisa nova. Os freelas foram muito mais interessantes pra mim nesse sentido, então meio que a decisão foi natural; não foi consciente, foi meio que no caminho que a minha vida rumou. Em relação a como eu me organizei para ser freelancer: A minha família teve alguns problemas financeiros, e é sempre uma coisa que eu fiquei atenta porque eu não queria que isso acontecesse na minha vida. Então eu busquei sempre como não ficar em uma situação ruim financeiramente. A primeira vez que eu escutei alguma coisa em relação a ter uma reserva foi de um ilustrador, que agora não me lembro o nome dele. Mas ele falava em ter pelo menos seis meses a frente, do que você gasta no seu dia a dia, para se preparar. Então se você está com um ou dois meses, daí você precisa de preocupar e correr atrás de mais trabalhos. Então eu sempre tive isso em mente, de ter seis meses de salário garantido. Hoje em dia eu tenho doze meses, então eu tenho um ano garantido. Se eu não tiver trabalhos por um ano inteiro, eu tenho como me sustentar. Isso é meio que minha base. Minha regra é ter esse valor que hoje a gente reconhece como reserva de emergência. Eu sempre tenho esse valor ali e isso me dá a possibilidade e liberdade de escolher ou recusar algum trabalho, ou sair de algum trabalho que não está me fazendo bem. Um adendo ao que eu falei é: eu incluo nesses seis meses, normalmente, o valor que seria de férias e 13º. Então, por exemplo, se eu for contar a metade do ano, que seriam os seis meses, eu conto o que seriam quinze dias de férias e um valor de um 13º, que seria mais um salário. Isso compensaria os benefícios que alguém que trabalha CLT tem, então isso é um negócio legal de calcular e acrescentar no seu valor quando você tá pensando como se planejar para ser freelancer.”
O terceiro áudio é da Pola Lucas, animadora 2D freelancer, de São Paulo/SP. Para ouvir a Pola, pule o vídeo para o momento 58:40. Ela disse: “Eu vou contar rapidão como que foi o meu processo para ser freelancer. Veio muito da vontade de querer trabalhar mais com animação frame a frame e com ilustração, porque eu estava há três anos em um trabalho em que eu estava fazendo basicamente só animação de After. Isso estava me deixando frustrada porque não era o que eu queria de verdade. Então eu comecei a me direcionar para isso. Peguei artistas que me inspiravam, trabalhos que me inspiravam e comecei a fazer depois do meu trabalho, ou antes. E pra me forçar a produzir peças assim para o meu portfólio eu entrei em todas as collabs que eu poderia entrar. Me inscrevi para todas essas collabs e tirava duas horas do meu dia, três vezes por semana, e tentava deixar um dia pra descansar também. Às vezes pegava um final de semana pra fazer meus trabalhos pessoais, tudo com o objetivo de colocar esses trabalhos no meu portfólio, pra mostrar que eu trabalho com aquilo, com animação frame a frame e com ilustração. Me juntei também com pessoas que foram muito importantes nesse processo. A Ester é uma delas. A gente criou um grupo juntas, que a gente se ajudava, se apoiava, mostrava o que estávamos fazendo, compartilhava nossas metas. Isso foi muito importante pra mim nesse processo também. Eu entrei mesmo no mercado em 2017, e eu estava na faculdade. Eu entrava bastante em grupos pra conhecer a galera, aprender, ensinar o que eu sabia. Cada um tem uma experiência que sempre soma. Esses contatos em grupos diferentes me ajudaram muito porque foram pessoas que foram me passando trabalho, e eu fui indicando também depois que foram aparecendo mais trabalhos pra mim. Fiz a reserva de emergência ao longo desse tempo, menos em 2017 porque eu não ganhava bem, então eu ia economizando o que dava pra economizar, pra fazer essa reserva de mais ou menos uns seis meses. Fui arrumando meu portfólio aos pouquinhos também com a ajuda do Adobe Portfólio, que é muito bom, e você não precisa manjar de programação. Fazer essas coisas me deu muito mais segurança porque eu vi que começou a vir uma demanda muito maior de freelas pra mim. Eu tentava não pegar tantos freelas enquanto eu estava trabalhando porque eu vi que isso me deixava bem saturada e bem cansada. Às vezes eu pegava pra poder juntar mais grana, mas eram coisas mais pontuais. Tudo isso foi me ajudando muito pra conseguir fazer essa transição pra ser freelancer. E é isso. É isso que eu sempre recomendo para as pessoas e eu fico muito feliz que exista o Manual do Freelancer. Eu queria muito ter tido isso naquela época.”
Durante essa live, uma enquete ficou disponível para quem acompanhava ao vivo poder votar. A pergunta da enquete foi “Para você, qual a forma correta de iniciar a carreira de motion designer?” Com 292 votos, o resultado foi:
- Híbrido (freelancer e fixo) – 34%
- Fixo – 30%
- Não faço a menor ideia – 21%
- Freelancer – 14%
Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. A parte final da live é dedicada a responder perguntas, deixadas pela comunidade no chat ao vivo e também na caixa de perguntas disponibilizada no Instagram do Layer Lemonade e do Supernova Duo. Contamos com a sua presença na próxima live do Manual do Freelancer, na segunda-feira às 16h.
O Manual do Freelancer é uma série de lives apresentadas por Dhyan Shanasa e Ester Rossoni (os Supernova Duo), trazendo dicas para a comunidade e aprofundando na parte mais burocrática da indústria de motion design e animação. As lives do Manual do Freelancer acontecem nas segundas-feiras às 16h, no canal do Layer Lemonade no Youtube. Você pode conferir todos os outros episódios na playlist do Manual do Freelancer. Logo após o término da live, o episódio fica disponível automaticamente no canal.