Quando se trata de Motion Graphics, muitas pessoas começam prematuramente o processo pelo design. Sendo que, na verdade, é fundamental ter algo que você possa sempre recobrar ao construir seus gráficos. Nesse sentido, um bom planejamento preserva a mente limpa e permite que você acompanhe de maneira eficaz as etapas subsequentes de um projeto.
(A imagem de capa deste artigo é de autoria de Isaac Claramunt)
Pesquisa
A primeira coisa que você precisa fazer é realizar uma pesquisa dedicada ao assunto que diz respeito ao projeto. Sobre o que é? Está relacionado a que tipo de pessoas? A animação tem que explicar um processo técnico complexo de uma forma divertida? Se a resposta for sim, você precisa estudar esse processo específico e compreendê-lo minunciosamente.
Você está trabalhando em um comercial para uma marca específica? Se for, você deve aprender tudo sobre a identidade corporativa da marca e os clientes que eles têm. A melhor fonte para isto é a empresa que solicitou sua ajuda. Isso não apenas contribuirá para sua pesquisa, mas também demonstrará para a empresa todo o entusiasmo que você deposita em seu trabalho. Além disso, você deve analisar os comerciais anteriores que eles produziram. É claro que a meta não é plagiá-los, e sim obter uma melhor percepção do coração da marca, bem como das mensagens que eles tentaram transmitir com suas produções anteriores.
Você pode também fazer uma pesquisa técnica a fim de encontrar o software certo para o seu trabalho. Seu software padrão de animação gráfica atenderá a todos os requisitos ou você pretende produzir alguns efeitos que exijam outras ferramentas? Talvez você precise de um software 3D ou plugins de partículas. Quanto mais cedo você souber quais ferramentas você tem e precisa, melhor.
Ideia
por Isaac Claramunt
É aqui que a luta criativa geralmente começa, e não há uma maneira de contornar suas premissas. Você precisa ter uma ideia que corresponda ao seu estilo de trabalho.
Essa não é uma tarefa fácil. Como eu começo? O que devo fazer primeiro? Esses são os questionamentos que os artistas mais temem enquanto estão diante de uma folha em branco ou uma tela vazia.
O mais importante é que você sempre pesquise e absorva conteúdo novo e diversificado, assim como não ignore os que parecem não ter relação com seu projeto à primeira vista. Mas atenção, a qualidade do que você consome é, na maioria dos casos, igual à qualidade do que você produz. Então esse material estudado deve conter um certo nível de qualidade artística e não ser apenas mais uma produção genérica de TV ou um meme da Internet.
A estratégia por trás disso obviamente não é copiar a arte de outra pessoa, mas sim encontrar conexões entre várias ideias que você gosta e acha que podem se encaixar ao seu projeto atual. Pode ser uma técnica de desenho excepcional, um tipo especial de narrativa para filmes, um contraste interessante na dinâmica de uma música, arquitetura ou até mesmo uma nova tecnologia. Ao conectar suas observações e experiências do cotidiano, você pode encontrar ideias com as quais nem sonharia. Armazene-as e deixe que sejam inspiração para sua próxima ideia criativa.
Moodboard
por Isaac Claramunt
Moodboard é a primeira manifestação de suas ideias numa forma visual. Ele é uma coleção de elementos que te ajudam a conduzir seus pensamentos e serão úteis por, pelo menos, mais duas razões. Primeiro de tudo, eles funcionam como um instrumento que mostra suas ideias para seus clientes e colegas de trabalho. Em segundo lugar, eles podem servir como um registro de suas inspirações e decisões criativas iniciais. Se você chegar a um beco sem saída, muitas vezes o moodboard ajudará a voltar ao começo e se inspirar novamente.
Um bom moodboard transmite a atmosfera do seu design final, a aparência e sentimento do seu design. Basicamente, ele expõe tudo o que você não pode descrever em palavras. A impressão geral é muito mais valiosa do que os detalhes, então quanto mais elementos você usar para visualizar suas ideias, mais claras elas se tornarão.
Storyboard
por Matt Royce
Os storyboards consistem em uma sequência de imagens que se relacionam de maneira narrativa. Com o storyboard é possível vislumbrar como nosso design se apresentará em movimento. Para isso, precisamos projetar a animação num meio estático.
Cineastas amam storyboards! Eles são a melhor e mais fácil ferramenta para planejar uma cena. Cada grande mudança em uma tomada recebe seu próprio desenho no storyboard. Muitas notas e setas são usadas para indicar o que acontece entre várias imagens e quais elementos estão se movendo, se o contexto não evidenciar todas essas informações. Existem infinitas maneiras de criar um storyboard.
Algumas pessoas fazem rabiscos grosseiros, ou até verdadeiras obras-primas. Outros terceirizam esse processo com artistas ou empresas. Algumas pessoas, principalmente aquelas com menos habilidade, gostam de fundamentar suas cenas com muitas anotações e explicações sobre o que tinham em mente. Essas notas podem ser instruções para a câmera, lembretes para o departamento de produção, indicações de tempo para várias tomadas e assim por diante.
Apresentação
por Isaac Claramunt
por Isaac Claramunt
Apresentar sua ideia a outras pessoas é uma oportunidade única para examinar suas reações. Eles entendem o que você está planejando fazer? Eles gostaram? O que eles não gostaram?
Nesse contexto, também é essencial ouvir as opiniões de pessoas que não são designers. O que eles pensam sobre o seu conceito? Eles gostaram? Eles entendem o que estão vendo ou você precisa explicar para eles?
Ouça todas as declarações e tome decisões objetivas sobre se elas influenciarão, ou não, o seu trabalho. Nesse estágio, ainda é fácil fazer mudanças, mesmo as grandes. Posteriormente, mesmo pequenas, as modificações na sua animação podem causar muito trabalho extra.
Conclusão
Eu sei que o processo de preparação às vezes pode ser um pouco chato, mas é exatamente esse processo que distingue profissionais de amadores e iniciantes. Os dois últimos abrem imediatamente o software e começam a construir algo sem planejamento. Em algum momento eles não terão mais ideias do que fazer e acabam consultando trabalhos de outras pessoas para “inspirar-se neles”.
Depois de passar por esse processo de preparação, você terá um plano detalhado que o guiará por toda a produção. Você sempre saberá o que fazer, e isso lhe permitirá criar peças únicas.
Este artigo é uma tradução livre do original “How to prepare for your next Motion Graphics project”, escrito por Timo Fecher. Também é de sua autoria o ebook “Motion Graphics Design Academy” que já foi tratado aqui no Layer Lemonade.