Um papo de profissional para profissional

Decidi escrever esse artigo após refletir sobre algumas experiências atendendo clientes que fechamos (ou não) projetos no Supernova Duo, e a partir disso constatar como a nossa percepção de mercado pode ser distorcida e moldada da maneira errada, quando nos baseamos na opinião de colegas da área, ou não entendemos a nossa posição como profissionais de Motion. Vale comentar também que as reflexões desse post não são exclusivamente dedicadas aos profissionais de animação, pois trata-se de postura.

É muito comum aos iniciantes da área de Motion sentirem uma grande empolgação quando começam a ser procurados para possíveis projetos. Falo isso baseado nas minhas próprias experiências e sentimentos da época em que estava iniciando os estudos no After Effects, e só de cogitar a possibilidade de fechar pra um projeto, ficava muito empolgada e tudo o que desejava era que no final o cliente falasse “Sim” pro meu orçamento; mesmo achando o prazo sugerido bem apertado, a proposta não tão boa, ou aquele medo de ter cobrado muito caro (quando na verdade não era nem perto do mínimo justo) e o cliente declinar a proposta. Mas afinal, qual o nível de autoridade que temos diante de uma proposta e de um cliente?

Postura profissional e o medo de dizer não

Um paradigma que deve ser quebrado o quanto antes é o de que, de alguma forma, estamos em níveis abaixo do cliente que chega até nós; que tudo que o cliente pede e diz é lei, fixo e final, pois a primeira reação de uma pessoa com pouca maturidade sobre o mercado, é receber uma proposta com prazo vencido e logo pensar: “vou ter que virar a noite fazendo esse projeto”.

Não, você não deve virar noites pra entregar um projeto se a deadline não for boa, até porque é muito comum recebermos prazos fantasmas para trabalhar, ou seja, prazos irreais, e isso ocorre tanto para quem é freelancer quanto pra quem trabalha fixo, porém, quando estamos em uma posição fixa em algum estúdio, produtora ou agência, se torna mais difícil bater de frente e contestar prazos, pois a pipeline é diferente e envolve muitas pessoas até chegar ao cliente final. Nesse caso, ser freelancer é uma vantagem, pois você consegue de forma mais autônoma exercer sua autoridade como profissional.

Tendo isso em mente chegamos ao ponto chave desse artigo! Como comentado anteriormente, o que o cliente pede não é fixo e final, ou seja, você não é obrigado(a) a aceitar qualquer imposição que venha da parte dele(a). Você como profissional e prestador de serviços, deve saber se impor diante do que os clientes pedem, tudo é passível de conversa e negociação, e engana-se muito quem acha que ter tais atitudes na negociação de um projeto de alguma forma “pega mal” ou te fará ser mal visto no mercado; muito pelo contrário, isso te torna mais profissional e o cliente vê isso com bons olhos!

Prazos

Ninguém é obrigado a aceitar ou negar logo de cara um prazo proposto para determinado projeto. Se o prazo for absurdo e te fizer pensar que terá de trabalhar de maneira abusiva ou te impedirá de entregar um bom trabalho final ao cliente, é totalmente aceitável que você converse, explique e apresente prazos mais reais para aquilo que está sendo proposto, levando em conta o escopo do projeto. Clientes que estão sem tanta pressa tendem a considerar o que está sendo dito e, se for possível para eles, aceitarão esse prazo novo, até porque urgência tem ligação direta com preço mais alto. Se não tiver jeito essa proposta já chegou com o prazo vencido para você, a melhor opção é deixar pra próxima.

Orçamentos

Assim como falamos em negociar prazos, você deve buscar negociar orçamentos com seus clientes também. E quando eu digo negociar, não é baixar o preço e entregar o mesmo que foi proposto mas cobrando menos; e sim você explicar ao seu cliente que pelo “desconto” que ele está pedindo, alguns elementos e exigências terão de ser retiradas do produto final, assim como mudança nas técnicas podem ser sugeridas para que seja possível baratear o orçamento final.

E lembre-se, nunca dê desconto a novos clientes, deixe esse possível “agrado” para clientes mais fiéis e que buscam o seu serviço com frequência. Se desde o início você mesmo desvalorizar o seu preço, dificilmente (e muito dificilmente) clientes recém chegados aceitarão receber orçamentos com valores mais reais por aquilo que estão pedindo.

Tempo de carreira gera maturidade

A tão almejada experiência de mercado virá com o tempo de carreira e com ela a maturidade também. Conforme você fizer projetos e atender clientes, ganhará know-how, terá mais confiança, conseguirá elaborar orçamentos e renegociar valores e prazos com mais facilidade.

A palavra confiança é uma das chaves para o sucesso na nossa indústria. Tenha desde o início em seu mindset ser uma pessoa confiante. Confie na sua capacidade como profissional e na qualidade do seu serviço para pôr em prática o que foi abordado nesse artigo, tenha autoridade e fale com firmeza ao negociar e conversar com seus clientes. Muito inverso do que muitas pessoas acham e dizem, ter essa postura profissional só lhe trará frutos e é isso que determinará o tipo de cliente que você vai e deseja atrair.

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