Erica Gorochow é uma talentosa diretora, ilustradora e Motion Designer com sede em Nova York, onde dirige um pequeno estúdio chamado PepRally. Além de fazer um ótimo trabalho, ela também contribuiu, como escritora, para os sites The Creators Project e Motionographer. Ela tem bons anos de experiência na indústria e foi muito gentil compartilhar um pouco de sua visão conosco!
Layer Lemonade – Conte-nos um pouco sobre sua época de estudante: Como você entrou no campo do Motion Design? Você imaginava que trabalharia com animação e design?
Erica Gorochow – Como muitos nessa indústria, sonhava em ser animadora quando criança, mas abandonei as artes no ensino médio. Meu ponto de retorno foi em uma aula sobre história da animação na faculdade, que me expôs a animadores experimentais como Oskar Fischinger e Norman McLaren. Quando fiquei obcecada com seu trabalho, descobri sobre o crescente campo do Motion Design, em meados dos anos 2000. Não havia um curso de Design real na minha escola de artes liberais, então aprendi principalmente através de estágios, tutoriais e batendo minha cabeça contra a parede.
LL – Você se apresenta não como “Erica, a freelancer”, mas como o estúdio PepRally, mesmo que não seja uma empresa de design da maneira tradicional. Quais são as diferenças entre trabalhar como freelancer solo e trabalhar como um pequeno estúdio? Por que você decidiu seguir por esse caminho?
EG – Depois de dois ou três anos como freelancer, percebi estar fazendo mais projetos com cliente-diretos. Esses tipos de projetos cresceram organicamente em número e escopo, o que significa que comecei a obter orçamentos onde poderia contratar outros. Minha decisão de mudar o nome da minha empresa de Erica Gorochow, LLC para PepRally foi realmente por necessidade. Quem quer trabalhar para a Erica Gorochow, LLC? Descobri que, quando mudei meu nome para PepRally, tornou-se mais natural apresentar-me como empresa, pronta para assumir todos os aspectos de um trabalho: desde a licitação, construção de equipes, etc., até a renderização final. Encontrar o(s) produtor(es) freelancer(s) para colaborar tem sido a chave para o meu crescimento como diretora.
LL – Na sua visão, como o Motion Design mudou desde o seu primeiro projeto profissional? Como vê o futuro do Motion Design em um mundo onde as telas móveis e interativas – mais o curto a falta de foco das gerações mais jovens -, é a nova “regra”?
EG – Sinto que o Motion Design amadureceu nos últimos dez anos. Em termos de futuro e alcance: mais curto e mais descartável, também significa orçamentos baixos. Mas à medida que as telas se multiplicam, a demanda global aumenta. Me conforto com essa última opção.
A questão se resume a pensar de forma mais abrangente sobre o valor específico que podemos adicionar a um projeto, e como podemos ser criativos aceitando certas realidades. É mais fácil dizer do que fazer, mas prefiro nadar pra frente do que pra baixo.
LL – Para um designer, quão importante é reunir profissionais e estar ativo na comunidade criativa local?
EG – Ser parte de uma comunidade local e criativa é super gratificante. Francamente, é um alívio ter uma rede de pessoas que podem tirar nossas dúvidas ou fornecer críticas. Dito isto, se você não está em um lugar com outras pessoas do Motion, há muitos canais on-line, como o Twitter ou mixed.parts, que podem preencher essa lacuna tranquilamente.
LL – Conte-nos sobre sua experiência escrevendo para The Creators Project e Motionographer! Por que você começou a escrever? A escrita sobre animação e design ajuda você de alguma forma ao dirigir um projeto?
EG – Sempre gostei de escrever, até mesmo considerei uma carreira no jornalismo na faculdade. Vivendo em Nova York, tive a sorte de conhecer muitas pessoas ambiciosas e criativas que se tornaram boas amigas. Uma dessas amigas foi a então Global Editor do The Creators Project, Julia Kaganskiy. Sabendo que eu era Motion Designer, ela me perguntou se eu estaria interessada em cobrir o campo.(Fiquei pirada!) A partir daí, escrever sobre o Design expandiu e logo comecei em outros blogs.
A confiança como escritora tem sido de grande ajuda para atuar diretora. Uma linguagem clara e eficiente é fundamental para tudo, desde tratamentos expansivos até emails rápidos.
LL – Os Motion Designers têm uma ampla gama de técnicas, áreas de conhecimento e softwares para dominar. Alguns preferem ir profundamente e se especializar em apenas uma ou duas coisas. Outros preferem ser mais flexíveis. Você tem algum conselho para jovens profissionais lutando para manter seu foco entre tantas coisas interessantes para dominar?
EG – Estou nessa corda bamba ainda. Meu conselho é tentar ser honesto consigo mesmo, em termos do que o interessa profundamente, embora reconheça que a evolução pessoal é, na minha opinião, uma parte necessária de ter uma longa carreira neste negócio.
LL – Você também criou um game legal! De onde veio a idéia? Você tem interesse em fazer mais jogos?
EG – Eu vi nos games uma forma atiçar a curiosidade e aprender um novo conjunto de habilidades. O Specimen surgiu de uma parceria amigável que tive com um desenvolvedor de iOS: Sal Randazzo. Anteriormente, trabalhávamos em alguns aplicativos por diversão – mas ele estava especificamente interessado nos desafios de programação que acompanhavam a criação de jogos. Nós decidimos fazer um game sobre cor para atrair restrições criativas mais limitadas para nós mesmos. As estranhezas da percepção de cores também podem atrair um público que pensamos conhecer bem: Designers.
Tenho interesse em fazer outros jogos, apesar de saber agora o quão difícil e abrangente o processo pode ser. Inexperiência pode ser uma vantagem poderosa.
LL – Infelizmente, não é muito comum ver mulheres no campo do Motion Design. Por que você acha que isso acontece? Já sentiu que as coisas eram um pouco mais difíceis para você, profissionalmente, por ser mulher? Você acha que devemos ter uma presença feminina mais forte na indústria, ou que isso não é algo com o qual devemos nos preocupar?
EG – Curiosamente, ouvi dizer que a proporção de homens e mulheres no Motion é de 50/50. E, de acordo com esta publicação, as mulheres superam em número os homens nas escolas de arte.
Para mim, a questão é por que não há mulheres mais visíveis? Em outras palavras, por que não há mais mulheres em cargos de liderança criativa? A resposta é complicada. Na minha opinião, estes são três grandes fatores:
Primeiro: apesar de ser um clichê, vi mulheres jovens ou com mais experiência subestimarem seu próprio trabalho. Conheço muitos homens que são inseguros tal qual(quem nunca?), e são reticentes ao negociar. Mas, como alguém que salta de um lado para o outro, sendo contratada e fazendo a contratação, fiquei espantada com a frequência com que as mulheres não conseguem pedir mais: seja mais responsabilidade ou mais dinheiro. Minha esperança é que as mulheres se sintam mais encorajadas.
Segundo: olhe para os maiores estúdios americanos que representam e promovem abertamente diretores em seus sites. Em uma lista de mais de 20 criativos, apenas 1 ou 2 da lista – quando muito -, serão mulheres solteiras que atuam como diretoras. Talvez subamos isso para 3-4 mulheres, se incluirmos Direção de Equipes. Mas, em geral: ouch! Isso é realmente o que a meritocracia produz?
Não é como se propaganda fosse apenas vender produtos masculinos para homens. (Ou que as mulheres não são capazes de fazer anúncios segmentados para homens). Publicidade muitas vezes tem que falar com uma ampla rede de pessoas. Eu me pergunto: quanto de se arriscar sobre um novo talento se resume a gostar-do-que-vejo-para-gostar? Eu não estou em vendas, mas, em última instância, vejo o não abraçar a diversidade como desvantagem comercial. E a minha esperança é que estúdios que procuram fazer o melhor trabalho, percebam – dentro de seus interesses -, que encontrar e promover um número mais diversificado de líderes criativos é bom.
Um terceiro fator importante, e uma discussão que, felizmente, ouço mais frequentemente, é sobre como ter filhos pode impedir o avanço da carreira para mulheres; mas não necessariamente para os homens. Este é um assunto complexo e muitas vezes pessoal, que tem muito a ver com expectativas sociais profundamente enraizadas. É também um assunto particularmente complicado para pequenas empresas. Não finjo aqui ter respostas ou mesmo compreender completamente os detalhes, vou apenas dizer: fico feliz que a flexibilidade em termos de trabalho parece expandir-se.
Se queremos que as coisas mudem, acho que tem de vir de uma variedade de pontos diferentes, e não apenas um. Pessoalmente, quero uma carreira que se encaixe nas muitas fases da minha vida – bem como o melhor trabalho possível que continuará a inspirar e ajudar. Não deveríamos todos querer isso?
LL – Quais foram os maiores desafios para você, como PepRally, quando começou e quais são eles atualmente? Algum plano legal ou ideias para o futuro que gostaria de compartilhar conosco?
EG – O maior desafio é sempre de escala. Se eu crescer mais de modo mais parmanente, posso assumir mais trabalhos potencialmente legais ou lucrativos. Por outro lado, o aumento de despesas gerais pode levar a comprometer a flexibilidade que tanto valorizo. Estou sempre indo e voltando nesse dilema.
Estou preparando alguns projetos no momento, mas nada que possa compartilhar ainda.
RAPIDINHAS
LL – Design ou animação?
EG – Design
LL – Mestre de seu próprio estilo ou flexível em muitos estilos?
EG – Comece com muitos, estreite o horizonte ao longo do tempo.
LL – 24 fps ou 30 fps?
EG – 24 fps com Posterize Time em um Adjustment Layer; então é 12fps.
LL – Smart TV ou Smartphone?
EG – Smartphone.
LL – Chá gelado ou limonada?
EG – Arnold Palmer!
O Layer Lemonade agradece imensamente a Erica Gorochow pela entrevista. Ficamos muito felizes e honrados em ter sua experiência compartilhada com a comunidade!